Artigo de Arthur Carvalho: Baviera tropical
O ditador Juan Domingo Perón, fã do Terceiro Reich, criou condições necessárias para acobertar a fuga e a vinda de nazistas para as planícies platinas
Encerrada a Copa América recentemente, leitores perguntaram por que os jogos da Eurocopa são “limpos”, sem faltas desleais, reclamações aos árbitros e confusão nas arquibancadas, e todas as partidas disputadas pela Argentina têm catimba, entradas criminosas, coação e reclamação aos juízes e toda espécie de baixaria.
Assisto a jogos da Argentina desde 1942, pelo Rádio Philco Transglobo de 12 válvulas, alemão, orgulho de meu pai. Vi grandes jogadores argentinos como Pontoni, Boye, Di Stéfano (muito melhor que Messi) e a ala esquerda espetacular, Labruna e Lostau, do River Plate, e a La Máquina.
Eles foram craques extraordinários, mas desleais. E continuam desleais até hoje. Então, tá no seu DNA - quem puxa aos seus, não degenera. Famoso cirurgião pernambucano me dizia que, como herdamos geneticamente o nariz e as orelhas dos nossos antepassados, herdamos o caráter e o temperamento. Nossos traços genéticos vêm do indígena, negro e brancos colonizadores.
Em seu livro Baviera Tropical, recentemente lançado, Betina Anton lembra que, no campo de concentração de Auschwitz, Mengele ficou conhecido pelas atrocidades contra os prisioneiros, que se tornaram cobaias de suas experiências médicas, cuja crueldade supera a compreensão humana, e que Mengele era obcecado por testes com irmãos gêmeos que terminavam mortos ou mutilados.
Pois bem. Após a guerra, Mengele e os oficiais alemães vieram se refugiar no Cone Sul, em especial na Argentina, para reforçar o coro dos que nos chamam de macaquitos. Mengele morreu afogado no Brasil. Hitler dizia que, logo depois de ganhar o conflito, iria baixar na América do Sul “para instalar um governo sério e civilizar aqueles selvagens.”
Não precisou o Führer ter trabalho. O ditador Juan Domingo Perón, fã ardoroso do Terceiro Reich, criou as condições necessárias para acobertar a fuga e a vinda de nazistas para as planícies platinas, com direito a jogar no La Bombonera.
A professora Betina Anton diz no seu livro que “Não à toa, a Argentina tornou-se uma das principais portas de entrada e território de nazistas fugitivos.” E Javier Milei ter chamado o conterrâneo, Papa Francisco, de comunista e Lula de corrupto. O Rio de Janeiro continua lindo. A Baviera Tropical continua a mesma. A velha catimba, também. Infelizmente.
Arthur Carvalho, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)