eleições 2022

O Brasil ainda tem futuro

Todos nós temos a chance de aceitar a pluralidade e conviver civilizadamente.

ADRIANO OLIVEIRA
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ADRIANO OLIVEIRA
Publicado em 30/10/2022 às 6:00
MAURO PIMENTEL/AFP
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) estão concorrendo à Presidência da República no segundo turno das Eleições 2022 - FOTO: MAURO PIMENTEL/AFP
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Hoje temos a oportunidade de reconstruir o conflito político. O governo FHC enfraqueceu a cultura inflacionária, modernizou o arcabouço fiscal e definiu políticas públicas para o combate à pobreza. Foram os méritos do governo de FHC que possibilitaram o surgimento do lulismo.

Lula, eleito presidente da República em 2002, mostrou forte capacidade de diálogo. Vendeu positivamente o Brasil para o mundo.

Dialogou com o PIB e movimentos sociais. Promoveu o consumo e a inclusão social. Equívocos ocorreram nas eras Lula, como o escândalo do Mensalão e os fatos trazidos pela exagerada Lava Jato.

A Lava Jato fez militância política seletiva e não mostrou as diferenças entre Caixa 2 e suborno de funcionários públicos.

Lula e FHC tiveram muitos méritos. A partir de 2013, o conflito político ganha intensidade e irracionalidade no Brasil.

Várias manifestações questionam o governo Dilma. Aécio Neves colocou sob suspeição o resultado da eleição de 2014. O impeachment de Dilma ocorre. O sucessor, Michel Temer, é alcançado pela exagerada Lava Jato.

As rejeições ao PT e a Lula foram ampliadas e reforçadas pela referida Operação. Em 2018, Bolsonaro vence a eleição e o bolsonarismo surge.

O governo Bolsonaro teve o mérito da reforma da Previdência. Deparou-se com a pandemia, um grande cisne negro. Mas faltou ao seu governo políticas sociais, olhar para os pobres, respeito às instituições, incluso a imprensa, e muito diálogo.

Parte do Brasil saiu da eleição de 2018 com muita raiva do PT. E o presidente Bolsonaro cuidou de alimentá-la. O presidente Bolsonaro sempre fez questão de mostrar que não suporta o PT e Lula; e todos aqueles que têm ou tiveram opiniões contrárias a dele, como Henrique Mandetta.

O conflito político na era Bolsonaro é exacerbadamente intenso. O Centrão o tolera, em razão de que tem benefícios legítimos.

O atual presidente da República não renuncia ao conflito, não suporta o contraditório, deixa claro que deseja ministros aliados no STF, desmerece a imprensa, não mostra disposição para governar para todos, independentemente da posição religiosa e ideológica.

Hoje, o Brasil tem a chance de voltar as eras FHC e Lula, onde conflitos políticos respeitosos existiam e o Brasil avançava. Os não bolsonaristas radicais também tem a chance de aprender a dialogar sem impor. Todos nós temos a chance de aceitar a pluralidade e conviver civilizadamente. O Brasil ainda tem futuro!

Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política e professor da UFPE.

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