
Anuncia João Alberto, em sua coluna DP, que, com a chegada do verão, chegam também os transatlânticos de luz que trazem turistas para os principais portos e cidades do Brasil. E com eles, dinheiro para circular em Pernambuco.
Sou nascido e criado na Bahia. Quem desembarca no Aeroporto Internacional 2 de Julho, no município de Lauro de Freitas, vizinho à Salvador, vai percorrer cerca de 36 km de praia até o centro comercial da capital, passando por Itapuã, Placa Ford, Piatã, Pituba, Amaralina, Farol da Barra e outras praias, curtindo as ondas vindas do mar. Não espanta, portanto, o meu fascínio pelo mar.
Meu pai, Carlos Koch de Carvalho, foi presidente da Companhia Baiana de Navegação, cujo chefe dos navios fazia uma rota do Recôncavo até Ilhéus, e eu me lembro ainda do nome de quase todos, entre eles Cachoeira, Nazaré e João dos Botos, um destroier da Segunda Guerra, transformado em navio de passageiro para viajar até Ilhéus. Era muito veloz, mas "jogava muito".
Se nosso Porto tivesse um calado maior, poderíamos receber embarcações maiores, mas não passamos de 8 metros. Quando menino, vi grandes transatlânticos aportarem no cais da Baía de Todos os Santos, principalmente na Segunda Guerra: o italiano e lendário Conte Grande, irmão mas menos famoso que o Conte Biancamano, o Neptúnia, o Oceania e o Queen Maria, irmão do Queen Elizabeth II, que transportava soldados ingleses para lutarem na África, desembarcaram nas docas e desfilaram, jogando o "vê" da vitória com os dedos, sob os aplausos da multidão.
Tenho saudade dos navios em que fiz pequenas viagens: o Itapagé, o Araraquara, o Dom Pedro II, o Vera Cruz, o Rosa da Fonseca, o Brasil e o Arlanza. Meu sonho é fazer um Cruzeiro no maior transatlântico do mundo, que ficará pronta em 2023, pelas Bahamas, mas isso, por enquanto, não passa de sonho.
Mesmo porquê não sou homem para viajar 12 horas ou mais de avião. A volta dos transatlânticos escalando no nosso porto além de trazer turistas e dinheiro para o Recife embeleza nossas águas costeiras, porquê nada é mais bonito do que um transatlântico singrando o oceano numa manhã de sol feericamente iluminado ou à noite sob o céu estrelado. Que o diga Liliana Falangola exímia comandante dos catamarãs recifenses.
Gostaria que João Alberto me mandasse sua extraordinária crônica sobre uma tempestade que ele enfrentou numa viagem no Queen Elizabeth II.
Arthur Carvalho, da Academia de Artes e Letras de Pernambuco.
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