A frieza da estatística e da ineficiência por trás de números inaceitáveis: a morte violenta em Pernambuco precisa retroceder

JC
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Publicado em 18/01/2023 às 23:35

O número de homicídios vem caindo no Brasil e no Nordeste, de acordo com estudos da Universidade de São Paulo e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De janeiro a setembro do ano passado, no entanto, 11 estados tiveram alta nas estatísticas de assassinatos – entre os quais, Pernambuco. Na média nacional, o país já vinha de uma redução, em 2021, de 7% nas mortes, em comparação a 2020, na tendência observada desde 2018. A posição pernambucana segue na contramão da região nordestina, que teve diminuição de quase 5% nos homicídios nos primeiros nove meses de 2022. O estado apresentou aumento de 2% no período, enquanto a Bahia teve menos 11% de mortes violentas, e o Ceará, menos 8%.

A frieza estatística não disfarça a ineficiência na gestão da segurança pública, ao longo dos anos, em Pernambuco. A justificativa recorrente das guerras entre facções criminosas, por sua vez, embora verdadeira, não serve para escamotear o insucesso das políticas de redução de homicídios, em especial do Pacto Pela Vida: o crime organizado é encontrado, hoje, em todas as unidades da federação. A diferença é que, aqui, o combate às organizações de bandidos é menos efetivo do que em outros estados. A realidade imposta como herança administrativa para a governadora Raquel Lyra, na área de segurança pública, envolve diversos aspectos para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos – mas não deve perder de vista a meta de conseguir dar um freio drástico na vexatória e dolorosa estatística de crimes violentos cometidos em nosso estado.

De acordo com os indicadores mais recentes da Secretaria de Defesa Social do governo estadual, 3.418 mortes violentas foram registradas em solo pernambucano, em 2022. Um aumento de 48 vidas perdidas, ou 1,4%, em relação a 2021. Significa, em média, quase 285 homicídios por mês, ou perto de 10 por dia, no ano passado. Em dezembro, a média foi ultrapassada, com 305 pessoas mortas, seis a mais do que no mesmo mês do ano anterior. A distância imensa entre a meta de redução de 12% ao ano, do agora extinto Pacto Pela Vida, e a realidade da violência, traz para o novo governo a incontornável missão de evitar a continuidade do derramamento de sangue em Pernambuco.

Com a mudança de gestão, o programa de redução da violência passa a se chamar Todos pela Segurança, homônimo ao de quando a governadora era prefeita de Caruaru. É justamente no Agreste, em companhia do Sertão, que o governo deve concentrar esforços. Nas duas regiões, houve crescimento dos números, puxando o total estadual para cima. Mas mesmo onde os assassinatos mostraram quedas, as reduções não são dignas de celebração: na Região Metropolitana do Recife, 954 homicídios em 2022, contra 972 em 2021, dos quais 540 (2022) ante 561 (2021) somente na capital. A experiência de Raquel Lyra na gestão municipal pode servir para integrar os prefeitos, de modo mais eficiente, à política estadual de segurança pública.

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