OPINIÃO

Temos estadistas? Doloroso, mas verdadeiro. Não temos

Quem apontaria a bússola para a caminhada? Em toda empreitada, um timoneiro precisa estar presente. Os que se exibem ao cargo desconhecem claramente as regras da boa navegação.

OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS
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OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS
Publicado em 03/05/2022 às 0:00 | Atualizado em 03/05/2022 às 11:35
NELSON ALMEIDA/AFP E ALAN SANTOS/PR
Lula e Bolsonaro lideram as recentes pesquisas de intenção de voto - FOTO: NELSON ALMEIDA/AFP E ALAN SANTOS/PR
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Quando paramos para analisar o cenário em nosso país, claramente conturbado, buscamos justificativas para as dificuldades nos confrontos ideológicos, na corrupção endêmica, no avanço do populismo, na economia impactada pela pandemia, na pouca educação da população.

Como desgraça pouca é bobagem, também na divisão maniqueísta entre o nós e o eles promovida por grupos e lideranças desprovidas de senso de unidade.

Desculpas não nos faltarão.

Decerto, são fatores contribuintes para patinarmos há anos na construção da estrada que nos levaria ao desenvolvimento, com bem-estar social e madureza democrática.

Quaisquer que sejam os desafios conjunturais, e vê-se que são muitos, será preciso fazer uma decomposição do todo, identificar o mais impactante e dirigir as forças para atacá-lo. Um atributo que só os verdadeiros líderes possuem: determinação.

Quem apontaria a bússola para a caminhada? Em toda empreitada, um timoneiro precisa estar presente. Os que se exibem ao cargo desconhecem claramente as regras da boa navegação.

A história nos regala com exemplos de figuras que se superaram para colaborar na libertação, na salvação, na união e na reconstrução de seus países e sonhos após catástrofes de todas as nuances - lideranças motivadoras.

Como Franklin Delano Roosevelt, que estabeleceu as políticas econômicas do New Deal, após o crack da bolsa de valores de 1929, salvando o seu país da falência.

Como Winston Churchill, em sua incansável luta por motivar o povo inglês, à beira da derrota diante da Alemanha nazista, na segunda guerra mundial.

Ou Nelson Mandela, após vinte e sete anos preso sob regime do apartheid na África do Sul, que se uniu para cicatrizar as feridas de sua gente justamente ao seu maior algoz, Frederik De Klerk.

Ainda Mahatma Ghandi, que levou a Índia a enfrentar o maior império do mundo na primeira metade do século 20, sem alçar armas, apenas pela força das ideias.

Alguns outros líderes caberiam nesta galeria de inspirações: Margaret Thatcher, Karol Wojtyla, Martin Luther King, Rondon.

Todos, figuras emblemáticas que fugiram das glórias pessoais do momento, embora as tenham conquistadas pela história, em benefício de seus liderados e de suas inspirações.

Voltemos ao Brasil e aos nossos problemas. Quando as cortinas do proscênio nos campos do poder se abrem não vemos ninguém que possa assumir o papel de nos liderar, aceitando sacrifícios.

Doloroso, todavia verdadeiro. Estadistas, não os temos.

Paz e bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão da Reserva

 

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