Na manhã deste sábado, um grafite com o rosto de menino Miguel Otávio, 5 anos, foi desenhado em um dos muros que fica na frente do prédio onde ele caiu, no Centro do Recife. A homenagem partiu do tatuador e grafiteiro Leo Gospel, 42 anos. Ele reproduziu uma imagem do menino em que ele usa óculos. Ao redor do desenho escreveu as palavras amizade, luta, força, justiça e Te amo, mãe.
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Miguel morreu na última terça-feira (02), após cair de altura de 35 metros do Edifício Píer Maurício de Nassau, conhecido como uma das Torres Gêmeas, no bairro de São José. A mãe dele, Mirtes Renata, trabalhava como empregada doméstica em um dos imóveis.
Ela desceu do apartamento, no 5º andar, para passear com o cachorro dos patrões quando tudo aconteceu. O menino ficou sob responsabilidade de Sarí Gaspar Corte Real, patroa de Mirtes. Sarí deixou que Miguel entrasse sozinho no elevador para procurar a mãe. Foi quando ele caiu do 9º andar. O caso ganhou repercussão nacional. Na sexta-feira (05) houve um protesto em frente ao condomínio.
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“Senti necessidade de expressar de alguma forma o que aconteceu. Como sou ilustrador e tatuador, decidi que deveria ser com arte. Assim que amanheceu hoje (sábado) fui fazer o desenho. Escolhi palavras que não agredissem ninguém. Que, ao contrário, trouxessem um pouco de conforto. Gostaria de ter participado do protesto que houve sexta-feira, mas tinha um compromisso de trabalho”, contou Leo, que tem um casal de filhos, com idades de 8 e 11 anos.
Ele gastou cerca de duas horas para pintar o painel, que mede aproximadamente 3,5 metros de altura. "Trouxe tintas e uma escada. Vim sozinho. Enquanto eu pintava, pensava em outras crianças vítimas de violência no Brasil. O grafite é também uma homenagem a elas", comentou Leo. O artista citou o adolescente João Pedro Mattos, 14 anos, baleado e morto durante operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, no dia 18 de maio.
NEGLIGÊNCIA
Sarí Corte Real ficou responsável pela guarda de Miguel, enquanto Mirtes havia descido para passear com o cachorro na rua. As imagens do circuito de segurança do prédio em que a família da primeira-dama mora mostram o momento em que a criança entra no elevador, seguida pela patroa de Mirtes, que conversa e gesticula na porta.
A mulher aperta um botão no painel do elevador e, em seguida, a porta se fecha. Miguel sobe sozinho. O equipamento para no 7º andar, mas o garoto não desce. A porta se fecha novamente e o elevador segue até o 9º andar. Foi de lá que ele caiu, ao se projetar por um guarda-corpo, que cedeu.
A mãe do menino, acompanhada de funcionários do prédio, encontrou a criança caída, ainda com vida. Foi Sarí quem levou Mirtes e Miguel para o Hospital da Restauração, onde o garoto veio a falecer pouco depois de dar entrada na unidade. Sarí foi presa, mas pagou fiança de R$ 20 mil e vai responder o inquérito em liberdade.
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