Como será o mundo pós-Covid-19? Confinadas em suas casas, milhões de pessoas buscam respostas para talvez o maior desafio da humanidade deste século. E nesta procura por informação, o bom jornalismo se faz urgente e necessário, como sempre. A notícia bem apurada, de credibilidade, salva do pânico, esclarece, faz pensar. E foi com esse compromisso que o Jornal do Commercio construiu a sua história ao longo desses 101 anos. De lá para cá, a revolução tecnológica mudou a forma de fazer jornalismo, mas não a sua essência. Das primeiras rotativas de impressão à velocidade da internet, o zelo pelo conteúdo é prioridade para o JC.
A primeira edição do jornal foi publicada no dia 3 de abril de 1919 e trazia na capa as eleições presidenciais daquele ano no Brasil, disputada entre Epitácio Pessoa e Rui Barbosa. O jornal foi às ruas dez dias antes do pleito, vencido por Pessoa. O ano de 1919 era de otimismo, o mundo comemorava o fim da primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da pandemia da Gripe Espanhola, que matou mais de 50 milhões de pessoas. No Recife, a doença provocou 1,8 mil mortes e deixou mais de 120 mil doentes, numa população de 220 mil habitantes.
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Mas o mundo viveu “em paz” por pouco tempo. Em 1929, a Grande Depressão quebrou o planeta. O pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX culminou na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No fatídico 1º de setembro de 1939, o JC anunciou que “a machina de guerra allemã iniciou seu ataque à Polônia”, cobrindo as atrocidades do conflito nos cinco anos seguintes. Mas no dia em que as tropas aliadas desembarcaram sob fogo nazista nas praias da Normandia, os leitores do JC não tiveram que esperar pelo dia seguinte para saber da derrota anunciada de Adolf Hitler. Em 6 de junho de 1944 o jornal publicava, impressa sobre sua primeira edição, em letras vermelhas, um simbólico “Invadida a Europa”, e, logo abaixo, uma foto do general americano Dwight Eisenhower, que comandou o exército aliado.
Se a distância física era um fator de dificuldade para os jornalistas que buscavam detalhar os fatos internacionais aos pernambucanos, ainda sem o auxílio da internet, os desafios para cobrir os acontecimentos locais eram outros, como a censura na ditadura militar que durou 21 anos (1964-1985). No dia 1º de abril de 1964, o JC trazia a seguinte manchete: “Minas Gerais em armas contra Goulart”. Foi o começo. No dia 14 de dezembro de 1968, o regime militar promulgou o Ato Institucional Número 5 no Brasil. Com a manchete “Costa edita ato e ordena recesso do Congresso”, o JC trouxe na capa a íntegra do AI-5.
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Na segunda metade dos anos 1970, o regime militar no País perdia força. O Jornal do Commercio resistia, mas enfrentava uma crise financeira que chegou ao ápice em 1987, quando o jornal foi adquirido pelo empresário João Carlos Paes Mendonça, que na época era presidente da Rede de Supermercados Bompreço e hoje preside o Grupo JCPM. O jornal recebeu grandes investimentos, reformulações no parque gráfico, em sistemas de informação e na área editorial.
A Diretoria de Redação foi assumida pelo jornalista Ivanildo Sampaio. Hoje coordenador do Comitê de Conteúdo do SJCC, Sampaio foi um dos mais longevos diretores de redação do País. Comandou a equipe de reportagem por quase 30 anos e guarda na memória os bastidores das coberturas do JC, dos grandes acontecimentos no mundo e no Brasil, como a queda do Muro de Berlim (1989); a eleição e saída de Collor (1990/1992) e a criação do Plano Real (1994), aos desafios enfrentados pelos repórteres para trazer a notícia das ruas, como a greve da Polícia Militar de 1997. Pernambuco parou por 12 dias, principalmente o Recife. O número de assaltos, furtos e homicídios cresceu e as pessoas ficaram sitiadas nas próprias casas, acompanhando o movimento pela imprensa. “Ficamos preocupados com os repórteres que estavam nas ruas, trazendo informações sobre a greve. Durante o período, também cobramos muito informações aos órgãos oficiais do governo”, conta o jornalista.
Em relação às epidemias que atingiram o Estado, o jornalista lembra do surto de cólera, em 1993, ano em que Pernambuco registrou 9.788 casos da doença e 137 óbitos. “Ao olharmos para trás, concluímos que o cólera foi um problema sério, mas muito menor se comparado ao que vivemos com o coronavírus”, avalia o jornalista. Outra cobertura importante do JC, e mais recente, foi a epidemia de Zika que atingiu o País entre 2015 e 2016, e culminou em uma explosão de casos de microcefalia em bebês, causando comoção nacional. Só em Pernambuco, foram cerca de 430 casos. “A nossa repórter Cinthya Leite, que começou no JC como estagiária, fez um excelente trabalho, levando aos pernambucanos notícias em primeira mão sobre os casos e os avanços nas pesquisas. Com o Covid-19 a dedicação é a mesma. O Jornal do Commercio sempre teve uma preocupação muito grande e uma competência reconhecida na cobertura de saúde, conquistando vários prêmios internacionais”, destaca Sampaio sobre o compromisso do JC com a notícia.
Embora desejada por milhões, a pergunta que abre esta matéria não tem resposta. O mundo pós-coronavírus será reconstruído aos poucos. Fica o desejo de um futuro de resiliência e aprendizado. E que as futuras manchetes do JC tragam boas notícias.
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