Uma das mudanças percebidas durante a quarentena, provocada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), foi a diminuição na quantidade de carros nas ruas. Levantamento realizado pela empresa Tembici, operadora do sistema de bicicletas compartilhadas, patrocinado pelo Itaú, apontou que 49% dos usuários que precisaram sair de casa nos últimos meses optaram pela bicicleta como principal meio de transporte. Uma boa notícia, visto que nesta terça-feira (22) será celebrado o Dia Mundial Sem Carro.
Recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso das 'magrelas' permite o distanciamento social, não polui o meio ambiente. Segundo a pesquisa, o uso de transporte tem contribuindo para manter os índices mais baixos de poluição, atingidos durante a quarentena. Isto pode ter acontecido por que o mundo começa a viver um período de construção do novo normal e fomenta possibilidades de construir cidades mais sustentáveis.
Pesquisa
De acordo com estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), se na cidade de São Paulo, que tem uma frota superior a 9 milhões de automóveis de passeio, até 43% das viagens de automóveis fossem realizadas de bicicleta, seria criado um potencial de redução de 10% das emissões de CO2, considerando um período de um a três anos. Um levantamento da Pesquisa Origem e Destino aponta que na região metropolitana de São Paulo, metade das viagens de carro são de até 5km, distância que em grande parte dos trajetos, pode ser feita pedalando.
Segundo a Tembici, foi registrado um aumento de usuários e de viagens, após início da reabertura gradual da economia em diversas cidades. Apesar de a pandemia ter proporcionado uma diminuição na emissão de CO2, devido à quantidade de pessoas em quarentena, só esse ano a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostrou que em abril a quantidade de CO2 na atmosfera era a mais alta desde 1958, quando as medições tiveram início.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem alertado que a poluição atmosférica causa um custo global de US$ 5,3 trilhões, o equivalente a 7,2% do PIB mundial. Este é o valor gasto com a perda de produtividade devido às doenças relacionadas à poluição e também aos gastos no setor de saúde e meio ambiente.
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Pernambuco e Rio de Janeiro
Somente em Pernambuco, o projeto Bike PE registrou aumento de 170% nas viagens, de maio para julho deste ano, e o número de usuários que pedalaram foi 4,5 vezes maior no mesmo período. O Bike Rio, de abril para agosto deste ano, registrou um aumento de 63% em viagens. Um estudo realizado pela empresa no início do mês, entre usuários de São Paulo e Rio de Janeiro, aponta que durante a quarentena, 49% das pessoas que precisaram sair de casa optaram pela bicicleta como meio de transporte.
O CEO e co-fundador da Tembici, Tomás Martins, lembrou que “se nenhuma medida que tenha um impacto real for tomada, a mortalidade decorrente da poluição vai deixar uma conta de US$ 25 trilhões até 2060, de acordo com o relatório da ONU. Este não é um retrato apenas do Brasil, é uma tendência mundial pela busca e manutenção do distanciamento social e por transportes verdadeiramente sustentáveis. Por isso temos o compromisso constante de refletir, observar, levantar discussões, cobrar as autoridades por mais infraestrutura e políticas públicas que garantam mais espaço para a bicicleta, além de reforçar todas as ações referentes ao respeito e segurança no trânsito, tão necessários para uma mobilidade urbana funcional”, comentou.
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