Protesto

Em ato público, rodoviários do Grande Recife homenageiam colegas mortos por coronavírus e pedem mais proteção

Além da higienização dos veículos apenas uma vez ao dia e a superlotação dos ônibus, o sindicato da categoria denuncia que os motoristas e cobradores estariam trabalhando com atraso em seus salários

Vanessa Moura
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Vanessa Moura
Publicado em 27/05/2020 às 14:02 | Atualizado em 27/05/2020 às 14:11
Jailton Júnior/JC IMAGEM
Ato pacífico em memória aos funcionários que atuavam no transporte público na RMR e morreram vítimas da Covid-19 - FOTO: Jailton Júnior/JC IMAGEM

Com informações da TV Jornal.

Sérgio Mateus de Queiróz, cobrador da empresa Borborema, Izaias Paulino, supervisor da Rodotur e Alexsandro Gonçalves, motorista de ônibus da empresa Caxangá. Estes são apenas três dos nove funcionários que trabalhavam em empresas de transporte público com atuação na Região Metropolitana do Recife, que tiveram suas vidas ceifadas pelo novo coronavírus. Em memória aos que se foram, e em apoio aos que ficam, um ato pacífico foi organizado pelo Sindicato dos Rodoviários na manhã desta quarta-feira (27), no Terminal Integrado do Barro, localizado na Zona Oeste do Recife.

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O propósito da iniciativa, além de prestar homenagem aos colegas que foram vítimas da Covid-19, foi chamar a atenção da sociedade e cobrar às empresas de transporte maior investimento na segurança e proteção de seus funcionários, que por trabalharem diariamente em contato direto com muitas pessoas, acabam se submetendo aos riscos de contágio do coronavírus. 

Jailton Júnior/JC IMAGEM
Ato pacífico em memória aos funcionários que atuavam no transporte público na RMR e morreram vítimas da Covid-19 - Jailton Júnior/JC IMAGEM
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Ato pacífico em memória aos funcionários que atuavam no transporte público na RMR e morreram vítimas da Covid-19 - Jailton Júnior/JC IMAGEM
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Ato pacífico em memória aos funcionários que atuavam no transporte público na RMR e morreram vítimas da Covid-19 - Jailton Júnior/JC IMAGEM
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Ato pacífico em memória aos funcionários que atuavam no transporte público na RMR e morreram vítimas da Covid-19 - Jailton Júnior/JC IMAGEM

Ao conversarem com a equipe de reportagem do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), alguns rodoviários revelarem que é difícil estabelecer um diálogo com seus patrões. De acordo com o grupo, a grande maioria da categoria trabalha com medo de contrair a doença, já que, muitas vezes, as empresas não disponibilizam os cuidados adequados de prevenção aos funcionários, e consequentemente aos passageiros. Segundo Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários, nem todas empresas estão entregando os equipamentos de proteção individual necessários. "A denúncia é para que todos os trabalhadores possam ter, minimamente, a proteção devida", explicou Aldo.

Outra queixa frequente foi em relação a retirada dos cobradores de algumas linhas, onde o motorista precisa, além de dirigir, ficar responsável em receber a passagem e passar o troco. Sem tempo hábil para realizar a higienização das mãos todas as vezes, os motoristas acabam se tornando muito mais propensos à infecção.

Jeremias da Silva, cobrador em uma empresa de transporte público da RMR, lamentou a morte de seu colega Aluísio José, que era motorista e faleceu também vítima do coronavírus."Não queremos mais que outros Aluísios e outros funcionários sejam vítimas desse vírus, por isso precisamos de melhores condições de trabalho", disse o cobrador em um apelo. 

Em nota, o Grande Recife informou que "desde o anúncio das primeiras medidas para conter o avanço da Covid-19 em Pernambuco, o Consórcio tem atuado com o objetivo de dar sua contribuição no setor do transporte público". De acordo com a empresa, diversas medidas de prevenção foram implementadas, como a distribuição de 30 mil máscaras, a disponibilização de ônibus extras nos TIs, a limpeza frequente dos terminais e veículos e a fiscalização para que os ônibus só circulem com passageiros sentados e de máscaras.

No entanto, rodoviários alegam o contrário. Segundo eles, a higienização dos veículos, por exemplo, é realizada apenas uma vez ao dia. Além disso, diferente do que foi informado pelo Grande Recife, motoristas e cobradores afirmam que, nos horários de pico, os ônibus já saem dos terminais extremamente lotados. E quando a superlotação não acontece nos terminais, acontece logo em seguida durante o trajeto.  A denúncia foi reiterada pelos passageiros, que assim como os rodoviários, reclamam da falta de eficácia na implementação das medidas de prevenção e temem por sua saúde.

Rosenildo da Silva, que trabalha como montador, utiliza o transporte público todos os dias. Para ele, mesmo com os riscos provocados pela pandemia, tantos as filas dos terminais quanto os ônibus continuam registrando aglomeração. Tumulto este, que segundo ele, nem os fiscais conseguem conter. "Esse ônibus não tem meta não, enche mesmo. Os ônibus saem todos lotados, fica essa bagunça toda", contou. 

Atraso nos salários

Além de todos esses problemas, o sindicato expôs que muitos motoristas e cobradores estariam trabalhando com o pagamento de seus salários atrasados, e outros estariam ainda sendo demitidos sem receber o dinheiro relacionado às rescisões. 

A reportagem do JC entrou em contato com o Grande Recife para questionar este possível atraso no pagamento dos funcionários. Até o momento, o Consórcio não se posicionou sobre o assunto. Assim que as respostas chegarem a matéria será atualizada. O Grande Recife é a empresa responsável por gerenciar a operação de 13 companhias de transporte público com atuação na Região Metropolitana do Recife.



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