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Nevasca nos Estados Unidos pode ser mostra de fenômeno intenso previsto pelos cientistas

Cientistas e líderes mundiais parecem ter recebido uma mensagem contundente sobre a força das alterações em curso no clima do planeta. Resta saber se o recado será compreendido pelas populações

JC
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Publicado em 25/12/2022 às 8:00
AFP
TEMPESTADE NOS EUA Tempestade de inverno 'histórica' afeta o Natal nos Estados Unidos - FOTO: AFP

O que pode ter sido a mais intensa tempestade de neve na América do Norte, com origem no Ártico, foi muito mais que um contratempo para o Natal de quem gostaria de ter se juntado à família, e não conseguiu viajar. Há anos os cientistas vêm alertando para a intensidade dos fenômenos climáticos, em consequência das alterações provocadas pela elevação da temperatura na Terra. O derretimento das geleiras nos polos é um efeito que pode desencadear outros, seja no volume e temperatura dos oceanos, quanto no desequilíbrio global em proporções imprevistas.

A onda de frio fez vários estados decretarem emergência, e milhares de voos tiveram que ser cancelados. Motoristas que se aventuraram a pegar as estradas apesar dos avisos contrários das autoridades, encontraram baixa visibilidade e muita insegurança. Nas rodovias e ruas cobertas de neve, os acidentes dispararam. Os serviços de resgate não deram conta da demanda, e ainda não se sabe quantas pessoas ficaram dentro dos veículos, com frio, sem socorro. O presidente dos EUA, Joe Biden, fez um apelo à população para ficar em casa: “Isto não é como um dia de neve quando você era criança. Isto é algo sério”, disse, certamente informado sobre os potenciais dessa tempestade de inverno para se tornar uma tragédia nacional.

A perspectiva de um ciclone bomba, como se chamou o fenômeno, fez com que o alarme da Casa Branca e dos governos estaduais e municipais soasse. Pelo menos 1,5 milhão de pessoas ficaram sem energia, e precisaram suportar ventos congelantes de intensidade de um furacão. De Nova Iorque ao Texas, o clima virou rapidamente nos últimos dias, deixando mais de 240 milhões de habitantes em risco. Na Flórida, a expectativa era do Natal mais gelado em três décadas. Na fronteira com o México, imigrantes ilegais sofreram para achar abrigos. A exposição ao frio fez vítimas fatais em algumas cidades, de acordo com os primeiros relatos locais. Pelo noticiado até agora, a frustração dos que não puderam viajar foi o menor dos transtornos enfrentados pelos norte-americanos.

Com a sensação térmica podendo atingir 55 graus Celsius negativos em algumas regiões, meteorologistas afirmaram que o congelamento de quem estivesse exposto poderia se dar uma questão de minutos, além da hipotermia. O cenário de filme de ficção científica se aproximou da realidade – ou vice-versa, a realidade chegou perto da ficção – na medida em que estudiosos do clima estão se referindo a este inverno no EUA como um evento único em uma geração. Em face das alterações climáticas que têm se observado nos últimos anos em diversas partes do mundo, como ondas de calor e grandes pancadas de chuva, a humanidade torce para que, de fato, este seja o único evento de seu tipo, uma experiência que não se repita tão cedo.

Seja como for, cientistas e líderes mundiais parecem ter recebido uma mensagem contundente sobre a força das alterações em curso no clima do planeta. Resta saber se o recado será compreendido pelas populações, em todos os países, a tempo de evitar catástrofes climáticas cada vez maiores.

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