Avanço na educação
Certificação das Nações Unidas contribui para reduzir a evasão escolar e elevar a proteção de crianças e adolescentes contra a violência
O Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef – no Brasil oferece uma certificação para os municípios que se comprometem em adotar medidas de qualificação da educação, desde a creche até o início da formação profissional. Em 81 cidades pernambucanas que possuem o Selo Unicef, a queda na evasão escolar foi maior do que a redução verificada a nível nacional. Uma notícia digna de nota, sobretudo pela necessidade que o estado apresenta de avançar na educação e, nos próximos anos, exibir melhores índices sociais e econômicos, consolidando a tendência de retomada em curso, ao lado da melhoria da conjuntura nacional.
A chefe de educação no Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto, apontou um problema cultural que tem aprofundado, ao longo das décadas, a desigualdade que tem no baixo aproveitamento educacional um de seus principais fatores de causa – a naturalização do fracasso escolar. Como se o desempenho nas aulas não fosse imprescindível, como é, justamente para realizar a transformação profunda que apenas a educação de qualidade é capaz de promover. Especialmente em virtude das oportunidades que podem ser perdidas, na população de baixa renda, pela ausência da formação básica. Mesmo numa época de rápidas mudanças no aproveitamento do conhecimento, no uso das informações, a educação continua sendo o diferencial para o desenvolvimento pessoal e coletivo. E não há perspectiva de que isso mude, com Inteligência Artificial e tudo – inclusive por isso, talvez, a formação atualizada e contínua seja cada vez mais indispensável.
Essa banalização do fracasso na escola faz com que se “aceite que um perfil específico de estudante abandone a escola, ingresse de forma precária no mundo do trabalho ou na criminalidade, se mantenha na pobreza e esteja mais suscetível a diversas violências, incluindo os homicídios”, resumiu Mônica Dias Pinto, desenhando o círculo vicioso que une educação de menos e exposição à criminalidade. O gargalo na educação fecha portões de acesso à profissionalização, à conquista de autoestima antes mesmo da consequência do aumento de renda, e ainda impõe barreiras à cidadania, deixando a exclusão evidente e turbinando a desigualdade.
O Selo Unicef também requer maior atenção com a violência praticada contra crianças e adolescentes nos municípios, buscando não permitir que as ocorrências sejam tão naturalizadas como o abandono escolar. A exigência fez com que as notificações em Pernambuco tenham disparado – de 74 em 2020, para quase 10 mil em 2023. Em todo o país, pelo mesmo motivo impulsionador de transparência, o número saltou de 118 mil para 578 mil, ampliando a visão sobre a verdadeira face violenta que ameaça crianças e adolescentes no país. A informação parte das escolas, que contribuem assim para fortalecer a proteção dos estudantes, no processo de acolhimento e prevenção que, de outra parte, deve contar com a participação dos pais e responsáveis, aprimorando o vínculo entre a comunidade escolar e o ambiente familiar.
O Selo Unicef é ponto de partida, não de chegada, no longo trajeto por uma educação inclusiva, de qualidade, em todo o Brasil.