Aferição de temperatura e higienização das mãos com álcool em gel na entrada, distanciamento de um metro e meio na recepção e guichês de atendimento intercalados. No Recife, o primeiro de funcionamento de clínicas e laboratórios, nesta quarta-feira (10), foi de movimentação tranquila e novos protocolos para o atendimento dos clientes. A reabertura é mais uma etapa do Plano de Convivência com a Covid-19, anunciado pelo Governo de Pernambuco, que permite, também nesta quarta, o funcionamento de óticas, consultórios médicos, odontológicos, de fisioterapia, de psicologia e veterinários.
"As adequações são diversas. Só na portaria da Secretaria de Saúde foram mais de 30 itens. Vai desde controle de temperatura na entrada do hospital para colaboradores, pacientes e médicos, até protocolos específicos de higiene, com o aumento da frequência de limpeza de todos os ambientes de espera, de consultórios, de recepção, de bloco cirúrgico", explica Vasco Bravo Filho, diretor clínico e oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), que fica no bairro da Ilha do Leite, na área Central do Recife. Entre as mudanças apontadas por Vasco, também está o limite de atendimento de até duas pessoas por hora, redução no número de cadeiras na recepção e protetores específicos dentro dos consultórios.
Desde o lockdown, período de medidas mais rígidas de isolamento e distanciamento social, que ocorreu em cinco cidades de Pernambuco entre 16 e 31 de maio, apenas a emergência do hospital estava aberta. Nesta quarta, a unidade retornou os atendimentos eletivos, ou seja, aqueles marcados, como consultas e exames. Segundo Vasco Bravo, o hospital teve uma queda de cerca de 80% nos atendimento durante o período em que ficou com setores fechados. Agora, o desafio é o retorno das atividades com a adequação às mudanças. "Percebemos, desde o término do lockdown, que houve um aumento da procura, das ligações. Esse aumento vem refletindo também nas consultas. Os médicos, aos poucos, vão voltando aos seus horários, mas seguindo todas as recomendações", comenta.
A artista plástica Marília Lacerda, de 70 anos, precisou marcar uma consulta oftalmológica nesta quarta, para fazer o acompanhamento de uma emergência que teve no período de quarentena mais rígida. "Eu acho que as clínicas e os consultórios continuam necessários para as pessoas que não têm coronavírus. Com cuidado, como aqui teve, acho muito conveniente. Eu me senti muito segura, desde a portaria, até agora, com muita segurança", declara.
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Outro setor que também teve a reabertura nesta quarta-feira foi o de laboratórios. Foi o caso do Centro de Diagnóstico Boris Berenstein, que fica no Derby, também na área Central do Recife. No local, além das medidas como aferição de temperatura e higienização das mãos, também houve uma separação no atendimento, entre pessoas que têm suspeita do novo coronavírus e quem não tem. Para fazer exame, o cliente tem que fazer o agendamento pelo telefone ou internet e, a partir deste momento, já é feita uma triagem. "O principal ponto da clínica agora é que a gente não cruze paciente com sintoma e sem sintoma. A gente tem que orientar todo mundo para que haja segurança para todos, e que a gente não desassista quem precise fazer exame para alguma complicação da covid-19", disse o diretor-médico, Leon Berenstein.
De acordo com ele, a clínica fazia, antes da pandemia do novo coronavírus, uma média de mil exames por dia, porém, após as medidas restritivas, o número reduziu para apenas 15% da movimentação anterior. Das seis unidades que centro possui, apenas uma ficou em funcionamento durante o lockdown. Nesta quarta, todas foram reabertas. "Em um primeiro momento, tivemos uma queda. Agora, a procura por exames e marcações aumentou bastante", acrescenta Leon.
A consultora de vendas Amanda Albuquerque, de 28 anos, descobriu que havia fraturado um osso da perna durante a quarentena. Como tem os pais idosos, ela preferiu não sair de casa, mesmo com exames pendentes, por medo de contrair o novo coronavírus. Nesta quarta, ela aproveitou a reabertura da clínica para dar continuidade ao tratamento. "Eu parei por um tempo porque fiquei receosa. Meu pai tem pressão alta e diabetes, eu fiquei com medo. Mas agora, com essa retomada, está um pouco mais estabilizado e eu realmente estou precisando. Preferi dar uma chance. Eu me senti segura até porque, quando eu cheguei, tinha um medidor de temperatura, isso é bastante importante", relata.
A primeira etapa de reabertura econômica aconteceu na primeira segunda-feira (1) deste mês, quando a operação de lojas físicas de material de construção e o funcionamento, exclusivamente por delivery, do comércio não essencial foi liberado. Na última segunda (8), houve a retomada dos trabalhos da construção civil. Já nesta quarta-feira (10), acontece a retomada de diversos serviços de saúde. Clínicas e consultórios médicos, odontológicos e veterinários, óticas, clínicas de fisioterapia e de psicologia, retornam às suas atividades. Na próxima segunda-feira (15), acontecerá a reabertura gradual do varejo para lojas de até 200 metros quadrados. Serviços de venda, locação e vistoria de veículos também voltarão a funcionar na mesma data, assim como salões de beleza e serviços de estética.
Transporte público
Com mais uma etapa da retomada das atividades econômicas em Pernambuco nesta quarta-feira (10), o transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) continua sem receber reforço nas frotas, e, por conta disso, em algumas linhas da cidade, o grande número de passageiros, somados a poucos veículos, têm provocado aglomerações, grandes filas e desrespeito ao decreto de distanciamento mínimo de 1,5 metros entre as pessoas.
Por volta das 6h, a equipe do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) esteve no Terminal Integrado de Afogados, localizado na Zona Oeste do Recife, onde a movimentação era visivelmente menor do que em dias normais, o que não significou falta de filas e agrupamentos de pessoas. De acordo com passageiros, mesmo que eles tentem manter a distância mínima indicada pelos órgãos de saúde, não conseguem, pois as filas sempre estão muito cheias e todos querem embarcar nos veículos o quanto antes.
Já no Terminal Integrado do Barro, também na Zona Oeste da cidade, a movimentação de pessoas era tranquila, comparado ao que se registrava antes da pandemia. Nas filas, o desrespeito ao distanciamento social também foi observado, e, mesmo sem o registro de ônibus saindo com passageiros em pé, alguns usuários do transporte público relataram que os veículos até saem com o quantitativo ideal de pessoas, mas é durante o percurso que a situação aperta e o ônibus lota.
Apenas 54% da frota dos ônibus está em operação no Grande Recife. Para tentar suprir a necessidade, existe uma estocagem extra de 120 ônibus nos terminais de Joana Bezerra, Tancredo Neves, Macaxeira, Caxangá, Aeroporto, Jaboatão, Barro, TIP, Cajueiro Seco, Xambá, PE-15, Camaragibe, Pelópidas Silveira, Igarassu, Abreu e Lima e Cabo.
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