Pesquisas concluem que a corrupção é causada pelo mau-caráter do indivíduo, que é ganancioso, invejoso e vaidoso. E também cínico, orgulhoso e arrogante. Dinheiro, status, fama, poder são seus objetivos sempre. O filósofo e educador Mário Cortella, em entrevista, foi questionado se indivíduos com esse perfil são psicopatas. Disse que, considerar o caso no rol das doenças psiquiátricas, é inocentar uma corja que não deve. Concluindo, afirmou que é mau-caratismo mesmo. Diante disso, processos de seleção de pessoal para organizações de qualquer natureza jurídica devem ser norteados por "contrate bom caráter e desenvolva competências e habilidades".
A corrupcao é um virus que se prolifera e devasta uma sociedade. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a corrupção endêmica perpetua a pobreza, a ignorância, a péssima qualidade dos serviços públicos, a qualidade de vida da população. Do ponto de vista dos negócios, aumenta o custo de abertura e operação de uma empresa. A corrupção é um dos principais estímulos ao tráfico de drogas e armas.
É um problema global que afeta muitos países, mas, no Brasil, assume proporções alarmantes. Segundo o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) divulgado pela organização Transparência Internacional em 2022, o Brasil ocupa a posição 94ª entre 180 países avaliados. Isso significa que o país é considerado uma das nações mais corruptas do mundo, com 38 pontos em uma escala que vai de 0 a 100. O indicador do Indice de Percepção de Corrupção se mantém nesse patamar desde 2012, quando a organização implantou metodologia para a avaliação. O relatório do World Economic Forum - WEF 2019 (Fórum Econômico Mundial), entre os 141 países pesquisados, aponta o Brasil nas seguintes posições: eficiência do judiciário (120ª); crime organizado (132ª); burocracia (141º). Os indicadores do WEF também se repetem desde 2005, quando foi publicado pela primeira vez.
A corrupção histórica no Brasil é alimentada por uma série de fatores, além dos já indicados, tais como: impunidade, falta de confiança nos políticos, concentração de renda e poder. Numa sociedade desigual, como a do Brasil, a riqueza é concentrada em poucos indivíduos e muitos deles criam monopólios/oligopólios, corrompem políticos para instituir leis e aprovar projetos, controlam a imprensa, mantém a maioria da população mal-educada e dependente de assistencialismos, conseguem informações privilegiadas e subornam o judiciário. Muitos dos representantes, nas diversas instâncias do poder executivo, praticam o "toma-lá-dá-cá" . Oferecem cargos aos parlamentares em troca de aprovação de leis e projetos dos seus interesses. Quanto mais estatizada for a economia, mais poder para praticar a corrupção. Perpetuar-se no poder, pode ser sonho de alguns.
Essas práticas, corroem a democracia, e promovem a desordem e o atraso, instalando-se a cultura do "jeitinho", como escape para a maioria dos cidadãos e de muitas empresas conseguirem sobreviver diante da perversidade do sistema de poder do país. O "jeitinho" é uma prática informal, e muitas vezes ilegal, de resolver problemas cotidianos através de contatos pessoais e influências. Pode ser utilizado para furar filas, vencer a burocracia, obter favores, burlar leis e normas, em organizações públicas e também privadas. O sucesso depende de conexões de influência. Contribui para a corrupção, podendo também envolver propinas.
Para combater a cultura da corrupção e do "jeitinho" é essencial um esforço coletivo da sociedade, estimulado pelos poderes da república, nas instâncias federal, estadual e municipal, que devem comprometer-se com ações de tolerância zero com a corrupção, a exemplo do que ocorreu em outros países com corrupção endêmica.
Os fatos comprovam que a corrupção é a causa principal de todas as tragédias que mantém o Brasil pobre e com sistemas precários. Portanto, urge a sociedade civil se mobilizar para alcançar até 2030 a meta de corrupção zero. Ampliar a Agenda 2030 da ONU, na qual o Brasil é signatário, para 18 metas, sendo a Corrupção zero, a número 1.
Eduardo Carvalho, Autor do livro Por um Brasil digno
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