Nanotecnologia e a vida cotidiana

O termo nanotecnologia vem do grego “nanos”, o significado é “anão” ou “muito pequeno” representa a capacidade tecnológica de manipular a matéria em tamanhos muito pequenos, na escala dos nanômetros (aproximadamente mil vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo). O potencial dessa tecnologia foi prevista em 1959 pelo físico Richard Feynman na palestra “‘Há muito espaço lá embaixo”. Segundo ele, haveria um momento em que a tecnologia conseguiria manipular coisas tão pequenas que faria a enciclopédia Britânica (com suas incríveis 2659 páginas) caber na cabeça de um alfinete. Mais de meio século depois e esta tecnologia está nos laboratórios, nos supermercados, em casa.

Hoje quase todos os curativos usam nanopartículas de prata, elas estão nas palmilhas dos sapatos e em sistemas de liberação controlada de agentes que atuam contra as infecções bacterianas, como nos filtros de bebedouros. Há nanotecnologia no creme dental, nas peças de carros que os tornam mais leves e resistentes, nos protetores solares. Nestes últimos, além das nanopartículas de óxidos metálicos, que impedem a radiação ultravioleta de atingir a pele, há também as nanoemulsões que permitem com que a ação do protetor solar dure mais. Embora estejamos mergulhados em dispositivos que usam a nanotecnologia, podemos afirmar que esta seja apenas a ponta do iceberg para incorporar novos dispositivos em nosso cotidiano. Há uma área da nanotecnologia chamada de vestíveis, hoje representado pelos smart watch, mas que tende a se expandir para todas as peças de roupas.

Com a nanotecnologia, as camisetas inteligentes poderão monitorar nosso batimento cardíaco, respiração e sinais vitais, serão integradas à internet e incorporarão as vezes do celular (para que dispositivos pesados se podemos projetar a imagem em hologramas ou em nos óculos?). As camisetas inteligentes não apenas controlarão a temperatura no corpo como também sendo autossustentáveis (gerarão a sua própria energia). Esta tecnologia de ponta fará com que as máquinas de lavar corram o risco de se aposentar (camisas inteligentes não sujam). E isso será um golaço em prol do planeta, pois quanto menos sabão jogamos no esgoto, mais favorecemos o ambiente. E esta é apenas uma das milhares de faces da nanotecnologia, que já promoveu uma revolução sem precedentes na eletrônica convencional, passou pelos fármacos, vem mudando os conceitos da indústria têxtil e promete trazer soluções ainda mais inovadoras em remediação ambiental.

Para salvar o planeta (de nós mesmos), precisaremos de muitos filtros nanotecnológicos que devolvam vida aos nossos rios. Para quem acha que tecnologia é algo indecifrável e feito por gente estranha, digo sem medo: os problemas do mundo industrializado, poluído e cheio de plástico serão resolvidos pela ciência. Mais especificamente por uma tal de nanotecnologia, esta jovem senhora que de forma delicada derrubou os muros que separavam física, química e biologia. Se ela já fez isso, imagine onde ela pode chegar.

Helinando Pequeno de Oliveira, vice-presidente da Academia Pernambucana de Ciência (APC) e professor titular da Univasf