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Lições de 2022

Incorporamos muitos avanços no tratamento de doenças graves, ao mesmo tempo que aprofundamos as desigualdades. O custo dos medicamentos impossibilita o acesso da maioria e o mundo precisa se mobilizar contra esse escândalo que mata muito mais do que a pandemia

SÉRGIO GONDIM
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SÉRGIO GONDIM
Publicado em 23/12/2022 às 6:00
FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
Ideia é que o imunizante apresente maior efetividade não somente contra a variante original do coronavírus, como também contra a Delta e a Ômicron - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

O Brasil perdeu a copa do mundo, mas aprendeu que nem sempre a melhor defesa é o ataque. Que é preciso treinar estratégia de jogo para bailar dentro de campo, muito mais do que se preocupar em ensaiar dancinhas vistas pela cultura de outros países como desrespeitosas.

Que todo jogo tem regras, as vezes prorrogação e pênaltis, mas não está previsto terceiro tempo, nem mesmo quando o juiz aplica muitos cartões amarelos e vermelhos, indicados só em casos de faltas graves. Ficou claro que é preciso reforçar a guarda pois ninguém imaginava que houvesse tanta gente disposta a infringir a lei, invadir o campo e bater no juiz, para tentar inverter o placar.

Aprendemos que, infelizmente, a tese da imunidade de rebanho no enfrentamento do SARS COV 2, estava equivocada. A vacina, apressada pelas circunstâncias, foi eficiente para dar fôlego e ter tempo para ser aperfeiçoada. Apesar da correria, milhões de vidas estão sendo salvas e mais poderiam ter sido. Que além de prevenir formas graves e fatais, precisam evoluir para proteger contra a infecção e evitar as sequelas misteriosas que ocorrem mesmo após doença leve.

E pensar que muita gente falou sério, acreditando e tentando fazer acreditar, que a finalidade de uma vacina era introduzir um chip para controle do DNA humano, como se a vida fosse um filme engraçado de ficção ou não existisse limite para bobagens sobre assunto sério. Um vírus novo requer humildade e muita pesquisa, não conclusões apressadas, pretenciosas e perigosas por parte de quem não estuda nada.

Incorporamos muitos avanços no tratamento de doenças graves, ao mesmo tempo que aprofundamos as desigualdades. O custo dos medicamentos impossibilita o acesso da maioria e o mundo precisa se mobilizar contra esse escândalo que mata muito mais do que a pandemia.

Organizações internacionais ficaram nervosas e abriram as portas do cofre quando um vírus infectou e matou indistintamente ricos e pobres. Se acometesse apenas os países pobres, ajudariam nos sepultamentos, mas as vacinas ainda estariam patinando na fase 1, esperando investimentos. O Brasil, em particular com o SUS, tem o desafio ético e moral de ampliar a distribuição dos avanços da ciência para salvar mais vidas. Quem discursa pela humanidade, ecologia e solidariedade, não pode ser complacente, agindo como bárbaros, quando se julgam elite.

Em 2022 Milton se despediu dos palcos para continuar no coração de todo mundo. Cantou e encantou com o mundo Bita. Caetano também. Já é possível ensaiar para o Galo da Madrugada e sonhar com os pequenos, Elisa e Diego, no Eu Acho é Pouquinho.

Perdemos Ricardo Paiva, Gal, Dr. Cyro, Erasmo, tanta gente, que acabou sendo um ano de muitas lágrimas, mas seguindo o caminho que traçaram, acreditando em um mundo de verdades e boas causas, trabalhando e cantando, teremos muito por fazer.

Um bom Natal para todos, um 2023 feliz, com SAÚDE!

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