OPINIÃO | Notícia

Não devemos ficar encastelados

A presença ativa e a escuta atenta são ferramentas poderosas para qualquer gestor. Ao dialogar com as pessoas, podemos coletar informações valiosas.

Por RICARDO PAES BARRETO Publicado em 20/09/2024 às 0:00 | Atualizado em 20/09/2024 às 7:21

Não é de hoje que defendo um Judiciário mais próximo da população, mais humano e atento às demandas do povo.

Nos últimos meses, fiel à minha ideia de uma Justiça sempre acessível, venho intensificando a presença do Tribunal de Justiça de Pernambuco em todas as regiões do nosso querido Estado.

Como corregedor-geral da Justiça, em 2022 e 2023, a nossa gestão já vinha participando ativamente dos chamados Encontros Regionais, ocasião em que servidore(a)s e magistrado (a)s se reúnem para debater iniciativas que possam tornar o Tribunal mais eficiente. Foi uma experiência notável.

Há sete meses como chefe do Judiciário estadual, reforço meu pensamento de que ao gestor público é imprescindível ir ao encontro das pessoas aonde elas estão. Há muito que o papel do magistrado não se limita a apenas à tarefa de julgar. Claro, julgar é sua principal atividade. Mas também é preciso enxergar a nossa gente, saber ouvi-la, entendê-la em suas circunstâncias em seu tempo e lugar.

A aproximação humaniza e gera sensibilidade e a sensibilidade nos diferencia das máquinas.

Nem julgador nem gestor deveriam ficar encastelados, restritos aos seus gabinetes.

Minha natureza, por exemplo, clama por encontros e reencontros com as pessoas, com os nossos jurisdicionados. É o que venho fazendo. É o que sempre farei.

De janeiro a setembro deste 2024, revisitei o meu amado e sofrido Sertão, percorri as ruas do nosso lindo Agreste, voltei à histórica Zona da Mata. Os municípios do Grande Recife, com sua complexidade e adensamento populacional, são parte da minha rotina.

Cada região tem suas peculiaridades e necessidades específicas, e é meu dever como presidente do Tribunal garantir que essas questões sejam compreendidas e encaminhadas de maneira adequada.

As reuniões têm me proporcionado uma visão mais clara dos desafios enfrentados pelas comarcas e das oportunidades para melhorias no nosso sistema. A proximidade com a realidade local tem sido fundamental para que possamos implementar mudanças que realmente atendam às urgências e desejos de todos.

Não são apenas visitas de cortesia para fotografias e tapinha nas costas. Nossas reuniões com servidore(a)s, juíze(a)s, líderes empresariais, entidades de representação de trabalhadore(a)s são uma espécie de audiência pública, onde falas são garantidas e compromissos acertados.

A presença ativa e a escuta atenta são ferramentas poderosas para qualquer gestor. Ao dialogar diretamente com as pessoas, podemos coletar informações valiosas e assegurar que nossas ações estejam alinhadas com as expectativas da nossa população. Só assim construiremos um Judiciário mais aberto e sensível às demandas do povo.

Ricardo Paes Barreto, presidente do TJPE

 

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