A preocupação com diversidade, equidade e inclusão dentro das empresas se tornou algo mais constante de cinco anos para cá. No entanto, ao contrário do que muitos podem imaginar, a implementação desses fatores ainda é um desafio. É necessário ir além de entender a importância que esses pontos podem trazer para a credibilidade e reputação de uma marca, mas, efetivamente, implementar metas e compreender como isso pode trazer retornos positivos em curto, médio e longo prazo.
Nos últimos anos, o Brasil conheceu grandes marcas que começaram a promover ações de diversidade e inclusão na cultura organizacional, ampliando a representatividade de negros, mulheres, LGBTQIAP e pessoas com deficiência. Este é o caso, por exemplo, da Natura, marca brasileira que atua no setor de produtos cosméticos, que possui mais de 62% de mulheres em seu quadro de funcionários, sendo que 56% dos cargos de liderança são ocupados por elas.
Outro exemplo é a Creditas, startup brasileira do segmento de serviços financeiros, que em janeiro de 2020, tinha apenas 26% de profissionais mulheres na área de Produto e Tecnologia, hoje elas representam 40%. Já a Accenture, empresa multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, tem como objetivo equalizar a sua força de trabalho até 2025, com 50% de mulheres no quadro de TI. Esse não é um propósito que deve ser uma preocupação latente apenas nas grandes corporações, mas em todas as empresas, independente do tamanho ou setor.
A diversidade e a inclusão são, atualmente, o principal foco de quem deseja ter um grande diferencial competitivo no mercado. Ela é capaz de elevar o capital humano da organização, disponibilizando novas perspectivas e experiências distintas para soluções inovadoras, além do impacto positivo para a imagem da empresa, que passa a ser vista como comprometida com responsabilidade social, e não apenas com lucro. Por isso, não tenha dúvidas, a diversidade será o ponto de virada do seu negócio em 2023.
Antes de mais nada, é importante entender que, assim como qualquer objetivo que se deseja alcançar, é preciso ter planejamento e metas a serem atingidas. Desta forma, a diversidade e inclusão devem estar dentro do seu planejamento anual. Por isso, reflita e estude o que é necessário melhorar dentro da organização, quais são os pontos fortes e fracos, como alcançar melhores resultados e onde se deseja estar no final do próximo ano. Essas primeiras perguntas irão te guiar para um plano de ação que faça sentido e atenda às suas expectativas.
Após definir um planejamento - que seja possível -, é essencial começar a colocar em prática. Antes de apenas priorizar que as novas contratações contemplem minorias, por exemplo, é importante oferecer treinamentos internos para a sua equipe. Ou seja, deve acontecer uma mudança de dentro para fora: a sua empresa e os seus colaboradores precisam estar alinhados quanto a estarem em um ambiente livre de preconceitos, que todas as pessoas se sintam valorizadas e acolhidas.
Esses treinamentos acontecerão de diversas maneiras, e isso dependerá das necessidades e demandas de cada empresa. Pode ser que seja necessário uma revisão da linguagem usada, palestras sobre discriminação, até cursos sobre racismo e homofobia, por exemplo, e como isso impacta na vida de todas as pessoas e na história do Brasil.
Vale lembrar que este investimento - de tempo e dinheiro - tem levado as empresas a um lugar de destaque para consumidores, investidores e colaboradores. Além disso, já foi comprovado que empresas que investem em quadros mais diversos e se preocupam com a inclusão dos seus funcionários possuem um maior engajamento da equipe e começam a obter maior colaboração, já que profissionais que se sentem amparados pelo local em que trabalham, tendem a ficar mais à vontade para expor suas ideias e propor melhorias para os processos organizacionais.
Por fim, o resultado dessas mudanças será um clima organizacional de mais qualidade e, claro, o que interessa para qualquer negócio: o dinheiro. De acordo com o levantamento 'A diversidade como alavanca de performance', feito pela consultoria McKinsey & Company, organizações que investem em representatividade étnica tem 33% de chance de serem mais bem-sucedidas no mercado; já para aquelas que possuem ações de equidade de gênero, as chances de maior lucratividade são de 21%.
Esta jornada, necessariamente, passa por um trabalho árduo, contínuo e conjunto, pois não depende apenas do esforço das lideranças e do setor de Recursos Humanos (RH), mas de uma mudança efetiva de todos os colaboradores e da imagem da marca perante a sociedade. No entanto, este será o principal agente transformador para que a sua empresa alcance objetivos mais rapidamente e alcance voos antes inimagináveis.
Nadja Brandão, é Diretora Executiva da {reprograma}, iniciativa de impacto social que foca em
ensinar programação para mulheres em situação de vulnerabilidade social
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