EDITORIAL

Recuo do desemprego ao nível de 2015 é bom, mas há muito chão pela frente

O desemprego menor representa uma esperada melhora do mercado de trabalho, que ao menos retorna aos patamares de antes da pandemia de Covid

JC
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JC
Publicado em 01/03/2023 às 4:00
Marcelo Camargo/Agência Brasil
As regiões que registraram os maiores porcentuais de pessoas que migraram do desemprego para o trabalho por conta própria foram Norte (28,9%) e Nordeste (24,7%) - FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgou a média nacional do desemprego no ano passado, que registrou um índice de 9,3%. É a menor taxa de desempregados desde 2015, quando a média no país foi de 8,5%. Uma boa notícia para a economia, que pode vislumbrar condições melhores de recuperação. Mas especialmente para a população, que vem sofrendo na pele e no bolso as consequências da diminuição da renda familiar, nos últimos anos.

O desemprego menor representa uma esperada melhora do mercado de trabalho, que ao menos retorna aos patamares de antes da pandemia de Ccvid, cuja influência foi devastadora para os empregos, com a necessidade de restrição das atividades e da interação social, afetando sobremaneira o setor de comércio e serviços, além da queda na produção industrial. A criação de postos de trabalho no ano passado mostra o início de uma conjuntura favorável ao descolamento das consequências da pandemia, e à chegada de um novo ciclo sustentável de crescimento e distribuição de renda.

A diferença de quase 4% em relação ao índice de desemprego de 2021, que foi de 13,2%, ilustra a aceleração típica do resgate dos postos perdidos pela situação incomum da conjuntura pandêmica. Mas a verdadeira consolidação do processo de recuperação da economia ainda se encontra diante dos brasileiros. Depende da geração de pilares estruturais de arejamento do ambiente de negócios e de impulso aos investimentos públicos e privados, que permitam a solidificação de um crescimento contínuo e
consistente do Produto Interno Bruto (PIB). Infelizmente, as projeções para o PIB deste ano e de 2024 ainda são muito aquém do ideal para o país alcançar o desenvolvimento requerido para a maioria da população.

De acordo com o IBGE, a taxa de informalidade também caiu, mas ainda ronda os 40%. A formalização da ocupação é uma das metas para a economia, ao garantir direitos individuais e gerar benefícios coletivos, através dos impostos que proporciona. E a propósito, a reforma tributária desponta como um dos pilares estruturais para um salto nas condições institucionais necessárias ao crescimento da economia. O atual modelo tributário é visto como um obstáculo, por empreendedores e até por muitos governantes.

Em dezembro, o Brasil tinha 8,6 milhões de desempregados, com uma taxa de 7,9% de desemprego no último trimestre de 2022. É preciso aproveitar essa boa condição para alavancar a economia. No entanto, há muito chão pela frente para uma recuperação que sinalize a superação da crise duradoura que castiga grande parcela da população desde o governo Dilma Rousseff. O novo governo federal tem que buscar ampliar a capacidade de investimentos, em paralelo à remontagem de uma rede de proteção social capaz de dar suporte ao salto na economia.

O IBGE também aponta que, apesar do aumento da circulação de dinheiro no mercado de trabalho, o rendimento médio caiu 1% em comparação com o ano anterior. A desigualdade aparece na comparação entre as rendas médias nos estados. A persistência da renda desigual entre as regiões é outro gargalo estrutural a ser enfrentado pelo poder público em todos os níveis, fomentando oportunidades e estimulando a qualificação dos que preenchem as vagas de trabalho em todo o país.

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