ITAMARACÁ

Caixa 'misteriosa' aparece na praia do Sossego, no Litoral Norte de Pernambuco

A caixa foi encontrada nesta quarta-feira (1°) em praia de Itamaracá

JC
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Publicado em 01/07/2020 às 16:45 | Atualizado em 01/07/2020 às 17:57
DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DE ITAMARACÁ
Equipes da Secretaria de Meio Ambiente foram até o local para recolher o material - FOTO: DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DE ITAMARACÁ

Foi registrado o aparecimento de mais uma caixa "misteriosa" no litoral de Pernambuco. Dessa vez, na praia do Sossego, em Itamaracá, Litoral Norte do Estado. Em nota divulgada nesta quarta-feira (1°), a prefeitura informou que "as caixas que vêm aparecendo nas praias da Ilha são as mesmas de material Látex iguais as que apareceram em 2018, onde na ocasião a Polícia Federal emitiu um laudo informando que essas caixas não contém nenhum risco à população e podem ser utilizadas para reciclagem".

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Ainda segundo a prefeitura de Itamaracá, a Secretaria de Meio Ambiente do município foi até o local para fazer o recolhimento e a destinação correta do material. Caso alguma pessoa encontre outras caixas "misteriosas", a orientação é de que entre em contato com a secretaria por meio do número de WhatsApp (81) 98161 7402.

Procurada pela reportagem do Jornal do Commercio, a Marinha do Brasil informou que "não foram registrados acidentes náuticos na região que justifiquem o aparecimento dos 'pacotes sem identificação' que estão sendo encontrados no litoral do Nordeste desde 2018". Ainda segundo o órgão, as Capitanias dos Portos envolvidas estão acompanhando o caso.

O JC também entrou em contato com a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH)e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para saber mais detalhes, mas até o momento não obteve retorno.

Caixas encontradas em Ipojuca, Recife e Paulista

No dia 28 de junho, novas caixas "misteriosas" foram vistas na praia de Serrambi, localizada no município de Ipojuca, Litoral Sul do Estado. "Caminhando na praia, eu encontrei esses fardos, que pareciam ser de borracha", contou a agrônoma Martha Lisboa.

Já na segunda-feira (29), as caixas foram vistas nas praias de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e Conceção, Paulista.

O que fazer ao encontrar as caixas

O biólogo e oceanógrafo da Universidade de Pernambuco (UPE) Clemente Coelho explicou que a primeira medida é não tocar nas caixas misteriosas. "As caixas já têm uma perícia e são fardos de látex. O laudo entregue pela Polícia Federal em outubro deu esse diagnóstico. O látex é material de seringueira, e ele em si não é nocivo à saúde. Porém, na produção, quando faz a cura do material, são utilizados compostos químicos que podem possuir moléculas e até metais pesados. É importante que a população evite tocar", orientou.

A segunda medida a ser tomada pela população ao encontrar o material nas praias é entrar em contato com os órgãos públicos locais para que o material seja recolhido.

De acordo com Clemente, após o recolhimento, os órgãos devem destinar o material a aterros sanitários. "Cabe a prefeitura e o órgão público responsável por limpeza recolher esse material e levar a um aterro sanitário e não dispor em lugar inadequado, como lixões, ou em qualquer lugar que ele possa ser dispersado". O professor completou, ainda, que a reciclagem pode ser um destino "mas acho que não temos no Estado alguma empresa que faça esse tipo de reciclagem".

A terceira medida é entrar em contato com o órgão ambiental do Estado, informando a localização que o material foi encontrado "porque já tem estudos que apontam a origem desses fardos". O contato da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) pode ser feito pela ouvidoria Ambiental, através do endereço [email protected] ou através do telefone (81) 3182-8800.

Primeiros registros

Além de Pernambuco, outros estados contaram com a presença das caixas 'misteriosas'. O primeiro registro do objeto foi feito em no dia 24 de outubro de 2018 em uma praia em Alagoas. Após isto, praias do Ceará também registraram a aparição dos pacotes.

O que diz o laudo técnico sobre danos ao meio ambiente

De acordo com o laudo técnico realizado em abril de 2019, os materiais podem ser poluentes ao entrarem em contato com o meio ambiente.

"Apesar de ser classificado como produto inerte, não solúvel em água, o mesmo pode carrear metais e outros compostos para o solo e águas, uma vez que no seu processo de cura são utilizados enxofre, zinco, óleos e outros compostos. No caso em tela, a presença em ambiente marinho é um fator de risco, podendo fragmentos do material serem ingeridos por espécies como tartarugas e tubarões.", diz trecho do laudo.

Origem

Em outubro de 2019, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriram a origem dos fardos de borracha encontrados na costa do Nordeste. A equipe estava estudando dados históricos, físicos e biológicos para explicar o surgimento das manchas de petróleo que estavam sendo registradas no litoral nordestino. Após análise das informações, chegaram à conclusão de que os fardos vieram do navio alemão SS Rio Grande, naufragado na costa do Recife, em Pernambuco, em 1941.

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