COVID-19

Recife tem "queda expressiva" no atendimento de casos leves de coronavírus nas unidades básicas de saúde

"É uma queda expressiva, [mas] ela não permite que relaxemos, de maneira nenhuma, não quero passar uma mensagem de excessivo otimismo, mas da cautela e da necessidade de programação", disse Jailson Correia, secretário de Saúde do Recife, durante coletiva de imprensa online

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 10/06/2020 às 11:48 | Atualizado em 10/06/2020 às 13:09
YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife - FOTO: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM

As unidades básicas de saúde (UBS) do Recife registraram uma queda nos atendimentos diários referentes ao novo coronavírus, em comparação entre a primeira quinzena de maio — quando a média era de aproximadamente 500 atendimentos diários — e o período entre o dia 15 de maio até essa terça-feira (9) — que apresentou média de 320 atendimentos ao dia. Os finais de semana não são contabilizados. Em coletiva de imprensa online, realizada nesta quarta-feira (10), o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, afirmou que, desde o começo da pandemia, o dia de menor movimento nas unidades foi na última sexta-feira, dia 5 de junho.

As segundas-feiras são os dias mais movimentado nas UBS, e, nesta última, dia 8 de junho, foram feitos 303 atendimentos na capital pernambucana. O pico de atendimentos nas unidades foi no dia 11 de maio, também uma segunda-feira, com 706 pacientes. “Se a gente pega o dado da segunda-feira, dia que tem maior movimento na atenção básicas nas unidades dedicadas à covid-19, no dia 11 de maio tivemos o pico com 706 atendimentos em um único dia, caindo para 303 atendimentos nessa segunda, dia 8 de junho. O dia que tivemos menor número de atendimentos foi a última sexta-feira, com 186 atendimentos”, expôs o secretário.

O chefe da pasta afirmou que a gestão tem “visto que Recife, inclusive até um pouco antes do restante de Pernambuco, tem mostrado uma tendência de diminuição nos atendimentos em várias áreas”. Outro âmbito que o secretário se referiu foi a queda percebida no “Atende em Casa” plataforma desenvolvida em parceria pela Prefeitura do Recife e Governo do Estado para orientação à distância sobre a covid-19. Segundo a gestão municipal, aproximadamente 8.5 mil cadastros foram realizados na primeira quinzena de maio, enquanto do dia 15 de maio até esta quarta-feira (10) — período com 16 dias a mais que o anterior — foram aproximadamente 6 mil cadastros, uma diminuição superior a 29%. “O Atende em Casa teve seu pico de atendimentos na última semana de abril, no dia 27, quando teve mais de 900 atendimentos, enquanto, no começo da última semana, caíram para menos de 100 atendimentos diários”.

Chamados e ativações de ambulâncias

Outro indicador foi a redução em quase 70% no número de chamados registrados por causas respiratórias registrados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano do Recife. Segundo a Prefeitura, neste período o número caiu de uma média de 160 para cerca de 50. No entanto, “nem todo chamado resulta em uma ativação de ambulância, então esses chamados são filtrados, os telereguladores e médicos do SAMU fazem o atendimento e disparam as ambulâncias”, explicou Correia.

Assim, a queda na ativação de ambulâncias para prestar socorro a pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) também foi atestada pelo Samu Recife que, no início de maio, atendia cerca de 60 chamados diários, enquanto que, no início de junho, número caiu para cerca de 30, uma redução de 50%. “O acionamento das UTIs móveis para os casos mais graves chegou a cerca de 20 por dia, na primeiras semanas de maio, enquanto atualmente está abaixo de cinco acionamentos diários”, disse a Prefeitura, por nota.

Ainda que a diminuição nos atendimentos seja notada, esta não permite que medidas de isolamento social e combate ao vírus sejam relaxadas, segundo o secretário. “É uma queda expressiva, [mas] ela não permite que relaxemos, de maneira nenhuma, não quero passar uma mensagem de excessivo otimismo, mas da cautela e da necessidade de programação”.

Achatamento da curva de casos e mortes

Levantamento da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) indica que Recife vem apresentando achatamento na curva de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) confirmados para a covid-19 desde 20 de abril, dia que cerca de 215 pessoas da capital pernambucana tiveram primeiros sintomas da SRAG, maior número desde fevereiro. Entretanto, a diminuição não foi consecutiva, ou seja, houve dias de aumento, mas sempre abaixo do pico. No dia 7 de junho, último registro, houve apenas um caso de início de sintomas, menor número desde o dia 26 de fevereiro. “Quando a gente olha para esse dado da SRAG, a gente tem percebido a redução do número de casos e óbitos, o que nos assegura que a curva, tão preocupante, realmente conseguiu ser achatada e já está em um processo de desaceleração na cidade do Recife”, disse o secretário.

Jailson garantiu que há um esforço conjunto da prefeitura e do Governo do Estado para a realização de testes e consequente diminuição da subnotificação. “Temos feito um esforço importante, tanto a prefeitura quanto o Governo do Estado, para a ampliação das testagens. Já são mais de 15 mil testes feitos por semana, o que garante que a gente possa ter uma melhor visão do que acontece em toda cidade”.

Chegada de respiradores

No início da coletiva de imprensa, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), anunciou a chegada de mais 13 respiradores, completando o lote de 100 que foram comprados na Turquia. Da última semana para esta, foram recebidos 155 equipamentos para uso exclusivo de pacientes com a covid-19. "Hoje a gente anuncia a chegada de mais 13 respiradores comprados na Turquia, completando uma compra de 100 no país. A gente chega a 155 recebidos somente da semana passada até aqui, que vão atender os pacientes da covid nos 228 leitos que já abrimos no Recife, que não tinha nenhum leito de uti geral antes da pandemia".

O prefeito pede que a população permaneça em casa, só saindo pela necessidade de trabalhar ou para abastecer os armários com alimentos. "As pequenas reaberturas que estão sendo feitas de atividades e segmentos não podem representar uma mudança de atitude das pessoas. Só deve sair de casa quem está indo trabalhar ou que está saindo para fazer compras para abastecer sua família. É muito importante que todos permaneçam em casa e que a gente consiga manter os índices de isolamento mudando, somente, pelos segmentos que foram abertos".

Serviço de teleacolhimento

O secretário de saúde do Recife comentou, durante coletiva, sobre a importância da humanização do atendimento médico e do cuidado com a saúde mental dos pacientes durante a pandemia. Para esse acompanhamento, ele recomendou o serviço de teleacolhimento, que acontece por meio do aplicativo Atende em Casa. "Quando elas fazem a orientação e o profissional percebe sinais de ansiedade e angustia, essas pessoas têm sito transferidas para um teleacolhimento com 80 profissionais da rede de atenção psicossocial. São psicólogos, assistentes sociais, profissionais das chamadas praticas integrativas, que em sistema de rodízio conversam com essas pessoas e fazem essa orientação pelo telefone". O aplicativo já tem mais de 43 mil cadastros, segundo o gestor.

Os profissionais de saúde da rede municipal que percebem danos em sua saúde emocional também podem ser atendidos pelo Acolhe Profissional, através do e-mail [email protected]. "Por meio de uma mensagem ou e-mail o profissional pode solicitar um momento de teleorientação também com esses profissionais da saúde mental através do email, restrito aos servidores da prefeitura", explicou Jailson.

Abertura de templos religiosos

Por fim, foi abordada na coletiva a aprovação na Câmara Municipal do Recife, nessa terça-feira (9), do requerimento que pede a reabertura das instituições religiosas após a vigência do decreto estadual de 11 de maio, quando foram intensificadas as medidas restritivas voltadas à contenção da curva de disseminação do coronavírus. De autoria da vereadora Michele Collins (PP), o texto teve 25 votos favoráveis e um contrário, do vereador Ivan Moraes (PSOL).

O gestor da saúde expôs que a abertura dos templos será gradual, como em todas as áreas, para garantir a segurança dos fiéis e da população. "Todas as ações de reabertura são discutidas no ambiente técnico do Comitê Estadual e da Prefeitura, que conta com apoio de especialistas de diversas áreas do conhecimento, reunidos pelo Porto Digital. Cada atividade é analisada para uma reabertura gradual, no tempo certo e com os protocolos adequados, para que se possa buscar a segurança dos fieis e da população em geral".

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