A ministra do meio ambiente, Marina Silva, disse no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que no Brasil há 120 milhões de pessoas que passam fome, ou seja, 55% da população brasileira. Seria quase 15% dos mais de 820 milhões de pessoas que passam fome no mundo, e 62% dos 193 milhões que passam fome severa, segundo os dados do Índice Global da Fome (IGF) produzido pela ONG alemã Welthungerhilfe.
Não sei se a ministra agiu de má fé, ou se não estudou antes de ir para um evento de tão grande relevância.
No Brasil, estima-se que a população total seja de 215 milhões de habitantes. Segundo os dados do IBGE, 17,9 milhões vivem na extrema pobreza, o que equivale a 8,4% do total e não mais da metade da população.
O número de pessoas vivendo na miséria aumentou, é verdade, e na relação 2020/2021 esse crescimento foi na ordem de 50%. São quase seis milhões de pessoas a mais que passaram a viver com uma renda mensal per capita de até R$ 168,00.
A renda per capita do brasileiro, na média, também teve recuo na ordem de 11% entre 2019 e 2021, caindo de R$ 1.520,00 em 2019, para R$ 1.353,00 em 2021. Os dados mostram ainda que o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou em 22,7% na relação 20/21 e que 11,6 milhões de brasileiros passaram a viver com R$ 486,00 mensais.
Destacamos ainda que o país arrecadou em 2022 R$ 1,8 trilhões de reais em tributos, com aumento real de 7% em relação ao ano anterior. Que o Brasil possui um dos maiores PIBs do mundo, ficando na 13º posição entre as vinte maiores economias mundiais, praticamente empatado com a Rússia e na frente da Austrália, México e África do Sul.
Decisivamente o Brasil não é um país pobre, é um país desigual e esta desigualdade é consequência de desmandos políticos, corrupção, má gestão e falta de prioriedades.
A nossa produção agrícola bate recordes todos os anos. O agronegócio é uma das principais fontes de renda, de arrecadação tributária e de geração de empregos diretos e indiretos.
A estimativa no ano passado para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas foi na ordem de 270 milhões de toneladas, com variação de 7% a mais que no ano anterior (2021).
De acordo com o levantamento feito pelo governo federal no ano passado, foram 2,6 milhões de hectares a mais produzidos no país em relação a 2021, num total de 71,2 milhões de hectares de plantação.
Portanto, um país que produz muito alimento e rico em oportunidades.
A fome que temos é de falta de políticas públicas críveis de serem implementadas e boa gestão dos recursos públicos. O Brasil é um país rico, desigual, mas não é miserável e não está passando fome. A única fome é de bons governos!
José Maria Nóbrega, professor de Gestão Pública da UFCG.
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