caixas misteriosas

Novas caixas encontradas nas orlas do Recife e Paulista; saiba o que fazer se encontrar uma

A primeira e mais importante orientação para a população é não tocar nas caixas misteriosas

Alice Albuquerque
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Alice Albuquerque
Publicado em 29/06/2020 às 18:35 | Atualizado em 30/06/2020 às 10:44
CORTESIA/REBEKA MOLITERNO
Caixas misteriosas reapareceram na praia de Conceição, em Paulista - FOTO: CORTESIA/REBEKA MOLITERNO

Novas caixas "misteriosas" foram vistas em duas praias da Região Metropolitana do Recife nesta segunda-feira (29), depois de reaparecerem no último domingo (28), na praia de Serrambi, em Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco. Desta vez, as caixas apareceram nas praias de Boa Viagem, no Recife, e em Conceição, Paulista. As fotos das caixas foram enviadas para as redes sociais do JC.

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Quem avistou em Boa Viagem foi uma atendente que não quis se identificar. Ela informou que estava caminhando por volta das 10h50, próximo a Praça de Boa Viagem, quando avistou a caixa e fotografou. "Tinham algumas pessoas por perto também. Mas até onde vi, ninguém chegou a tocar. Não toquei e nem cheguei perto do material. Pela distância que eu estava, não dava para sentir cheiro de nada. Ainda devem estar pela praia, acho pouco provável que já tenham retirado", afirmou.

CORTESIA/ALICE FERREIRA
Caixas misteriosas reapareceram na praia de Boa Viagem, no Recife - CORTESIA/ALICE FERREIRA

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A comerciante Rebeka Moliterno que fez o registro em Paulista informou que também avistou uma caixa na última semana. "Falei até com meu esposo e o pessoal que faz funcional comigo. Comentei que era estranho. Ontem, vi que vocês postaram no Jornal do Commercio que estava aparecendo em outros cantos também. Hoje, eu vi duas e não toquei para saber o que era. O material parece um plástico grosso (tipo aqueles de mangueira trançada)", relatou.

O que fazer ao encontrar as caixas

O biólogo e oceanógrafo da Universidade de Pernambuco (UPE) Clemente Coelho explicou que a primeira medida é não tocar nas caixas misteriosas. "As caixas já têm uma perícia e são fardos de látex. O laudo entregue pela Polícia Federal em outubro deu esse diagnóstico. O látex é material de seringueira, e ele em si não é nocivo à saúde. Porém, na produção, quando faz a cura do material, são utilizados compostos químicos que podem possuir moléculas e até metais pesados. É importante que a população evite tocar", orientou.

A segunda medida a ser tomada pela população ao encontrar o material nas praias é entrar em contato com os órgãos públicos locais para que o material seja recolhido.

De acordo com Clemente, após o recolhimento, os órgãos devem destinar o material a aterros sanitários. "Cabe a prefeitura e o órgão público responsável por limpeza recolher esse material e levar a um aterro sanitário e não dispor em lugar inadequado, como lixões, ou em qualquer lugar que ele possa ser dispersado". O professor completou, ainda, que a reciclagem pode ser um destino "mas acho que não temos no Estado alguma empresa que faça esse tipo de reciclagem".

A terceira medida é entrar em contato com o órgão ambiental do Estado, informando a localização que o material foi encontrado "porque já tem estudos que apontam a origem desses fardos". O contato da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) pode ser feito pela ouvidoria Ambiental, através do endereço ouvidoriaambiental@cprh.pe.gov.br ou através do telefone (81) 3182-8800.

A reportagem do JC procurou órgãos envolvidos para dar explicações com relação ao que deve ser feito e o destino do material.

Através de nota, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que "a investigação em relação a esses fardos está sendo conduzida pela Marinha do Brasil. E a destinação dos fardos está com as prefeituras".

Por sua vez, também através de nota, a Marinha do Brasil afirmou que "não houveram registros de acidentes náuticos na região que justifiquem o aparecimento dos "pacotes sem identificação" que estão sendo encontrados no litoral do Nordeste desde 2018", e também disse que as Capitanias dos Portos envolvidas estão acompanhando o caso.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife também foi procurada e comunicou que a faixa de areia é de responsabilidade da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH). Procurada, a CPRH informou que, segundo o diretor Eduardo Elvino, a faixa de areai é de responsabilidade do Ibama e a Capitania dos Portos.

Primeiros registros

Além de Pernambuco, outros estados contaram com a presença das caixas 'misteriosas'. O primeiro registro do objeto foi feito em no dia 24 de outubro de 2018 em uma praia em Alagoas. Após isto, praias do Ceará também registraram a aparição dos pacotes.

O que diz o laudo técnico sobre danos ao meio ambiente

De acordo com o laudo técnico realizado em abril de 2019, os materiais podem ser poluentes ao entrarem em contato com o meio ambiente.

"Apesar de ser classificado como produto inerte, não solúvel em água, o mesmo pode carrear metais e outros compostos para o solo e águas, uma vez que no seu processo de cura são utilizados enxofre, zinco, óleos e outros compostos. No caso em tela, a presença em ambiente marinho é um fator de risco, podendo fragmentos do material serem ingeridos por espécies como tartarugas e tubarões.", diz trecho do laudo.

Origem

Em outubro de 2019, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriram a origem dos fardos de borracha encontrados na costa do Nordeste. A equipe estava estudando dados históricos, físicos e biológicos para explicar o surgimento das manchas de petróleo que estavam sendo registradas no litoral nordestino. Após análise das informações, chegaram à conclusão de que os fardos vieram do navio alemão SS Rio Grande, naufragado na costa do Recife, em Pernambuco, em 1941.

CORTESIA/ALICE FERREIRA
Caixas misteriosas reapareceram na praia de Boa Viagem, no Recife - FOTO:CORTESIA/ALICE FERREIRA

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