Na década de 60, o Governo de Pernambuco iniciou os primeiros estudos para a criação de um "super porto" no litoral pernambucano, capaz de atender às necessidades da época e criar novas demandas, bem como atrair indústrias para o seu entorno. Fruto destes estudos, foi criado, no final da década de 70, o Complexo Industrial e Portuário de Suape, tornando-se, hoje, o porto público mais estratégico do Nordeste, tendo em vista que 90% do PIB (Produto Interno Bruto) da Região encontram-se em um raio de 800 quilômetros do porto (SUAPE, 2023).
Bem mais afastada do litoral, localizada no Sertão pernambucano, particularmente no Vale do São Francisco, encontra-se, segundo dados de 2018, a região considerada a 3ª maior produtora de frutas do mundo: O polo frutícola do vale do São Francisco. Este núcleo destina mais de 90% da produção para o mercado exterior, destacando-se por ser uma referência em tecnologia para a produção de alimentos.
Dos velhos engenhos de cana-de-açúcar para se tornar um dos parques industriais mais avançados do mundo, a porção norte da Região Metropolitana do Recife (RMR), mais especificamente a cidade de Goiana, tem-se despontado no cenário nacional como um dos principais polos automotivos do país. Capitaneado pela Stellantis (fusão da Fiat Chrysler com a montadora PSA Group), a comumente conhecida fábrica da Jeep, o polo emprega atualmente mais de 13 mil pessoas em empregos diretos, promovendo uma verdadeira revolução na economia local. Destacando-se, ainda, por ser a primeira planta automotiva da América Latina a conquistar o selo Carbono Neutro em 2017.
Ainda na porção norte da RMR, encontra-se a Hemobrás, empresa âncora do Polo Farmacoquímico do estado, a qual, após a conclusão das obras, será a maior fábrica de medicamentos hemoderivados da América Latina, tornando o Brasil autossuficiente em diversos hemoderivados.
Outras regiões do estado também se destacam por possuírem vocações diversas, como é o caso do Polo Gesseiro do Araripe que, devido à existência de grandes reservas de gipsita, responde por aproximadamente 97% do gesso consumido no Brasil.
Há que se destacar o Polo de Confecções do Agreste, que se estabeleceu em torno das "Feiras de Sulanca" de Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e de Toritama, sendo considerado o 2º maior polo têxtil do Brasil. Impulsionado por projetos estruturantes por parte da SUDENE e por projetos estaduais, esta atividade industrial é responsável por milhares de empregos na região do Agreste pernambucano.
As vocações econômicas regionais apresentadas derivam de aspectos naturais, culturais e sociais. O perfil socioeconômico do Estado de Pernambuco é caracterizado em função da estrutura produtiva regional. Todavia, processos indutores, basicamente políticas públicas, que tenham reflexos em avanços tecnológicos, fomento a novos negócios e grandes projetos estruturantes podem transformar realidades locais, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
No segundo semestre de 2021, após estudos realizados em 16 cidades brasileiras, o Comandante do Exército Brasileiro decidiu pela implantação da Escola de Sargentos do Exército (ESE) na porção Oeste da RMR. Pela grandiosidade do projeto da escola, a ESE será um marco na mudança da realidade socioeconômica dessa região. A escola será construída na porção oeste do município de Abreu e Lima, influenciando diretamente em seu entorno (Araçoiaba, Camaragibe, Paudalho, São Lourenço da Mata e Carpina). Vale salientar que o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil (IDSC-BR), no âmbito do Programa Cidades Sustentáveis, enquadra, não só a cidade de Abreu e Lima, mas toda a região, como índices de desenvolvimento pouco favoráveis, caracterizando como um grande desafio para o atingimento das metas nacionais.
Os benefícios que advêm da decisão da instalação da nova Escola de Sargentos do Exército na porção oeste da RMR podem ser verificados em quatro dimensões que corroboram com a missão precípua do Exército Brasileiro, qual seja: "Contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais e cooperando com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social".
A primeira dimensão é a MILITAR. A escola proporcionará maior atratividade para a carreira militar, centralização da formação dos Sargentos de carreira do Exército e divulgação das origens do Exército Brasileiro na terra de belezas soberbo estendal. O Exército, desta forma, transferirá do eixo Sul/Sudeste para o Nordeste a formação de uma parcela substancial de seus quadros profissionais.
A dimensão AMBIENTAL será um dos legados com maior visibilidade. A escola consistirá em um empreendimento de baixo impacto ambiental, pois os estudos locacionais e relacionados à compensação ambiental possibilitarão contrapartida de projetos inovadores de recuperação de mananciais localizados na área da bacia hidrológica da escola, bem como a possibilidade de se criar corredores ecológicos conectando fragmentos florestais importantes para a biodiversidade local.
Quanto à dimensão ECONÔMICA, é incontestável que haverá um incremento na renda per capita da população, decorrente da obra de construção da escola e da chegada de servidores civis e militares para residirem na área da escola. Estima-se que serão injetados mais de 120 milhões de reais por ano em salários diretos. Já com relação à geração de empregos diretos durante a construção da escola, existe a previsão que sejam gerados 11 mil empregos diretos.
Outra razão para este incremento na economia é o próprio giro desta renda no comércio e prestadores de serviço locais. De forma mais ampla, a nova escola será um polo atrativo de novos empreendimentos, pois, atrelado a isso, haverá uma melhoria substancial da infraestrutura local, com a construção e requalificação de rodovias, melhoria dos serviços de transporte público, dentre outros benefícios advindos das contrapartidas do Estado de Pernambuco.
Por último, a dimensão SOCIAL. Uma instituição de Ensino Superior do porte da nova Escola de Sargentos do Exército mudará por completo o perfil da cidade de Abreu e Lima e do seu entorno. Instituições desta natureza possibilitam o desenvolvimento de parcerias e o envolvimento da população local em projetos educacionais e abrem um leque de oportunidades para o jovem que vislumbra na carreira das armas um futuro profissional.
A Escola de Sargentos do Exército será um dos maiores Estabelecimentos de Ensino Superior do Exército. Planejado para ser um empreendimento com diversos aspectos inovadores, representando um legado de modelos de instituição com elementos de sustentabilidade, não só para a Região Metropolitana do Recife, mas para o estado de Pernambuco e até para o Brasil.
Helder de Barros Guimarães, Cel R1 do Exército
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