A importância da identidade glorifica o homem. A cada dia, um novo amanhecer. Vale acreditar nos segredos interiores; assim, vamos caminhando ao longo da existência. Todos os impulsos surgem do íntimo. Não sei quem sou, mas acredito firmemente na energia do Ego.
Sinto-me feliz quando aceito as relutâncias sem tergiversar como se os passos da caminhada me alertassem para o advir, misterioso e incógnito. Então, o silêncio comanda o espetáculo. Mas vou adiante possuída de imensa timidez.
Desde muito cedo conheço a intensidade da dúvida. Por onde vou? Que direções seguir? Como equilibrar as hesitações que me rodeiam? Impossível responder. Melhor escutar os ruídos da alma.
Traço metas e, quantas vezes não as cumpro! Estarei sempre diante de várias hesitações. Creio que a humanidade é a mesma quando se fala no que há de íntimo em cada um. Existir é, de certa forma, um capítulo indefinido. Difícil lidar com nossos próprios anseios.
Todos estamos diante de várias montanhas e imensos precipícios. Melhor conviver com a inocência de modo a assumir os múltiplos caminhos. De um jeito ou de outro; em largas estradas ou indefinidas ruelas. Ou, sobretudo, na intensidade da introversão. Somos tão iguais e tão intensamente diferentes!
Contradição? Não, não. Absoluta asserção. O que importa é o diálogo mudo. Deixo-me envolver completamente pelo enigma: inabalável sensatez diante dos percursos diários. Impossível interpretar o indefinível. Somos todos iguais e intensamente únicos.
Tudo parece estranho quando falamos das nossas interioridades. O múltiplo possui inúmeras indagações. Quem sou eu para decifrá-las? Há um envolvimento completo de pluralidades. Não serei a única. Tenho certeza que na multidão sempre há divergências. E, assim, conhecemos a realidade do mundo. Ou apenas a descrevemos, jamais a traduzimos. Melhor acatar exuberantes versões; afinal, somos todos múltiplos e indefinidos.
Como escolher palavras para tantas divagações? Multiplicar-se-ão certezas que desconheço? Creio que não. São os nossos impulsos que nos levam às emoções. Resultamos daquilo que não sabemos. E o indefinido cresce em nome da inquietação. Seguimos adiante com as mesmas similitudes. Não existem definições exatas. Melhor acatar o involucro das controvérsias. Diante do espelho, o complexo se dilata sem timidez. E não há como ser diferente.
Fátima Quintas é da Academia Pernambucana de Letras
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