protesto

Ex-funcionários da empresa Metropolitana impedem saída de ônibus da garagem no Recife

Os ex-funcionários demitidos protestaram pedindo pagamento do FGTS, da multa rescisória e do aviso prévio, além da reintegração deles na empresa. O protesto terminou por volta das 8h

Manuela Figuerêdo
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Manuela Figuerêdo
Publicado em 19/06/2020 às 7:11 | Atualizado em 19/06/2020 às 12:42
Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - FOTO: Wellington Lima

Um grupo de cerca de 40 cobradores e motoristas que foram demitidos da Metropolitana protestou na madrugada desta sexta-feira (19) impedindo a saída dos ônibus da garagem empresa, localizada em Jardim Uchôa, Zona Oeste do Recife. A manifestação aconteceu até as 8h. Eles afirmavam não ter recebido o pagamento do FGTS, da multa rescisória e do aviso prévio. Com o protesto, a situação, que já é difícil, ficou crítica para os trabalhadores que dependem de uma das 57 linhas da empresa que atendem terminais integrados como o da Macaxeira e do Barro. Segundo dados da empresa, são 170 mil passageiros contemplados diariamente por uma frota de 339 ônibus. 

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Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - Wellington Lima
Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - Wellington Lima
Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - Wellington Lima
Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - Wellington Lima
Wellington Lima
Protesto dos ex-funcionários da Metropolitana - Wellington Lima

A principal demanda do protesto era o cancelamento das demissões e a reintegração dos trabalhadores na empresa, além dos devidos pagamentos a todos os ex-funcionários. A demissão deles aconteceu no início da pandemia do coronavírus. Esse foi o caso da cobradora Adélia Cardoso, de 47 anos, que trabalhava há 2 anos e 7 meses na empresa, desligada no dia 31 de março. “Fui demitida junto com 382 outros funcionários”, relata. Segundo o Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, a demissão foi ilegal. “Todos foram demitidos sem aviso prévio e sem o pagamento da multa rescisória e dos 40% do FGTS, um direito desses trabalhadores".

Adélia foi ao protesto porque deseja ser reintegrada. Após pressão, a empresa informou, através de documento aos ex-funcionários, que pagará as verbas pendentes na próxima segunda-feira (22). Nenhuma das pessoas demitidas conseguiu o auxílio-desemprego porque a empresa alega falência. Os ex-funcionários contestam. “Eles colocaram como se a empresa tivesse decretado falência e isso é uma fraude. Por causa disso, o Ministério do Trabalho não libera o seguro”, conta Adélia. Só quando os funcionários forem pagos, poderão dar entrada ao auxílio-desemprego. Entretanto, a reintegração desejada pela cobradora e muitos outros funcionários continua sem prazo. A cobradora relata que está sem dinheiro há três meses, dependendo de ajuda, inclusive, do sindicato, que tem fornecido cestas básicas para os ex-funcionários. “Recebi nesta sexta-feira as cestas básicas. Meu armário está vazio. Estou devendo aluguel e as contas só têm se acumulado”, diz Adélia, que tem uma filha de 5 anos.

Tanto Adélia como Aldo confirmam que caso esse pagamento não seja feito, a categoria voltará a protestar na próxima semana, juntamente com a pressão para a reintegração dos funcionários que foi autorizada pela justiça. “A decisão da justiça cancelou essas demissões em massa e a Metropolitana está descumprindo. Foram 14 ações contra diversas empresas e 10 liminares decidiram cancelar essa demissões”, explica Aldo Lima. “A gente só quer que seja cumprida a decisão. Mais de 3 mil trabalhadores perderam seus empregos”, reforça o presidente do sindicato. Procurada, a empresa Metropolitana não deu retorno à reportagem.

Wellington Lima
Garagem da empresa Metropolitana em Jardim Uchôa - Wellington Lima
Wellington Lima
Garagem da empresa Metropolitana em Jardim Uchôa - Wellington Lima
Wellington Lima
Garagem da empresa Metropolitana em Jardim Uchôa - Wellington Lima
Wellington Lima
Garagem da empresa Metropolitana em Jardim Uchôa - Wellington Lima

Terminais afetados

Um dos terminais integrados mais afetados pela paralisação foi o Terminal Integrado do Barro. Das 11 linhas que circulam, oito são da empresa Metropolitana. De acordo com a repórter da Rádio Jornal, Cinthia Ferreira, os trabalhadores ficaram revoltados com a situação. O auxiliar de serviços gerais Bonésio da Silva conta que chegou na parada para pegar o ônibus às 5h40, mas não conseguiu e teve que ir de metrô até o terminal do Barro. “Quando chego no metrô, está essa bagunça. A gente fala com a Grande Recife e eles dizem que não podem fazer nada. Quando a gente reage, chamam a polícia”, conta.

A empresa Vera Cruz, que também atende o terminal, emprestou três ônibus que saíram abarrotados de passageiros para fazer o percurso de linhas da Metropolitana. “Chamam três carros para atender todo mundo e acham que vai caber. Essa empresa é uma bagunça. Já devia ter saído”, relata Bonésio, que pega diariamente a linha Barro/Macaxeira. Os trabalhadores tentaram impedir que outros ônibus saíssem. “Se a gente não pode trabalhar, ninguém pode ir. O certo é a Grande Recife resolver”.

Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos
Bruno Campos
Confusão e ônibus lotado no TI Barro devido a paralização da Empresa Metropolitana. - Bruno Campos

Respostas

A Urbana-PE, Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco, emitiu nota em resposta à situação. O sindicato informou que "mais uma vez o Sindicato dos Rodoviários impede a circulação dos ônibus na Região Metropolitana do Recife". Ainda, disse que o protesto deixou "desatendidas todas as linhas operadas pela empresa, prejudicando a população." A Urbana-PE, no texto, fez um apelo ao Sindicato dos Rodoviários para não promover paralisações no serviço, especialmente durante a pandemia. "Interromper o serviço dos ônibus agrava ainda mais os desafios da mobilidade urbana no contexto atual, compromete a operação e provoca atrasos e aglomerações nos terminais e paradas", finaliza o texto.

O Grande Recife Consórcio de Transporte também respondeu, em nota, que foi surpreendido nesta manhã, com o protesto do Sindicato dos Rodoviários em frente à garagem de ônibus da Metropolitana. "Até às 6h, nenhum dos 172 coletivos da empresa que estão programados para circular hoje saiu da garagem, comprometendo a operação nos terminais Jaboatão, Barro, Macaxeira, Santa Luzia e Recife" diz texto.

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