Embora seja muito cedo para qualquer tipo de celebração, pois a crise no Brasil é profunda e prolongada, dados divulgados esta semana sinalizam para uma reação positiva da economia, após muito tempo sem boas notícias.
Resta saber se a estatística traz o início de tendência sustentável, ou configura apenas uma curva otimista da instável e oscilante conjuntura econômica nacional.
Seja como for, o melhor é que tanto o nível menor do desemprego, quanto o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) sirvam para resgatar o foco e restaurar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento com benefícios sociais e distribuição de renda, visando a superação da desigualdade, nos próximos anos.
O desemprego que abrange 9,9 milhões de brasileiros está no menor índice - 9,1% - em mais de seis anos.
O percentual é relativo ao trimestre encerrado em julho, e iguala o detectado pelo IBGE em dezembro de 2015.
No trimestre anterior, até junho, o desemprego foi de 9,3% e englobava 10,1 milhões de pessoas. O menor registrado nos últimos anos é de 2014, quando o país apresentava 6,5% de desemprego.
Vale mencionar que em junho do ano passado a quantidade de indivíduos desempregados beirava os 15 milhões. Agora em julho, com 98,7 milhões de pessoas ocupadas, o contingente de ocupação bate recorde.
Mas ainda há quase 65 milhões fora da força de trabalho, mais de 24 milhões de trabalhadores subutilizados e 4,2 milhões de desalentados.
A informalidade no país continua elevada, com quase 40% da população ocupada, o que equivale a 39,3 milhões de informais - um número também recorde.
Para os analistas, a economia informalizada indica a precariedade da recuperação da economia, sem a consistência necessária para alavancar um ciclo robusto de crescimento.
Por outro lado, os números mostram que nenhum setor teve perda de ocupação, o que dá uma base de estabilidade para se imaginar possíveis melhoras, em condições favoráveis.
Por sua vez, o PIB mostra aumento de 1,2% no segundo trimestre do ano, em comparação com o anterior, no quarto crescimento consecutivo.
A alta foi puxada pelo aquecimento no setor de serviços, que representa 70% da economia nacional - especialmente nas atividades presenciais, como o turismo, prejudicada com a pandemia.
A indústria também cresceu em todos os segmentos, com alta de 2,2%. A última queda no Produto Interno Bruto brasileiro havia sido de 0,3%, no segundo trimestre do ano passado. Nos primeiros seis meses de 2022, o PIB acumula um crescimento de 2,5%.
O retorno das atividades paralisadas ou retardadas com a pandemia de Covid ainda é o principal fator de reaquecimento.
No entanto, fatores ligados à economia global, bem como os efeitos dos juros altos mantidos no Brasil, podem frear o crescimento e elevar o desemprego no ano que vem, segundo especialistas.
Daí a importância de se aproveitar o momento para o planejamento de políticas públicas que neutralizem os danos e impulsionem o país para fora da crise.
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