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Familiares de adolescente morto com tiro na cabeça pedem afastamento de PM em protesto no Recife

Jhonny Lucindo Ferreira foi assassinado com um tiro na cabeça no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), na tarde do dia 5 de agosto

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Publicado em 13/08/2020 às 18:01 | Atualizado em 13/08/2020 às 18:31
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Nas mãos, cartazes com frases como "Vidas Negras Importam" e "Justiça por Jhonny" ajudavam a ecoar os gritos dos manifestantes - FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM

Inconformados com o fim brutal de Jhonny Lucindo Ferreira, adolescente de 17 anos, que foi morto com um tiro na cabeça por um policial militar, no dia 5 de agosto, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, familiares e amigos do jovem realizaram um protesto na tarde desta quinta-feira (13), na capital pernambucana. O grupo exigiu que o suspeito de ter cometido o crime fosse afastado da corporação na qual atua. 

Com o rosto do adolescente estampado em camisetas brancas, cerca de 70 pessoas se concentraram na porta da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, na Avenida Conde da Boa Vista, área Central do Recife, para pedir por justiça. Nas mãos, cartazes com frases como "Vidas Negras Importam" e "Justiça por Jhonny" ajudavam a ecoar os gritos dos manifestantes.

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O soldador Gleiciano Lucindo Ferreira, pai de Jhonny, afirmou que a família ainda busca por respostas sobre caso. “A gente ainda confia na Justiça e quer ver se o governo e a corregedoria dão alguma resposta pelo ato que aconteceu (...) Estamos querendo uma resposta deles porque o policial ainda está em serviço. Ele não é mais suspeito, ele foi o autor do crime”, desabafou.

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Os pais do rapaz foram recebidos pelos representantes do órgão e fizeram o pedido de afastamento do suspeito. Após isso, os manifestantes caminharam, debaixo de chuva, até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco. No local, amigos do adolescente simularam uma abordagem policial. Os pais de Jhonny, acompanhados de advogados, protocolaram uma solicitação de audiência com o governador Paulo Câmara, pedindo celeridade e transparência na apuração do caso.

"O adolescente não estava fazendo nada de errado. Não conseguiu nem chegar ao seu destino quando houve o fato que chocou todo mundo. A justiça tem que ser feita para que o caso não fique impune", disse a advogada da família, Isabela Lima.

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Nas mãos, cartazes com frases como "Vidas Negras Importam" e "Justiça por Jhonny" ajudavam a ecoar os gritos dos manifestantes - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Com o rosto do adolescente estampado em camisetas brancas, cerca de 70 pessoas se concentraram na porta da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, na Avenida Conde da Boa Vista - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Os manifestantes caminharam, debaixo de chuva, até o Palácio do Campo das Princesas - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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No Palácio foi protocolada uma solicitação de audiência com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, pedindo celeridade e transparência na apuração do caso - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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O adolescente de 17 anos foi morto com um tiro na cabeça por um policial militar, no dia 5 de agosto, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Inconformados com o fim brutal de Jhonny Lucindo Ferreira, familiares e amigos do jovem realizaram um protesto na tarde desta quinta-feira (13) - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Durante o ato, manifestantes exigiram o afastamento do suspeito de ter cometido o crime da corporação em que atua - DAY SANTOS/JC IMAGEM

Morte de Jhonny

Jhonny Lucindo Ferreira foi assassinado com um tiro na cabeça no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), na tarde do dia 5 de agosto. O adolescente, que havia pego carona de moto com um amigo, teria sido abordado por policiais militares enquanto voltava da oficina de seu avô, onde trabalhava como soldador. A fatalidade aconteceu na Rua Sete de Setembro.

Uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou, na ocasião, que o disparo fatal teria sido efetuado por um dos policiais.

"[Os policiais] já chegaram atirando, nem mandou eles [os jovens] pararem. Se eles queriam que eles parassem porque não atiraram no pneu da moto? Porque não atiraram na perna? Mas deu um tiro na cabeça dele."

Ainda segundo a testemunha, o garoto foi socorrido na própria viatura da polícia e levado para uma unidade de saúde próxima, mas não resistiu aos ferimentos.

O amigo de Jhonny, um estudante de 18 anos que pilotava a moto, foi conduzido para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade. Segundo o tio do rapaz, ele também estaria voltando do trabalho.

O policial apontado como autor do disparo também esteve no DHPP para prestar esclarecimentos e entregou ao delegado uma arma falsa, que, segundo ele, estaria com o adolescente e foi apreendida durante a abordagem. Moradores do local onde ocorreu o crime, afirmaram que câmeras de segurança que teriam filmado o ato foram retiradas.

Nota da Polícia Militar

Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) alegou que no dia da ação, os agentes haviam ordenado que os dois garotos parassem a moto, mas eles não obedeceram. Ainda segundo a PM, o disparo do policial aconteceu após um dos rapazes colocar a mão na cintura e "parecer estar armado". De acordo com informações da polícia, um simulacro de arma havia sido apreendido com o adolescente que foi morto. Em entrevista à TV Jornal, o amigo da vítima negou a acusação.

"A gente estava chegando ali na ponte, em frente ao mercadinho, e mandaram a gente parar, quando mandaram a gente parar eu coloquei a mão na cabeça e quando eu olhei pra trás já tinham atirado na cabeça dele e ele já tinha caído no chão. [...] Ele não tava com simulacro não, ele estava apenas com o celular dele na cintura, e eu vi", disse.

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