OPINIÃO

Reflexões sobre o turismo no Brasil

Primeiro, o turismo, no mundo, oscila à mercê das crises econômicas e, principalmente, de tragédias, quando assolam o destino

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ROBERTO PEREIRA

Publicado em 07/12/2023 às 0:00 | Atualizado em 07/12/2023 às 21:42
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No Brasil, lamentável é o fluxo do turismo internacional, que, antes da malsinada pandemia, ficou congelado na casa dos 6 milhões de turistas/ano, deixando chicletizado, por obviedade, o movimento financeiro decorrente.

O nosso país, apesar da existência de um Ministério do Turismo, ressente-se de políticas públicas para o setor. O turismo não é visto pelo visor da economia, da geração de empregos, diretos e indiretos, da geração de impostos, mas, sim, olhado - e visto - como moeda de troca no tabuleiro da politicagem, numa minimização da importância do turismo, das viagens e dos eventos.

Nos governos anteriores, desde 2011, o titular da Pasta do Turismo foi trocado, em média, a cada dez meses, num aviltamento daquele Ministério, que, à exceção do ministro, o primeiro da série, Walfrido dos Mares Guia, este, sim, longevo, competente e eficaz.

Qual o traçado no setor de marketing do destino Brasil? Até quando vamos continuar à deriva das estratégias tão necessárias à prática de um turismo autossustentável, sem falar que a imagem do Brasil, aos olhos do mundo, anda, de há muito, esgarçada pela violência, pela permanente onda de assaltos e sobressaltos e pelo vandalismo.

O atual cenário, portanto, é de insegurança e desconfiança. O presente momento induz ao associativismo, que é a palavra mágica do fazer turístico pluralizado.

Associativismo, já tive a oportunidade de dizer reiteradas vezes, foi o condão de "Porto de Galinhas. À época, presidia a Empetur quando o Estado vivenciou as agruras do cólera, que afetou aquele destino, quase ferindo-o de morte.

Muito me orgulho de ter lutado bravamente para reverter esse quadro desabonador. O milagre ganhou corpo e alma na sugestão que fiz aos empresários e líderes daquele destino, entre os hoteleiros e demais agentes da cadeia produtiva, a criação de uma associação. A ideia foi aprovada e brilhantemente posta em prática, tendo o seu primeiro presidente, Artur Maroja, que bem merece, do município Ipojuca, todos os encômios, inclusive o de ter o seu nome emprestado à inauguração, quando de uma obra pública para ser sempre lembrado por seus concidadãos e aos turistas que sempre vagueiam por aquele destino, e apreciam as suas belezas naturais e as manifestações artístico-culturais, que sempre acontecem por aquelas bandas benfazejas.

Maroja foi, com a sua pacífica liderança, o timoneiro da redenção daquele que viria a ser o melhor destino de Pernambuco para o mundo.

É sempre com nitidez e envolto numa suavidade turística que lembramos, a cada minuto, o postulado do turismo, a sua cláusula pétrea, que é: "O turismo é bom para a cidade se for bom para o cidadão que nela mora e vive."

Daí se depreende que o turismo é uma atividade inter e multidisciplinar. No destino, educação, saúde, limpeza, saneamento, sinalização, segurança e sensação de segurança, acessibilidade, animação cultural, cordialidade, capacitação ao "bem receber," principalmente entre os atores das atividades públicas, a exemplo dos guardas, dos garis, enfim todos ligados às tratativas com as pessoas, as da cidade, os visitantes e os turistas.

Receber bem, uma ternura aos que chegam com vontade de chegar!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).

 

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