Trabalhando na linha de frente de enfrentamento ao novo coronavírus e afastada do filho há 25 dias, neste Dia das Mães, a técnica de enfermagem Valquíria Neves só conseguiu abraçar o pequeno Heitor, de 8 anos, após ele ser enrolado em um lençol. O almoço da família recifense também teve de ser à distância por precaução.
» Condições de isolamento vão ser ampliadas no Recife, diz Geraldo Julio sobre lockdown
A técnica de enfermagem trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Correia Picanço, na Tamarineira, Zona Norte do Recife, e do Procape, em Santo Amaro, na área central, em contato direto com pacientes infectados em estado grave da covid-19. Por isso, ela teve que ser mais uma das profissionais área a optar pelo distanciamento para preservar a segurança e saúde da família.
Desde o dia 15 de abril, Valquíria está morando no apartamento da família no bairro do Cordeiro, Zona Oeste. Já o marido Cláudio Lima, e o filho Heitor estão morando em frente ao dela, no da vizinha, que foi passar a quarentena em um sítio e cedeu a casa.
Valquíria fez questão de ressaltar que se sente privilegiada em poder abraçar e almoçar com o filho no Dia das Mães, mesmo que com um lençol e alguns metros de distância os separando. "Porque tenho tantas outras amigas que os filhos realmente estão longe e esse contato não pode acontecer".
Me sinto privilegiada por, mesmo desta forma, conseguir abraçá-loTécnica de enfermagem, Valquiria Neves
Ela também falou sobre necessidade do distanciamento. "Para a proteção dele, não devo ter nenhum contato físico, estamos nos falando de longe. Como eu trabalho em dois hospitais que são diretamente ligados com os pacientes do covid-19, estamos dessa forma".
» Os primeiros dias de um médico recém-formado na linha de frente contra o coronavírus
Neves comentou a dificuldade que está passando desde o dia 15 de abril, quando teve que se afastar da família. "Estão sendo dias muitos difíceis, de muito medo. A tensão é grande, é uma doença muito solitária e uma das piores coisas é olhar o rosto dos pacientes e ver a incerteza no olhar deles. O distanciamento familiar é o pior de tudo isso, não poder beijar e abraçar meu filho e meu esposo me faz chorar todos os dias. Apesar disso, sou muito grata à Deus por permitir que eu os veja mesmo que de longe". Ela também está sem ver a mãe, que mora em Gravatá, no Agreste do Estado, há quase dois meses.
Há 25 dias afastados por conta do coronavírus, técnica de enfermagem dá abraço de Dia das Mães em filho enrolado no lençol pic.twitter.com/NG8EjhtUoY
— Jornal do Commercio (@jc_pe) May 10, 2020
Citação
Me sinto privilegiada por, mesmo desta forma, conseguir abraçá-lo
Técnica de enfermagem, Valquiria Neves
Comentários