OPINIÃO | Notícia

Como eram as eleições com cédulas de papel

Até 2000 as apurações eram com cédulas de papel a muitas polêmicas. E proximo domingo, dia 6 de outubro, teremos novas eleições......

Por JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL Publicado em 04/10/2024 às 0:00 | Atualizado em 04/10/2024 às 6:52

Desde 2000 as eleições brasileira são realizadascom urnas eletrônicas, um sistema criado no Brasil e considerado o mais seguro do mundo. Várias tentativas de desacreditar sua segurança foram feitas, sem sucesso. Antes o pleito era feito usando cédulas de papel. Foi o método que os brasileiros votaram desde a Proclamação da República, em 1889.

No final do século 19, os votos passaram a ser abertos e tinham bastante influência dos comandantes políticos locais, chamados de "coronéis". As eleições brasileiras começaram a se democratizar a partir de 1945, quando o país restabeleceu a Justiça Eleitoral, extinta no período do Estado Novo, com Getúlio Vargas. Na época, os partidos já faziam parte do jogo político e participavam ativamente do processo.

Até 1955 as cédulas de papel eram impressas e distribuídas pelos próprios candidatos. Foi quando a Lei 2.582 criou a cédula única de votação para as eleições de presidente e vice-presidente da República. Juscelino Kubitschek foi o primeiro presidente eleito com as cédulas oficiais do TSE, em 3 de outubro de 1955. Em 27 de julho de 1962 foi promulgada a Lei nº 4.109, que oficializou cédulas de papel para todas as eleições.

As cédulas de papel eram depositadas em urnas espécies de baús confeccionadas em madeira em vários formatos.. Eram bastante pesados, tinham uma abertura na parte superior, onde as cédulas eram depositadas, e outra a parte inferior, onde eram retirados, para a apuração. Para garantir que os papéis ficariam no local, havia uma fechadura. Depois, pensando em um melhor manuseio e transporte, as urnas começaram a ser fabricadas com lona branca. Foram utilizadas até 1974 e tinham fechamentos com zíper e um sistema de lacre com selo de chumbo.

Algumas pessoas que viveram o período eleitoral das cédulas de papel dizem que aquelas eleições eram mais seguras, mas isso não passa de um mito. A verdade é que o voto escrito era bastante suscetível a fraudes dos mais variados tipos. Uma das mais conhecidas eram "urnas grávidas". Os fraudadores depositavam cédulas já preenchidas na urna, fazendo com que elas já estivessem cheias antes mesmo de estarem à disposição dos eleitores.

Além das falcatruas, as cédulas de papel permitiam um movimento bizarro. Como era possível escrever o nome do candidato muitas pessoas protestavam ou simplesmente tiravam um sarro do processo eleitoral votando em celebridades ou até animais. Um caso que representa esse fato foi o da quase "eleição" do Macaco Tião. O chimpanzé morava no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro e se notabilizou pelo comportamento agressivo, tendo chegado a atingir o rosto do ex-prefeito carioca Júlio Coutinho com areia. O tabloide "Casseta Popular", formado por humoristas que depois criaram o "Casseta & Planeta", lançou a candidatura do macaco a prefeito do Rio de Janeiro. Teve 400 mil votos e ficou em terceiro lugar.

Outra história famosa foi a "eleição" da "Cacareco", uma rinoceronte fêmea, a vereadora de São Paulo. Recebeu quase 100 mil votos em 1959, o que teoricamente lhe garantiria uma cadeira na Câmara paulistana. Em 1959, uma seleção formada exclusivamente com jogadores de Pernambuco, representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano no Equador, ficando em terceiro lugar. Com a conhecida posição contra os nordestinos, os paulistas apelidarem a seleção pernambucana-brasileira de "Cacareco", o que foi adotado, como deboche, pelos jornais e emissoras de rádio e televisão.

Além das fraudes e das brincadeiras, as cédulas de papel foram substituídas porque ofereciam problemas de acessibilidade para o povo. Eleitores analfabetos e deficientes visuais, por exemplo, eram praticamente excluídos do processo democrático e só conseguiram exercer a cidadania plena com as urnas eletrônicas, que oferecem fones de ouvido, braile e outros recursos.

João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto  no Social 1

 

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