OPINIÃO

Educar para cenário de competitividade global

Precisamos preparar as crianças e jovens para pensar, agir, interagir além das fronteiras, com as competências e habilidades inerentes a um cidadão competente globalmente. É a condição fundamental para uma nação ser competitiva globalmente.

EDUARDO CARVALHO
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EDUARDO CARVALHO
Publicado em 10/02/2023 às 0:00 | Atualizado em 10/02/2023 às 12:53
YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
Um dos desafios da educação é compreender e explorar o mundo; analisar cenários; comunicar ideias para diversas audiências - FOTO: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM

O WEF - World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial) define competitividade como um conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. O professor da Harvard Business School, Michael Porter, complementa a definição ao ressaltar "que um país competitivo deve gerar prosperidade para as empresas e os cidadãos".

O Fórum Econômico Mundial criou um relatório, na década de 80, e combinou dados estatísticos nacionais e internacionais com os resultados de uma ampla pesquisa de opinião, realizada com executivos. A pesquisa avalia as condições oferecidas pelo país para que as empresas locais tenham sucesso nos contextos nacional e internacional e, assim, promovam o crescimento sustentável e a melhoria nas condições de vida de sua população.

Na sua última edição, em 2019, 141 países foram avaliados em 103 indicadores, agrupados em 12 pilares. Singapura ficou em 1º lugar. Estados Unidos, Hong-Kong, Holanda e Suiça vêm na sequência. Essa classificação mostra que todos os países no topo do ranking têm uma característica marcante em comum: Apresentam excelente capacidade em nutrir, atrair e desenvolver talentos. E os países com os menores índices de competitividade caracterizam-se por terem instituições fracas, infraestrutura deficiente e educação de baixa qualidade. Lamentavelmente, o Brasil continuou longe do topo, ficando na 71ª colocação. Essa classificação atesta que o país sofre com a deterioração de fatores básicos para a competitividade.

O cenário atesta que os países competitivos globalmente têm sua economia baseada no conhecimento. São inovadores, capazes de criar e gerar produtos e serviços de alto valor, exclusivos, que são exportados para o mundo. Possuem sistemas educacionais com o propósito de preparar o aluno para a competência global.

Para ser Globally Competent (competente globalmente) o estudante precisa desenvolver competências e habilidades em quatro dimensões para: explorar problemas locais e globais; compreender e apreciar as perspectivas e visões de mundo de outras pessoas; engajar-se em interações positivas com pessoas de diferentes nacionalidades, etnias, religiões, e experiências social e cultural; e agir construtivamente para o bem comum e desenvolvimento sustentável. As quatro dimensões são interdependentes.

Conscientes da importância desta abordagem, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) considerou a competência global nas métricas da última pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que ocorreu em 2018. O modelo foi desenvolvido em parceria com Project Zero na Harvard Graduate School of Education. Foi composto de duas partes: cognitiva e pesquisa de background. A cognitiva avalia as capacidades do estudante de analisar os problemas globais, de modo crítico e de se comunicar em contexto interrcultural.

A pesquisa de background questiona a familiaridade dos estudantes com os problemas globais e avalia as habilidades linguísticas, de comunicação e atitudes de respeito a culturas diversas. A última pergunta aos estudantes é sobre as oportunidades que têm na escola para desenvolver a competência global.

A viabilização do processo, ocorre em escolas-laboratórios onde os estudantes aprendem conceitos, habilidades e cultivam valores. O currículo escolar enfatiza o desenvolvimento de projetos que motivem o aprendiz a compreender e explorar o mundo; analisar cenários; comunicar ideias para diversas audiências; e agir/atuar transformando as ideias em ações adequadas para melhorar/solucionar o problema definido. São instituições que investem em pesquisa, inovação e seus gestores e professores participam de redes globais de conhecimento.

Precisamos preparar as crianças e jovens para pensar, agir, interagir além das fronteiras, com as competências e habilidades inerentes a um cidadão competente globalmente. É a condição fundamental para uma nação ser competitiva globalmente.

Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow

 

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