Com fim das férias e bloqueios para o Carnaval, o trânsito no Grande Recife em fevereiro pode fazer jus à fama de um dos piores do mundo

JC
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Publicado em 30/01/2023 às 0:00

Os blocos nas ruas já alteram o tráfego nos finais de semana, com intervenções temporárias que dão preferência à folia, ao invés da mobilidade. São poucas horas de asfalto livre para a alegria. As prévias arrastam grupos animados, depois de dois anos de hiato por causa da pandemia. Quem se deslocar pela Região Metropolitana do Recife a partir de quarta-feira, além dos bloqueios e preparativos de Carnaval, também terá que se reacostumar com o fluxo – e os engarrafamentos – da volta das férias. Todo fevereiro é assim: a quantidade de veículos rodando parece triplicar, e o trânsito segue em velocidade de cortejo nas proximidades do embarque e desembarque de estudantes nos colégios. Quando as escolas se localizam em vias de intenso movimento, é pior ainda, como na Avenida Rui Barbosa, na capital pernambucana. Motoristas e passageiros precisam exercitar a paciência, porque nem o humor de Momo, nem a estrutura de transporte em Pernambuco, ajudam a diminuir o impacto do calendário sobre a emperrada mobilidade que faz parte de nosso cotidiano.

Não é de hoje que a Região Metropolitana do Recife integra o topo dos rankings de pior trânsito no mundo. Na última terça, foi divulgado o Relatório Global sobre o Transporte Público, do aplicativo Moovit. Em pesquisa sobre cem metrópoles no planeta, entre as quais, dez brasileiras, o Recife aparece com destaque, tanto na demora para o deslocamento de uma ponta a outra da cidade, quanto no tempo de espera médio para embarque – nesse quesito, a capital pernambucana é a pior do Brasil. Em relação ao tempo médio de viagem, o Recife está em sétimo no ranking mundial, só depois do Rio de Janeiro, que se encontra em quarto lugar. Nada a estranhar, quando os recifenses já sabem que habitam a capital mais congestionada do País, segundo a plataforma TomTom, especializada em tecnologia de localização.

Reportagem publicada há quase um ano no JC contabilizou o tempo perdido pelos cidadãos no deslocamento viário no Recife: mais de 6 dias inteiros em engarrafamentos, ou quase uma semana parada, em 2021. No ranking divulgado esta semana, a cidade campeão mundial da demora é Istambul, na Turquia, seguida pela Cidade do México, e Bogotá, na Colômbia. O nó que enerva as pessoas e custa deseconomias coletivas, além dos transtornos individuais, é típico de aglomerados urbanos que cresceram sem a inteligência do planejamento, nem o rigor do ordenamento. Aqui, soma-se a esses fatores a falta de investimento em infraestrutura viária, enquanto os anos passaram. A última grande obra foi a Via Mangue, caríssima em sua execução, e incompleta na concepção do traçado original, a antiga Linha Verde, cobrindo uma extensão muito maior ao longo do litoral sul.

Dentre as demandas dos prefeitos do Grande Recife na reunião da semana passada com a governadora Raquel Lyra, o Arco Metropolitano, com atraso de vários anos, volta a ser levantado como prioridade. A oportunidade da governança metropolitana, aliás, pode ser o impulso necessário para retirar a RMR da lista dos piores trânsitos do mundo, com a articulação entre os municípios e o governo do Estado no enfrentamento da sempre adiada questão da mobilidade – em especial, para a melhoria do transporte coletivo.

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