COVID-19

Pernambuco anuncia plano de retomada sem detalhar expansão de testagem

Gestão anunciou ampliação da base de testagem, que hoje é de 9,4 mil testes por semana, mas não detalhou novos números

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 01/06/2020 às 22:20 | Atualizado em 01/06/2020 às 22:23
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Movimento no centro do Recife durante a pandemia do novo coronavírus, Covid-19, Na rua do Imperador, Pernambuco, Brasil. - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Apontada como um dos pontos-chave para a retomada das atividades econômicas em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a testagem da população para a doença ainda é um desafio em Pernambuco. Nesta segunda-feira (1º), o Governo do Estado detalhou o Plano de Convivência com a Covid-19 e anunciou a ampliação da testagem, mas não forneceu detalhes sobre a ampliação da base, que hoje é de 9.400 testes RT-PCR por semana, ainda que o número de casos seja o termômetro para a flexibilização das medidas restritivas.

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"Uma das fases do plano de convivência com a covid é ampliação da capacidade de testagem. Estamos trabalhando na aquisição de máquinas. Teremos maior testagem em todo o Estado, notadamente no interior", afirmou o secretário de Saúde de Pernambuco André Longo. Segundo ele, um convênio com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, está sendo firmado para que a testagem possa ser feita no interior do Estado. Os equipamentos adquiridos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) também serão enviados ao município. A expectativa é de que a testagem inicie ainda em junho. A reportagem procurou a Univasf, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.

De acordo com o governo do Estado, o plano de retomada, que será colocado em prática ao longo de 11 semanas, levará em consideração três indicadores: o crescimento do número de casos graves, de mortes e a demanda pelo sistema de saúde. São eles que devem ditar o quão rápido o Estado entrará na "nova normalidade." Mas sem a testagem, alertam especialistas, o Executivo estadual pode não conseguir ter uma dimensão real do número de doentes.

Para o médico sanitarista Tiago Feitosa, o número de testes realizados hoje no Estado é insuficiente. "Pernambuco testa metade da testagem do Ceará, isso nos faz crer que existe uma subnotificação enorme. Pelas projeções, só temos conhecimento de 10% da realidade, e isso dificulta uma volta segura", argumenta. "Muito se fala sobre a interiorização dos casos, mas sem os testes, não saberemos a dimensão e o caminho do vírus. É possível que se tenha mais casos no interior, que não estão sendo visualizados direito porque o número de testes é menor", completa.

O especialista alerta que pode ser precipitado iniciar a retomada das atividades nessas circunstâncias. "Observamos em outros lugares do mundo que esse processo de abertura iniciou pelo menos duas semanas após o decréscimo dos casos e óbitos. Em Pernambuco, temos uma estabilização do platô em um nível alto de transmissão. Não existe uma tendência de redução sustentada, o que seria uma justificativa para essa abertura", afirma. Segundo ele, há o risco de uma nova onda de infecção, que pode

A fila de espera por leitos de UTI também é uma preocupação. "Setenta pessoas na fila por um leito de UTI é muita gente, considerando que o acesso é definidor para manutenção da vida. Outra questão que tem que ser ponderada é que os leitos de UTI ainda estão lotados e ainda temos fila de pessoas esperando para ter acesso. É um sinal de que deveríamos investir mais no isolamento social e pensar em abertura quando tivermos pelo menos 14 dias (tempo de incubação do vírus) de decréscimo sustentado de casos e óbitos."

Segundo a SES, os testes são feitos em grupos prioritários, como casos graves, profissionais de saúde com síndrome gripal; profissionais de segurança pública em atividade, contatos domiciliares de profissionais de saúde e de segurança pública, pessoas privadas de liberdade e recém-nascidos.

Em maio, a Câmara Municipal do Recife protocolou um requerimento à Prefeitura para que os testes fossem massificados. O documento cita o exemplo de outras cidades brasileiras, como Goânia, Aparecida de Goiana, Santo André, além do Distrito Federal, que adotaram a estratégia.

 

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