OPINIÃO

Fim do monopólio é salutar

O caso das Americanas levantou o debate sobre a atuação das graandes empresas de auditoria.

CLÁUDIO SÁ LEITÃO
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CLÁUDIO SÁ LEITÃO
Publicado em 11/03/2023 às 0:00 | Atualizado em 11/03/2023 às 15:04
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"Os grandes bancos credores da Americanas, consideram o "evento" como a maior fraude contábil de todos os tempos". - FOTO: DIVULGAÇÃO

A crise financeira das Lojas Americanas S.A. (Americanas) foi deflagrada após a descoberta da maior fraude contábil da história corporativa do Brasil, que causou um buraco na ordem de R$ 20 bilhões e prejuízos não só para os pequenos investidores, mas, também, para os grandes gestores de fundos de investimentos que estavam desprevenidos e que tinham ações ou papéis de dívida da varejista na carteira.

Na época da aquisição desses investimentos, essas gestoras consideravam baixo o endividamento líquido, o histórico da varejista, as perspectivas dos seus negócios, o time de gestão e os três acionistas controladores, considerados os melhores gestores de negócios do País.

Além disso, os balanços foram auditados pelas principais empresas de auditoria, que não reportaram irregularidades relevantes durante as auditorias.

Os grandes credores, representados pelos bancos, sinalizam que há indícios de fraude contábil na descoberta de inconsistências, razão pela qual estão levantando provas para identificar os responsáveis pelas inconsistências contábeis anunciadas pela Americanas, que dobraram o passivo da varejista e que a fizeram a varejista pedir a Recuperação Judicial (RJ).

A RJ da Americanas, cuja dívida total já atingiu a cifra dos R$ 48 bilhões, deve impactar negativamente nos resultados dos bancos no curto prazo, uma vez que eles provisionaram os seus créditos a receber com a varejista.

Os grandes bancos credores da Americanas, consideram o "evento" como a maior fraude contábil de todos os tempos. Esse escândalo traz consigo a indignação acerca dos maus hábitos empresariais praticados há vários anos pelos controladores, conselheiros e diretores, que visaram a criação de um lucro artificial, para lastrear o pagamento de mais bônus aos executivos, bem como o incremento nos dividendos aos acionistas.

A CVM, criada com a finalidade de regulamentar e fomentar o mercado de capitais e de fiscalizar as companhias de capital aberto, abriu vários processos para analisar a conduta das empresas de auditoria, bem como está apurando a responsabilidade dos controladores, dos conselheiros e dos diretores pelos prejuízos causados ao mercado.

Além disso, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) instaurou um processo administrativo ético disciplinar para apurar e investigar a conduta dos profissionais envolvidos das empresas de auditoria, uma vez que não encontram menção em seus relatórios a respeito das inconsistências ou ressalvas e nem levantou dúvidas sobre os procedimentos adotados nas operações de "risco sacado".

Por isso, o mercado financeiro, os investidores e o público em geral estão aguardando o resultado da apuração das responsabilidades de todos os envolvidos. Esse ambiente de desconfiança existente no mercado, criado após a descoberta do escândalo contábil, cujos balanços foram auditados pelas grandes empresas de auditoria, trouxe novamente à tona a discussão sobre a concentração dessas empresas, a qual já é uma conhecida polêmica nacional e mundial.

Cláudio Sá Leitão, conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.

 

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