MANIFESTAÇÃO

Motoristas de transportes escolares realizarão protesto na Avenida Boa Viagem nesta quarta-feira (30)

Muitos condutores não se enquadram nas regras do Auxílio Emergencial e estão sem fonte de renda durante a pandemia

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 29/09/2020 às 16:43 | Atualizado em 29/09/2020 às 16:43
Guga Matos/JC Imagem
De acordo com o SINTESPE, a Região Metropolitana do Recife tem cerca de 1.400 condutores de transporte escolar. - FOTO: Guga Matos/JC Imagem

A União dos Transportadores Escolares de Pernambuco (UTEPE), formada pela Associação de Transporte Escolar e Fretamento de Pernambuco (ATESF-PE), Sindicato do Transporte Escolar de Pernambuco (SINTESPE) e pela Cooperativa de Transporte Escolar do Estado de Pernambuco (Cooperativa Transnortesul), realizará um protesto no Segundo Jardim da Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nesta quarta-feira (30), a partir das 4h30. A manifestação é alinhada com outros movimentos nacionais da categoria e tem a finalidade de chamar a atenção de autoridades locais e nacionais para as dificuldades que os donos de transporte escolar estão enfrentando por causa da paralisação das atividades devido à pandemia do novo coronavírus. Segundo a UTEPE, várias manifestações como esta acontecerão simultaneamente em outras cidades do país. 

Segundo Augusto Noblat, presidente do SINTESPE, com a suspensão das aulas presenciais, muitos motoristas e proprietários de transportes escolares ficaram sem renda. "A finalidade é chamar a atenção da imprensa, da sociedade e dos governantes. Infelizmente fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar. Não estamos pedindo o retorno das aulas, quem tem que determinar isso é o Ministério da Saúde. Mas muitos condutores estão sem renda nenhuma, se encontram com nome negativado, não conseguem tirar empréstimo e não temos perspectiva de retorno. O governo até liberou linha de crédito, mas [quando isso aconteceu] muitos já estavam com o nome negativado e não conseguiram mais tirar esse empréstimo. Tem condutor sobrevivendo de doações, sem renda alguma, precisando de remédio, alimentação e não tem de onde tirar", disse. 

Como muitos motoristas e proprietários de transportes escolares tem renda anual acima do mínimo permitido para receber o Auxílio Emergencial, benefício concedido pelo governo federal durante a pandemia, essa iniciativa não contempla a categoria. De acordo com o SINTESPE, a Região Metropolitana do Recife tem cerca de 1.400 condutores de transporte escolar. 

"Mês passado tivemos reunião com o Ministério da Economia e estamos nos mobilizando a nível nacional, pleiteando um auxílio emergencial para o condutor escolar porque não se enquadram no auxílio que já está sendo pago. O problema é que desde que a pandemia chegou ficamos sem recurso algum. "Estamos pleiteando também a isenção das taxas de recadastramento. Trabalhamos menos de 30 dias este ano e ano que vem vamos ter que pagar [as taxas] novamente?", acrescentou.

O protesto

A concentração dos condutores de transporte escolar acontecerá em um horário incomum para um protesto. A concentração será às 4h30 para, segundo Augusto, não atrapalhar o trânsito. A manifestação também não se deslocará e ficará no local até por volta das 11h. "É um grito de socorro que os condutores escolares estão dando. Não temos mais como suportar e não sabemos o que fazer mais. Não temos intenção de parar trânsito, criar transtorno, vamos chegar nesse horário para ter vaga de estacionamento neste horário", disse.  

Retorno das aulas 

Um decreto do governo de Pernambuco determina o retorno das aulas presenciais para as turmas do 3º ano do Ensino Médio a partir do dia 6 de outubro e, gradualmente, das outras séries. Entretanto, os professores da rede estadual decretaram greve e os da rede privada se reúnem nesta quarta-feira (30) para deliberar sobre o mesmo tema - a categoria se opõe ao retorno. Além disso, mesmo com o retorno, as aulas online serão mantidas e os alunos poderão optar por continuar assistindo aulas remotamente. 

"Nosso trabalho é fechado no começo do ano para um serviço que será prestado o ano inteiro. Como as aulas são opcionais, não vamos conseguir continuar com o contrato. A gente trabalha com serviço de transporte, não é um carro particular. O dinheiro para levar apenas um aluno, por exemplo, não paga nem o combustível, não vai ser vantagem", disse Augusto Noblat. 

Dívidas 

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o presidente do SINTESPE lembrou ainda que, no início da pandemia, a orientação do Procon para pais e responsáveis de alunos era de que os contratos e mensalidades não precisariam ser comprados já que o serviço não estaria sendo prestado. Agora, os condutores estão do lado oposto. Sem renda, não têm condições de arcar com despesas que estão sendo cobradas. 

"Estamos solicitando também que o governo federal nos ajude junto a Febraban [Federação Brasileira de Bancos], em relação ao financiamento dos veículos. Sem renda não temos como pagar. Os bancos estão querendo acrescentar juros absurdos. Nós não estamos pagando porque não queremos, mas porque a situação não está deixando. No começo da pandemia tivemos contratos cancelados pelos pais de alunos e Procon fez uma nota técnica afirmando que os contratos poderia ser quebrados. Hoje muitos estão vendo os carros entrar em busca e apreensão porque não conseguem pagar. Estamos na posição que os pais estavam e os bancos na posição que nós estávamos. Quem vai intervir?", questionou. 

 

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