A Prefeitura do Recife (PCR) ainda estuda com cautela a volta às aulas na rede municipal de ensino da cidade. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), explicou na manhã desta quarta-feira (22) que a PCR está analisando como outras cidades brasileiras têm se comportado nessa questão e que a volta às aulas na rede básica continua sem previsão. As escolas da rede municipal, assim como escolas e faculdades particulares, estão com as aulas suspensas desde 18 de março após decreto estadual devido à pandemia do coronavírus. Portanto, o retorno das aulas da rede municipal do Recife, assim como de todos os municípios do estado, não depende das prefeituras, mas sim do Governo de Pernambuco.
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"A gente estuda o que está acontecendo em outras cidades brasileiras e o que está acontecendo em outras cidades do mundo para que a gente possa fazer aqui da melhor maneira. Estamos fazendo tudo com cautela e com base em dados científicos. A parte das escolas ainda aguarda análise de dados sobre o risco de contaminação, então a gente ainda não tem uma data definida", explicou em entrevista à Rádio Clube.
Em abril, a PCR chegou a publicar uma dispensa de licitação para a compra de smartphones, com acesso a internet incluído, para que os alunos estudassem através de uma plataforma digital durante a pandemia. Cerca de 2.500 alunos do 9º ano do ensino fundamental da rede municipal do Recife receberiam os equipamentos e pacotes de dados que custariam R$ 1,6 milhão à prefeitura. Na época, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu a compra emergencial dos celulares.
O professor Gauss Cordeiro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e PhD em Estatística pela Imperial College, da Inglaterra, e membro do Instituto para a Redução de Riscos e Desastes de Pernambuco (IRRD), alertou, durante entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta terça-feira (21), para o risco de "muitos alunos infectados" com o novo coronavírus em meio a pandemia, principalmente entre alunos do ensino básico. Segundo Gauss, alunos do ensino básico não possuem o mesmo nível de consciência que os estudantes de universidades e, por isso, o risco de contaminação é maior.
"Embora as crianças tenham cerca de um terço de probabilidade de contrair o vírus, comparando aos adultos, as escolas dão três vezes mais chances de serem infectados. E assim, tornando as crianças com o mesmo risco de serem infectadas que os adultos. Estima-se que um terço da transmissão da covid ocorre em escolas e escritórios", comentou.
Mesmo sem uma data específica para o retorno das aulas presenciais, o governo de Pernambuco lançou, na última quarta-feira (15), um protocolo que escolas, faculdades, universidades e cursos livres deverão seguir para retomada das aulas presenciais. Medidas como uso obrigatório de máscara por alunos, professores e funcionários e distanciamento mínimo de 1,5 metro dos estudantes em sala de aula são algumas das regras. Além disso, o protocolo orientava para a suspensão de esportes coletivos e de eventos presenciais.
Anteriormente, o sindicato dos donos de escolas particulares propôs ao governo do Estado que os extremos da educação básica retornassem primeiramente às aulas: alunos do 3º ano do ensino médio e da educação infantil. Integram esse grupo ainda os alunos dos 1º anos, porque estão no processo de alfabetização, e os dos 9º anos porque vão concluir a fase da educação básica.
“A razão da série final do médio é por conta do Enem e dos vestibulares. Para a educação infantil, há dois fortes motivos: o fato de as crianças pequenas terem mais dificuldades em desenvolver as atividades não presenciais e os pais, na grande maioria, estarão retornando aos seus locais de trabalho e terão a real necessidade de levá-las à escola”, ressaltou presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco (Sinepe), José Ricardo Diniz.
Universidades e institutos federais
A UFPE, UFRPE, IFPE e IF do Sertão já definiram seus calendários de retorno, exclusivamente no modelo remoto, com retomada em agosto. A Universidade de Pernambuco (UPE), única estadual desse grupo, vota na próxima quinta-feira (23) a proposta de um semestre extra, previsto para começar no início de setembro. Já a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) deve apreciar um cronograma no final do próximo mês.
Como essas instituições vão usar o ensino remoto não precisam esperar a divulgação, por parte do governo estadual, das datas em que as aulas presenciais serão liberas em Pernambuco. A previsão é ter esse cronograma até o final da próxima semana, garantiu o governador Paulo Câmara em entrevista à Rádio Clube nessa terça-feira (21).
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