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Problemas que se arrastam

Os desafios da gestão de um polo regional, como a capital pernambucana, não se resolvem rápido – mas precisam ser enfrentados com urgência

Publicado em 07/08/2024 às 0:00

A proximidade das eleições municipais, cujo primeiro turno acontece em menos de dois meses, suscita a oportunidade para a intensificação dos debates a respeito de como andam os problemas históricos e as soluções adotadas em cada cidade. E ainda, para se buscar mecanismos institucionais, com a participação das demais esferas de governo, capazes de promover a esperada integração de políticas públicas que atravessem o tempo breve dos mandatos e sejam inseridas num planejamento de médio e longo prazos, voltado, de fato, para a eficiência das medidas e o alcance do bem coletivo. As questões metropolitanas, por exemplo, poderiam ser melhor abordadas em políticas articuladas, visando a melhoria da mobilidade, da segurança e de outras demandas da população.
Os recorrentes assaltos no Centro do Recife ilustram um problema antigo que segue sem solução. E de pouco serve de consolo ao cidadão o duelo retórico de responsabilidades entre prefeituras e governos estaduais. A questão é de gestão do espaço público, e como tal dever ser tratada por todo gestor público. Afinal, quando se fala em êxito na administração da segurança, são as cidades que representam a evolução na segurança, como a tão mencionada Medellin, na Colômbia, ou a mudança qualitativa no enfrentamento da violência em Nova York, anos atrás. Assim, se o Centro recifense permanece há tantos anos exibindo sinais de decadência e insegurança para a população e os turistas, é papel, sim, da municipalidade, cuidar da questão.
Uma das capitais brasileiras onde a desigualdade, o desemprego e a miséria nas ruas estão entre as piores do país, sem falar no trânsito, o Recife carece de visão política, crescimento econômico e, também, de gestão. A série de reportagens que o JC-PE vem trazendo mostra alguns dos desafios que aguardam pelo futuro prefeito – ou o mesmo, em caso de reeleição. Os alarmantes índices de violência realçam as demandas da segurança. As internações hospitalares refletem o saneamento ambiental inadequado. Com quase 1,5 milhão de habitantes, dos quais 1,2 milhão são eleitores, sendo a maioria formada por mulheres, a capital de Pernambuco clama por mudanças urgentes oriundas da gestão pública – inclusive no caso de uma renovação de mandato, pois os problemas acumulados tendem a se tornar piores, de consequências mais graves para a população.
A habitação é uma questão crítica, numa cidade com mais de 200 mil pessoas vivendo em áreas de risco de deslizamento e inundação. Ou quase 2 mil ao relento, sobreviventes nas ruas. Enquanto isso, o abandono do patrimônio histórico aparece explícito não apenas na área central, mas em outros bairros, exigindo posicionamento e medidas do poder público municipal. Assim como o transporte cada vez mais complicado em uma cidade sem um serviço digno de metrô, fazendo com que as viagens para o Recife e do Recife para municípios vizinhos seja tão estressante quanto o deslocamento na própria cidade, entre bairros distantes.
Há muito trabalho a se fazer, e os eleitores sabem disso.

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