Na berlinda após a descoberta de documentos oficiais em seu poder, Joe Biden admite erro mas se complica

JC
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Publicado em 13/01/2023 às 22:08

Assim como se deu com Donald Trump, investigações especiais agora se voltam para o atual ocupante da Casa Branco, o presidente Joe Biden: documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos foram encontrados em sua residência e em um antigo escritório dele. Embora tenha sido em menor quantidade, e com diferente resposta – Trump não queria entregar os documentos – o caso pode complicar o anúncio do atual presidente à reeleição, para concorrer com o republicano, que já se declarou candidato ao pleito marcado para 2024.

Mesmo em menor grau e comportamento diverso, Biden se vê na defensiva, precisando dar o mesmo tipo de explicações solicitadas ao ex-presidente cujos apoiadores invadiram o Capitólio, há pouco mais de dois anos, tentando impedir a oficialização do democrata como presidente eleito. As investigações sobre os prováveis principais concorrentes à presidência no ano que vem partem, portanto, de um ponto em comum: a motivação que os levou a manter documentos sigilosos em seus domínios particulares. Os desdobramentos dos trabalhos de procuradores independentes devem se intensificar até a campanha, e certamente este será um dos temas abordados por um e outro. Na perspectiva da proteção institucional, o erro de ambos se aproxima, e ambos precisam dar explicações.

Há diferenças gritantes entre os volumes – Trump manteve mais de 300 documentos em sua mansão na Flórida, que foram alvo de buscas pelo FBI, enquanto Biden e seus advogados reconheceram a posse de alguns memorandos do período em que ele foi vice-presidente de Barack Obama. Apesar disso, a semelhança de guarda indevida das documentações oficiais é evidente, e pode dificultar qualquer justificativa de diferenciação entre os casos, sobretudo para o público de defensores trumpistas. Numa guerra de narrativas, Biden tenta sair da berlinda afirmando que errou menos que o oponente. É de se supor que os republicanos vão responder dizendo que a natureza do erro é igual.

A maioria do Partido Republicana na Câmara dos Deputados é um fator que pode deixar Biden mais exposto. A insistência no assunto, pelos parlamentares, tem tudo para fragilizar a pré-candidatura do atual presidente à reeleição, e até atiçar outros postulantes à disputa pelo lado dos democratas – o que seria incomum, já que o costume é a candidatura à reeleição. Mas a possibilidade está aberta, uma vez que o confronto com Donald Trump seria marcado pelas investigações dos documentos oficiais. Nesse
contexto, a ação dos procuradores independentes escolhidos para cada um dos casos ganha dimensão política relevante.

A colaboração voluntária com a Justiça tem sido um dos diferenciais realçados pela Casa Branca, na atitude de Biden em relação ao ex-presidente que deseja voltar ao cargo. Mas a transparência defendida pelo democrata sai chamuscada do episódio. Desde 1978, presidentes e vice-presidentes da República nos EUA devem enviar cartas e documentos – inclusive, desde que existem, as mensagens de e-mail – para os Arquivos Nacionais. A equiparação com Trump é pior para Joe Biden.

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