Cientistas têm utilizado a tecnologia de ponta para encontrar modos de enfrentar o coronavírus. Embora não seja possível ainda erradicá-lo, pesquisadores da UFPE e UFRPE têm usado a sua tecnologia para monitorar as aglomerações que permitem a disseminação mais rápida da doença, isto é, com drones. A partir dessa ação, autorizada pelos setores de segurança - o Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS) e a Polícia Militar -, os pesquisadores acreditam ser possível criar medidas mais assertivas em espaços que não estão respeitando o isolamento social.
Na frente desse projeto está o Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD), uma iniciativa federal associada ao Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), da UFPE; e ao Departamento de Engenharia Agrícola (GEOSERE), da UFRPE. Criado ano passado, sem prever nenhuma pandemia, “a premissa principal do instituto é justamente dar o apoio tecnológico e científico para autoridades no combate a desastres naturais e questões de saúde, que agora, é o covid-19.”, explica Hernande Pereira, diretor do IRRD e professor da UFRPE.
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Uso de drones para monitoramento
Com o surgimento da pandemia, logo aconteceu essa mobilização do IRRD para utilizar os drones como forma de monitoramento de áreas aglomeradas. Até agora, o projeto - que começou dia 9 de abril - conta com apenas um drone, fornecido pela startup Healthdrones que, inclusive, auxilia no trabalho operacional. Quem coordena a ação são os pesquisadores, mas precisam acionar o drone da Polícia para sobrevoar a região, já que o aparelho deles pode voar em altitudes maiores, entre 5 e 7 metros, obtendo uma melhor visualização espacial. Depois disso, o drone do IRRD, com alcance menor de 3 a 4 metros, se desloca para a região e faz seu trabalho de medição de temperatura e variação de temperatura, através do espectro do infravermelho da câmera termal.
“Os locais visados para a visita do drone são ambientes muito frequentados, principalmente áreas de mercados públicos”, esclarece o professor Hernande Pereira. A feira de Afogados e a Cidade Universitária já foram sobrevoados. Ele explica que já existem outras regiões futuras para serem monitoradas, como a Orla de Boa Viagem, o bairro de Casa Amarela e da Madalena, a cidade de Olinda e até mesmo Caruaru, fora do Grande Recife. Entretanto, ainda não foi possível pela pequena quantidade de drones disponíveis. Hernande avisa que já está sendo negociado a obtenção de mais 6 equipamentos, em parceria com a Healthdrones.
Nas regiões de aglomeração ou em situação de detecção de uma temperatura alta corporal, os drones possuem alto falantes internos que produzem avisos sonoros automaticamente nas duas situações: quando um ambiente está com uma grande quantidade de pessoas ou quando há pessoas circulando com um quadro febril. Assim, “a voz” orienta para que a população evite aglomerações e, também, em caso de apresentar aumento da temperatura corporal, aconselha o indivíduo a ir para casa procurar orientações do Ministério da Saúde.
Histórico da tecnologia
A utilização de drones, com câmera termal - capaz de medir temperaturas corporais de pessoas e objetos -, têm um histórico positivo. Segundo o diretor do LIKA e professor da UFPE, José Luiz, eles foram usados para estudos epidemiológicos e mostraram bons resultados. “Há um ano atrás, em abril, o LIKA e o IRRD foram para Malawi, na África, através de um projeto com a Unicef, e utilizamos drones para fazer um estudo sobre a cólera, o que ajudou a fazer controle do surto da doença no país”, lembra o professor.
De acordo com José, não é a primeira vez que acontece essa colaboração dos pesquisadores das universidades com a Secretaria de Defesa Social e a Polícia Militar através da tecnologia. “Quando houve uma forte chuva em Palmares, também ano passado, e teve o deslizamento de barragens, fomos acionados por esses órgãos para ajudar com nossos drones nas investigações”, explica o diretor do LIKA.
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Ações e futuro
A Secretaria de Defesa Social, através do Centro Integrado de Comando e Controle Regional, já faz o uso de drones - sendo oito - para monitoramento desde 2018. “Há dois anos, a SDS utiliza os drones para o patrulhamento em ações de prevenção de tráfico de drogas e monitoramento de áreas que acontecem assaltos com frequência. Com a questão do coronavírus, a partir do dia 18 de março, começamos a utilizar os drones para monitorar áreas que fossem identificadas aglomerações, em colaboração com as denúncias para o 190.”, explica o gerente geral do CICCR, Coronel Luciano Nunes.
Para não demandar muitas viaturas até esses locais, a equipe de segurança começou a mapear essas áreas de maior circulação de pessoas e montou uma equipe da Polícia Militar, com três pessoas, para controlar os drones até as regiões de foco. “A Diretoria de tecnologia da Polícia Militar do Estado criou uma tecnologia que permite que as imagens captadas pelos drones, em tempo real, sejam enviadas para mim pelo link do WhatsApp, e a partir dos registros será possível tomar medidas cabíveis”, explica o Coronel. De acordo com situação, é enviada uma equipe da Polícia Militar para dispersar essas pessoas aglomeradas e, caso elas não respeitam a orientação, podem ser enquadradas como desacato à autoridade, como prevê o decreto estadual.
Entretanto, as imagens das câmeras termais usadas pelo drone do IRRD não estão sendo utilizadas pela SDS em alguma ação específica, apenas os registros de aglomeração são usados para complementar o sistema de monitoramento. O Coronel Luciano Nunes não vê utilização desse diferencial para o combate do coronavírus, no momento, por parte da Polícia, mas enxerga funcionalidade para outras situações futuras. “A tecnologia das câmeras termais podem ajudar em situações de sequestros, podendo identificar exatamente onde se encontra o criminoso, ou em presídios, em alguma situação problemática, para identificar detentos no sistema prisional”.
Para o professor Hernande Pereira, o principal motivo desse projeto é que as imagens e vídeos obtidos podem ser utilizados pelos órgãos e autoridades públicas, principalmente a Secretaria de Saúde do Estado e dos municípios, e assim, eles “terão ideia de onde os aglomerados se repetem para que, assim, possam pensar e planejar ações de orientação para essas regiões e combater a disseminação do coronavírus”.
O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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