EDUCAÇÃO

Após impasse judicial, Pernambuco tem nova fase de reabertura de escolas nesta terça

Devido à disputa judicial travada na semana passada, algumas escolas optaram por só retomar as aulas presenciais para o 3º ano do ensino fundamental nesta terça, quando também está liberada a volta dos estudantes do 2º ano

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Publicado em 12/10/2020 às 17:17 | Atualizado em 13/10/2020 às 11:32
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Os Colégios Fazer Crescer, Santa Maria e Madre de Deus, no Recife, e Dom, em Olinda, voltaram às aulas ainda na sexta-feira (9/10) - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Atualizada às 11h30 do dia 13 de outubro

A terça-feira é marcada pela volta às aulas presenciais para boa parte da educação privada em Pernambuco. Devido ao impasse jurídico que cercou, na semana passada, o processo que previa o retorno escalonado do ensino médio no Estado, muitas escolas da rede privada optaram por retomar as aulas do 3º ano do ensino médio nesta terça (13/10), data que já estava previsto o regresso dos estudantes dos segundos anos. A rede pública, no entanto, só volta a partir do dia 21 de outubro, após acordo entre professores e o governo de Pernambuco.

Na sexta-feira (9/10), após a liminar que proibia a reabertura das escolas particulares ter sido cassada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6), algumas escolas do Recife abriram as portas, enquanto outras decidiram esperar pela terça. Com a insegurança jurídica para a volta das aulas presenciais - criada pela batalha na Justiça entre a Procuradoria Geral do Estado (PGE), os sindicatos das escolas privadas e dos professores -, ficou para cada colégio privado decidir a data de volta dos concluintes.

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Escolas como o Equipe, Damas, GGE, Cognitivo e CBV decidiram que só retomariam as aulas nesta terça, tanto para os alunos do 2º como do 3º anos - BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

Os colégios Fazer Crescer, Santa Maria e Madre de Deus, no Recife, e Dom, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, por exemplo, voltaram a funcionar ainda na sexta. Já outras escolas, como o Equipe, Damas, GGE, Cognitivo e CBV decidiram que só retomariam as aulas nesta terça, tanto para os alunos do 2º como do 3º anos. Permanecem sem previsão de voltar ao ensino presencial os alunos da educação infantil e do ensino fundamental.

Para os alunos que estão no meio do furacão, a certeza do retorno tem sido um alívio. “Não acredito que, finalmente, conseguirei voltar ao colégio. Estou muito feliz. Não só por voltar a interagir com os professores e meus amigos, mas principalmente pelo aprendizado. As aulas remotas são boas, mas é diferente, principalmente em ano de Enem. É difícil. A aula presencial é melhor. Ainda acho”, afirmou João Paulo Silva, que cursa o 3º ano no Colégio Damas.

A expectativa é grande, também, entre donos e funcionários das escolas. “Pelo levantamento que fizemos há uma semana, teremos o retorno de 100% dos professores e coordenadores e 90% dos alunos. Por isso estamos tranquilos e confiantes. É grande a nossa expectativa e alegria com o retorno”, comemorou o professor Armando Reis, diretor do Colégio Equipe, localizado na Zona Oeste do Recife. No Colégio Damas, que funciona na Zona Norte da capital, a expectativa é para o retorno apenas do primeiro grupo do 3º ano do ensino médio. A escola dividiu as turmas do ensino médio em dois grupos para cada ano. Será adotado um rodízio semanal para as aulas presenciais. Os estudantes do 2º ano seguem o mesmo esquema e só irão retomar as aulas a partir do dia 19 de outubro.

Para muitos, no entanto, a volta às aulas presenciais será adiada mais um pouco. É o caso do aluno João Vicente Moura de Noronha, que cursa o 3º ano no CBV, que só retornará em novembro. A razão: a família avaliou que é melhor esperar mais um pouco, mesmo com a proximidade do Enem. “Esses últimos meses longe do colégio foram bem complicados. Ter que aceitar outra rotina e manter o foco nos vestibulares com tanta coisa acontecendo foram as piores partes. Então, eu estou muito feliz com a volta às aulas. Acho, inclusive, que já devia ter acontecido. Mas, mesmo assim, não vou voltar logo nos primeiros dias. Meus pais preferem ver como as coisas vão funcionar primeiro e, conforme for, me liberar. A maioria dos meus amigos vão voltar ainda essa semana. Queria estar com eles, mas entendo o lado dos meus pais”, afirmou o estudante.

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ESCOLA - ARTES JC


De um universo de 335 mil estudantes de ensino médio em Pernambuco, entre rede pública e privada, 91,7 mil são alunos do 3º ano e 108,8 mil cursam o 2º ano do ensino médio. Entre as escolas particulares, o número de estudantes autorizados a frequentar as aulas presenciais a partir de terça-feira é de cerca de 22 mil, sendo 10,5 mil concluintes do ensino médio e 11,4 mil do 2º ano.

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A liminar que proibia o retorno de aulas presenciais em escolas estaduais de Pernambuco foi suspensa na sexta-feira (9/10), pelo TJPE, mas acordo entre professores e Estado adiou a volta, inicialmente, para o dia 21/20 - BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

Os alunos do Colégio Cognitivo, localizado no bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife, foram recebidos nesta terça-feira (13) por um corredor de profissionais da educação com fitas coloridas e ao som da música "Tudo Novo de Novo", de Paulinho Moska. De um total de 255 estudantes do 2º e 3º anos, metade foi à escola, que dividiu as turmas em grupos e, assim, metade pode ir em uma semana e a outra metade em outra. Sete alunos concluintes comunicaram que continuariam no ensino remoto, e seis do 2º ano.

A vestibulanda Larissa Leça, 17, não esconde a felicidade em poder estar em sala de aula. “Deu uma alegria muito grande voltar, não esperava que fosse mais voltar. Fiquei muito triste na semana passada quando proibiram e perdi as esperanças, eu estava sentindo muita falta da escola", disse, mencionando a suspensão pela Justiça do Trabalho do retorno das aulas nas unidades privadas, na segunda-feira (5).

Ela conta que não tem pessoas do grupo de risco na família e que trouxe um pote de álcool em gel para proteger-se do vírus. O mais difícil, no entanto, é não poder abraçar os colegas. "Sou uma pessoa de muito contato, gosto muito de abraçar. Ai bateu uma tristeza não poder abraçar meus amigos e ao mesmo tempo uma alegria por poder reencontrá-los", afirmou.

A dificuldade é a mesma para Gabriel França, 16, do 2º ano. “Deu vontade de abraçar os amigos”, expôs. O aluno diz que o ensino no computador é mais desafiador e queria vir para a escola. “Foi um misto de felicidade, alívio e renovação. Foi a primeira vez que eu entrei na rua da escola desde que começou a pandemia. Vim para a escola na última sexta-feira antes de fechar e achei que na segunda-feira seguinte eu já estaria de volta, e passei todo esse tempo sem vir."

No Colégio Equipe, na Madalena, Zona Oeste do Recife, cerca de 90% dos 88 estudantes de 3º ano optaram pelo ensino presencial, segundo a coordenação. O sentimento entre os alunos presentes era de alegria pelo retorno. “Foi um misto de emoções. A gente perdeu a última quadrilha junina, os últimos jogos internos, e eu estava com muita vontade de voltar", diz Juliana Dias, 17.

A fera de Direito explica que precisava voltar por questões de saúde mental, já que, segundo ela, "estava complicado manter o ritmo de estudos no ensino online". A aluna conta que sua família se sente segura com o retorno, desde que haja o cumprimento do protocolo.

Já para os 79 alunos do 2º ano, a divisão foi feita por semana, com cada uma das três turmas indo em uma diferente. A aluna Bruna Fox, 16, esteve no colégio nesta terça-feira e afirmou que o “ambiente da escola é melhor para estudar”. “Estava meio nervosa em relação às medidas de segurança, mas está tudo funcionando bem, estou feliz em ter voltado mesmo que não seja do mesmo jeito de antes. Faz muita falta o ensino presencial, o online funciona, mas é mais difícil focar em uma tela por muitas horas, e estar em casa me deixava mais dispersa”, disse.

REDE ESTADUAL

A liminar que proibia o retorno de aulas presenciais em escolas estaduais de Pernambuco foi suspensa na sexta-feira (9/10) pelo desembargador José Ivo de Paula Guimarães, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Ele acatou o pedido apresentado pela PGE. Com isso, qualquer impedimento jurídico para volta das atividades nas unidades de ensino da rede estadual foi derrubado. A ação foi movida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe).

No despacho, o desembargador deu duas opções para o retorno. Primeiro, que as aulas poderiam voltar num prazo de até três dias, contados a partir de 13 de outubro. Oue seja, os professores teriam que retomar o ensino presencial até a próxima quinta-feira, dia 15. Como nesta data se comemora o Dia do Professor, quando escolas estarão fechadas, o retorno se daria até a sexta-feira, dia 16.

A segunda alternativa colocada pelo desembargador, foi de que, em comum entendimento, o governo estadual e o Sintepe estipulem uma data de reabertura das escolas e informem à Justiça. Na negociação realizada na última quinta-feira (08) com o Sintepe, o governo propôs manter os colégios sem aula até 20 de outubro, com retorno das aulas no dia seguinte, em 21 de outubro. A proposição foi aprovada neste mesmo dia, à tarde, pela maioria da categoria, durante assembleia virtual.

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Permanecem sem previsão de voltar ao ensino presencial os alunos da educação infantil e do ensino fundamental - BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

O Sintepe, entretanto, não deu certeza de que a data seria cumprida porque precisa submetê-la à categoria. Uma nova assembleia dos docentes está agendada para 19 de outubro. Mas, caso a decisão final da assembleia for pelo não retorno, haverá o descumprimento de uma decisão judicial e o sindicato poderá ser responsabilizado pela Justiça.

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