Uma história bonita

Ney foi eleito deputado federal e seu primo Zinho entrou no ramo de bares, restaurantes, boates e inferninhos em Recife e Olinda.

Publicado em 23/10/2024 às 0:00 | Atualizado em 23/10/2024 às 13:42

Terminado nosso debate no programa de Geraldo Freire, o comunicador do século, na Rádio Jornal do Commercio, convidei Ney Maranhão para almoçar no Bar de Geraldo, ele não iria por estar de regime prescrito por seu amigo Li Qiang, Primeiro-Ministro da China. Tirou da carteira de cédulas o cartão de visita do Chinês e me mostrou - "Quando você quiser conhecê-lo pessoalmente, eu lhe levo a Pequim e apresento a ele". Pelo sim, pelo não, digo-lhe que o almoço será bode guisado com fava, batata e farofa matuta, e ele: "Oxente! Vamos agora mesmo."

No almoço, recordamos as belas vedetes do Teatro Rebolado do carioca Walter Pinto, do gaúcho Carlos Machado, "O dono da noite" do Rio, e do paulista Zilco Ribeiro. Ney teve um romance rocambolesco com Anilza Leone, e eu, um chamego com Nélia Paula, o corpo de mulher mais bonito que conheci, ela que me foi apresentada por Norbert, quando a companhia de Zilco fez temporada no Cineteatro Oceania em Salvador, em 1958.

O pai de Ney tinha o monopólio do fornecimento da carne em Pernambuco. Sofreu um pequeno abalo econômico quando a frota de navios pesqueiros japoneses passou a vender albacora, peixe popular, no Nordeste, com quilo barato. Ainda jovem, Ney foi eleito deputado federal e seu primo Zinho entrou no ramo de bares, restaurantes, boates e inferninhos em Recife e Olinda. Fui cliente de seu famoso Canavial Drinque's, na Praça do Sebo, que apresentou durante muito tempo os maiores artistas de palco e rádio, cantores e compositores, que vinham se exibir na nova e luxuosa TV Jornal do Commercio. No Canavial, conheci Elizeth Cardoso paquerando um jovem sambista recifense.

No bode do bar do chef Geraldo, em Santo Amaro (gentilmente pago pelo nosso dileto e boêmio de classe Gustavo Krause, que traçava um suculento sarapatel na mesa vizinha), Ney contou histórias do arco da velha, de sua atribulada vida. Segundo ele, perto de morrer, Anilza Leone confessou à filha um segredo: "Você é minha filha com um deputado pernambucano chamado Ney Maranhão." Quando Anilza partiu, a menina disse isso a Ney, que contou a sua esposa, dizendo que ia fazer o DNA para saber a verdade, e Lúcia disse: "Não vai fazer exame nenhum. Você vai é registrar a moça em seu nome porque nenhuma mulher mente nessas ocasiões." E assim foi feito. Parabéns, querida Lúcia Maranhão.

Arthur Carvalho, da  Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP.

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