Acorda, alegria, acorda! O Galo da Madrugada saúda o retorno da festa do povo, e celebra a vida depois de dois anos de distanciamento

JC
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Publicado em 17/02/2023 às 21:55

A espera foi longa. O silêncio no Sábado de Zé Pereira, por dois anos consecutivos, foi o eco da tristeza pela festa impedida por um vírus mortal que assustou todo o planeta. Graças à intensa pesquisa científica que conseguiu produzir vacinas eficazes, a pandemia de Covid 19 foi contida em sua pior face. Hoje os brasileiros voltam às ruas oficialmente para o Carnaval, que já começou muitos dias antes nos principais destinos da folia no País, inclusive Olinda e Recife. E os pernambucanos e os ávidos visitantes podem invadir as ruas, avenidas e calçadas da capital, no desfile monumental, inigualável e cheio de tradição que orgulha os da terra e encanta os de fora: o Galo da Madrugada, materializado na Ponte Duarte Coelho, recebe a todos e declara que a alegria é possível, a multidão animada resgata a realidade carnavalesca do mundo.

Como escreveu o médico Sérgio Gondim, ontem, no JC, é “a festa mais democrática, livre e tolerante, a maior mistura de cores” e o maior encontro de tribos originárias, “todas reverenciadas, respeitadas e aplaudidas”. Serão seis carros alegóricos e 30 trios elétricos no percurso de 6,5 quilômetros que deve durar, no passo do frevo, mais de nove horas sem trégua, do Forte das Cinco Pontas até a Rua do Sol. Mas o Galo não é só um trajeto, seu esplendor se estende no gigantesco tapete humano sobre o asfalto, no belo cenário recifense cortado pelas águas. A partida é a expectativa, e a chegada, a certeza de que o Carnaval começou.

Maior bloco carnavalesco do mundo, de acordo com o registro de quase trinta anos do Guiness Book, a história do Galo querido pelos pernambucanos vem de 1978, ano da fundação, por um grupo apaixonado de foliões. A dimensão que tomou a brincadeira se mede, agora, em milhões de pessoas que prestigiam sua saída com paixão. Um dos primeiros participantes, o ex-prefeito do Recife, Gustavo Krause, escreve na edição de hoje do JC sobre o Galo Preto Ancestral, erguido sobre a ponte: “Um gigante de sete toneladas e 28 metros de altura, coberto pelas cinzas dos nossos antepassados, abraçado pelo sincretismo religioso no afago pernambucano do verde/azul tropical”.

O desfile do Galo se reveste de signos e significados culturais e históricos. Traduz a expressividade popular e junta as diferenças no passo da dança, no ritmo da música, na poesia repetida há várias gerações. Este ano, também simboliza o reencontro da oportunidade econômica para milhares de indivíduos que não puderam, com a pandemia, trabalhar nas festas. O que se espera é um Carnaval intenso, de escancarada e represada alegria, no festejo da vida, por todos, com segurança, paz e a saúde tão desejada nos últimos dois anos. No bloco da esperança, que se aglomerem olhares para dentro e para o entorno da festa, onde cidadãos esquecidos, sem motivo para brincar o ano inteiro, se deixam levar pelo contágio da alegria, nem que se seja por um dia.

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