Aprendizado global para melhorar o local

O cidadão global traz sempre na bagagem de suas viagens exemplos de melhores práticas internacionais para implantação na vida pessoal e profissional.

Publicado em 12/07/2024 às 0:00 | Atualizado em 12/07/2024 às 8:26

"Viajar é ótimo" é o título do livro do médico Oscar Coutinho Neto. Viajar para outros países pode ajudar a compreender como o mundo funciona; aprender sobre sistemas urbanos e suas histórias; vivenciar outras culturas; degustar a gastronomia; apreciar eventos culturais; conhecer museus, instituições educacionais e símbolos históricos e culturais da cidade.

Para isso acontecer plenamente é necessário que o cidadão defina o propósito da viagem, pesquise sobre país (es) e cidade (s) que planeja visitar. Durante a jornada, interagir com nativos da cidade nos diversos ambientes que frequente, circular em transporte público, caminhar observando as sutilezas da cidade, fotografar e filmar curiosidades enriquecem a viagem. Buscar conhecer como o sistema político, social e a economia funcionam ajuda a compreender a cidade. Enfim, transforme a viagem turística numa oportunidade de aprendizado e prazer, para evoluir pessoal e profissionalmente.

Já tive oportunidade de conhecer muitos países, inúmeras cidades. Aprendo e rejuvenesço em cada viagem. Nos Estados Unidos residi e fiz frequentes viagens ao país com o objetivo de aprender sobre as melhores referências educacionais e práticas administrativas. Entretanto, nas duas últimas décadas, a globalização se intensificou. Organizações internacionais promovem eventos educacionais, culturais e profissionais nos vários continentes, atraindo cidadãos do mundo. Despertar para outros países, tornar-se um cidadão global, é fundamental para inovar organizações públicas e privadas. Em organizações educacionais, compartilhar os conhecimentos adquiridos para ampliar a visão da equipe e alunos deve ser sempre o objetivo. Com essa visão, uma organização pode tornar-se referência internacional. Modelo que poderia ser implantado em escolas públicas brasileiras, mas não há interesse. Esse desinteresse em reproduzir as melhores práticas internacionais ocorre também em sistemas público de educação superior, saúde, transporte, governança, entre outros.

O cidadão global traz sempre na bagagem de suas viagens exemplos de melhores práticas internacionais para implantação na vida pessoal e profissional. Muitos são expostos em palestras, debates, artigos publicados em jornais e redes sociais. Entretanto, lamentavelmente, a maioria dos gestores públicos e políticos viaja internacionalmente, mas não se interessa em implantar no Brasil. São inovações, muitas vezes simples de implementar que poderiam melhorar a vida dos cidadãos, a democracia e a competitividade do país. Quem conhece essas referências, questiona muitas das prioridades definidas pelos gestores públicos brasileiros para gastar o dinheiro dos cidadãos. Agem assim, porque a maioria da população não tem a referência do mundo desenvolvido e, quem conhece, limita-se a apontar casos em redes sociais ou conversas em pequenos grupos, se acomodando com o mal-feito ou o não feito. Há um sentimento claro de que as ações são para fins eleitoreiros. Obras são prometidas no período de eleição, muitas vezes iniciadas e esquecidas até a próxima campanha eleitoral. É dinheiro do cidadão jogado no lixo.

Isso ocorre porque temos um sistema em que o cidadão não tem acesso aos gestores e legisladores, que também não são transparentes para o povo que os elegeu. Os "políticos" se isolam nos seus feudos, ou participam de atos em que o cidadão comum não tem oportunidade de debater os problemas da cidade/estado/país, nem ter voz para sugerir melhorias. Vemos claramente em nosso estado que inexiste uma parceria verdadeira entre a governadora, prefeito de Recife e Câmaras Estadual e Municipal. Enquanto não se conscientizarem da necessidade de unir forças em prol do devolvimento do estado, com valores no fiel da balança, a economia continuará estagnada, a miséria e violência crescendo e os problemas graves continuarão sem solução.

Em Recife, por exemplo, há problemas crônicos que são ignorados por prefeitos. O sistema de drenagem, em muitos locais, não resiste a uma chuva. Inundações causam transtornos de todo tipo ao cidadão e a economia da cidade. Esgoto jorra nos rios e canais, consequentemente, o transporte fluvial, que poderia aliviar o trânsito caótico da cidade, é inviável. Sem perspectiva de melhorar. Ruas e avenidas são esburacadas e, em muitos locais, o recapeamento asfáltico é de péssima qualidade. Para agravar consertos são feitos em horários de grande fluxo de veículos e a conclusão é demorada, dificultando ainda mais o trânsito congestionado. O transporte público, ônibus e metrô, atende mal e apenas a população de baixa renda. Motos e bicicletas se entrelaçam entre outros veículos provocando acidentes. No centro da cidade há inúmeros imóveis abandonados. Lotes de fios são pendurados nos postes, tornando a cidade feia. Hospitais públicos são decadentes. Presídios desumanos. Praia com acesso restrito por existência de tubarões e os cidadãos suscetíveis a assaltos em plena luz do dia.

Esse conjunto de problemas foram solucionados em muitos países. No entanto, requer vontade politica para fazer acontecer com planejamento supra partidário, sendo dado continuidade independente do partido do prefeito. Daqui uns dias se inicia a campanha para prefeito e vereadores. Olhem em volta para os problemas da cidade. Não se deslumbrem com promessas nem com obras para tirar o foco deles!

Eduardo Carvalho, Autor do livro 'Por um Brasil Digno'

 

Tags

Autor

EDIÇÃO DO JORNAL

capa edição

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

LEIA GRÁTIS

NEWSLETTER

Faça o cadastro gratuito e receba o melhor conteúdo do JC no seu e-mail

ASSINE GRÁTIS

Webstories