No bloco das mazelas repetidas, a violência volta a assustar a população e os turistas no pré-Carnaval de Olinda

JC
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JC
Publicado em 10/01/2023 às 23:21

A animação das prévias olindenses é tão conhecida quanto o risco para quem vai se divertir na Marim dos Caetés. A insegurança não espera o Carnaval vai passar: é reclamação antiga e frequente dos moradores, e de quem tenta aproveitar a beleza dos bairros históricos. Ainda mais nessa época do ano, quando o calor do verão atiça a vontade dos amantes do frevo e do maracatu. Mas a Prefeitura diz que não tem nada a ver com o assunto, porque coibir a violência é responsabilidade do Estado. A nova gestão do Palácio das Princesas, que assumiu há pouco mais de uma semana, que cuide do problema, na visão da administração municipal – e os foliões que se virem para escapar dos bandidos, na mistura de medo com entusiasmo das prévias olindenses.

Moradores inconformados com a letargia dos gestores públicos buscaram a manifestação silenciosa e emblemática no ano passado, ao decorar janelas e fachadas dos casarões com panos pretos, alertando para a insegurança rotineira no sítio histórico da cidade. O aumento das confusões, brigas e assaltos, em especial nos domingos, é alvo das reivindicações, ao se aproximar mais um período momesco. Apesar da resposta protocolar da Prefeitura de Olinda, os moradores aguardam medidas do poder municipal, para impedir o caos com o Carnaval. E vão acionar o Ministério Público, na esperança de que algo seja feito antes da festa oficial.

As postagens de arrastões, roubos e brigas em Olinda, no último domingo, encheram as redes sociais. Para quem foi vítima, uma lembrança triste de experiência a não ser reprisada. E para os visitantes e cidadãos pernambucanos que desejam curtir a estação de pré-Carnaval na Cidade Alta, o volume de imagens e relatos compartilhados afasta a intenção de sua realização, podendo prejudicar o turismo típico da época. As cenas de pessoas fugindo, enquanto outras atiravam garrafas numa guerra de bar ao ar livre, foram presenciadas por policiais da Companhia Independente de Apoio ao Turista.

Policiais foram atingidos por pedras e garrafas, conseguiram apoio e contiveram a baderna, depois de algum tempo – o suficiente para a larga propagação do ocorrido nas redes.

A PMPE, aliás, soltou a nota de praxe informando burocraticamente como é feito o policiamento da área. O procedimento é o mesmo do governo passado, aparentemente sem mudança, nesse aspecto, nos primeiros dias da nova gestão. Depois de repetir que não é de sua responsabilidade, a Prefeitura de Olinda afirmou que – talvez num rompante de benevolência – a Secretaria de Segurança Cidadã tem atuado em ações complementares de monitoramento com a Guarda Municipal, desde as prévias até o
Carnaval. Por óbvio, a boa vontade do poder municipal precisa de maior afinco, pois a bagunça vista aos domingos parece não ter sido antecipada por monitoramento algum.

A culpa pela violência, daqui a pouco, pode ser imputada à população, ou até aos turistas, com os gestores públicos cuidando apenas da decoração e limpeza dos festejos, sem dar bola à insegurança. Como os panos pretos anunciam há meses, o bloco das mazelas repetidas faz a violência assustar a população, mais uma vez, neste pré-Carnaval.

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