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Projeções do mercado sobre indicadores econômicos e ajustes inerentes ao início de governo sinalizam para um ano difícil pela frente em 2023

JC
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JC
Publicado em 27/12/2022 às 21:25

O Boletim Focus, pesquisa do Banco Central com agentes do mercado financeiro, divulgado nesta última semana do ano, não traz grandes perspectivas para 2023. Na medição oficial do IBGE, a inflação atual pelo IPCA está em 5,1% no acumulado até novembro, e em 5,9% nos últimos 12 meses. A inflação do ano que vem pode ficar num patamar semelhante ao de 2022, entre 5% e 6%, podendo cair no ano seguinte para abaixo de 4%, de acordo com estimativas do mercado. A meta da inflação definida pela BC em 2022 foi de 3,5%, com a inflação real acima da meta – que para 2023 é de 3,25% e também deve ser ultrapassada, segundo as projeções contidas no boletim.

No maior nível desde 2017, a taxa básica de juros (Selic) é o principal instrumento do BC para barrar a escalada inflacionária, e se encontra perto de 14% ao ano. A primeira reunião de 2023 do Copom, que define a Selic, será no final de janeiro, e não deve alterar a taxa básica, por enquanto. Mas a estimativa do mercado é que os juros básicos caiam a 12% até o final de 2023, baixando do patamar de 10% nos anos seguintes. Os juros mais altos deixam o crédito mais caro, desaquecendo a economia e segurando os
preços praticados ao consumidor, além de estimular a poupança. A gradativa redução da Selic, por outro lado, pode ser um fator de aquecimento econômico, retirando atratividade da poupança e oferecendo financiamentos mais baratos. Pelo que aponta o Boletim Focus, o ano de 2023 deve ser ainda de cautela, com pouca mexida nos juros básicos pelo novo governo federal.

Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) pode crescer 3% em 2022, a previsão do mercado é que não alcance 1% de variação positiva no ano que vem, sem aceleração nos anos seguintes: o aumento do PIB pode ser de 1,5% em 2024, e de 1,9% em 2025. São horizontes tímidos de crescimento para uma economia que precisa de uma arrancada na direção do desenvolvimento, visando a ampliação de oportunidades de trabalho e renda para uma legião de desempregados, desalentados e cidadãos subocupados, que não desempenham o potencial que possuem. Os indicadores projetados para o PIB são
desanimadores, e precisam de uma reviravolta, a partir da implementação de políticas públicas sintonizadas com a necessidade de crescimento do país.

O terceiro mandato de Lula no Planalto e o primeiro mandato de Raquel Lyra e Priscila Krause em Pernambuco, hão de tomar as projeções do mercado como avisos de que é essencial fazer mais do que governos regulares. A expectativa da população e as demandas coletivas, no Brasil e sobretudo, em Pernambuco, onde o cenário econômico e social é de terra arrasada, requerem planejamentos ousados e ações concretas para mudar, de fato, a realidade que acumula problemas há muito tempo.

Para um ano que ainda não começou e desponta como difícil, os novos governos têm a chance de fazer mais e melhor, superando as projeções e oferecendo provas de que é possível mudar o que parece sem solução.

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