PESQUISA E APRENDIZAGEM

Um laboratório no Porto do Recife

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 18/11/2020 às 2:00
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O Porto do Recife será, pelos próximos cinco anos, o endereço de uma embarcação dedicada ao ensino e à aprendizagem de estudantes e da população em geral. O Ciências do Mar IV é equipado com instrumentos científicos, de segurança e navegação, fruto de uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), e poderá ser utilizado por estudantes de universidades do Nordeste que possuem cursos na área de ciências do mar. A ideia também é que o navio seja aberto ao público, para disseminar conhecimentos.

Com 32 metros de comprimento e calado de 2,7 metros, o navio tem capacidade para 8 tripulantes e 18 passageiros, além de autonomia para 10 dias de navegação. Na área externa, existe um guincho para coleta de materiais. A embarcação ainda conta com um laboratório úmido, outro seco, um laboratório hidroacústico, 10 camarotes para alojamento de estudantes e professores e uma sala de comando. O navio possui equipamentos para medir a profundidade e corrente marítima, além de um sonar acústico. Entre estrutura e equipamentos, são R$ 25 milhões em materiais.

Professor do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alex Costa destaca que estudantes de vários cursos serão beneficiados. "Não apenas os que estudam o mar, mas outros cursos como química, biologia e engenharias naval e mecânica também farão uso da embarcação. É muito importante para a formação."

Antes, para que os alunos pudessem ir a campo era necessário tentar vagas junto à Marinha ou em embarcações estrangeiras. "O impacto é uma mudança paradigmática do ponto de vista das condições de ensino e aprendizagem dos cursos de ciências do mar. Temos um equipamento permanentemente a serviço das universidades. Antes dependíamos de parcerias com barcos de outros países, mas agora temos uma embarcação de alta qualidade para dar continuidade aos projetos", comemorou Alfredo Gomes, reitor da UFPE.

CAPACITAÇÃO

O Laboratório de Ensino Flutuante faz parte de um projeto de capacitação de pesquisadores em alto-mar, fomentado pelo MEC, com recursos liberados em 2014. Este é o quarto navio entregue desde 2017. As demais embarcações estão ancoradas no Rio Grande do Sul (para atender todo o Sul do País), Maranhão (para a região Norte) e Rio de Janeiro (para todo o Sudeste).

Vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo explica que o objetivo é abrir a embarcação para visitação. "Nossa ideia é que se possa desenvolver aqui atividades de extensão, que é um dos pilares da universidade pública. Queremos trazer escolas e a população, para que possamos incentivar os marinheiros do futuro, com consciência de preservação ambiental." Os próximos passos são terminar de equipar o navio e iniciar as aulas práticas. Devido à pandemia, as atividades devem ficar para o próximo ano.

Um acordo de cooperação de cinco anos foi firmado entre a UFPE e o Porto do Recife. Enquanto utiliza as instalações, a embarcação também auxilia na elaboração de projetos ambientais e estruturais do terminal. "Quando se começa a fazer pesquisas e estudos, o resultado interessa e serve para a atividade portuária. Isso pode ter resultado muito maior do que se imagina", aposta Carlos Vilar, presidente do porto. Segundo ele, o primeiro projeto de monitoramento ambiental já está sendo viabilizado entre UFPE e o ancoradouro para ser realizado durante as obras de dragagem, que estão em fase final de aprovação.

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