Em entrevista à Rádio Jornal nesta manhã, Fernando Bandeira, presidente do grupo de Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), afirmou que acredita na negociação entre empresários e rodoviários nesta segunda-feira (23), e que não vê motivos para o início de uma greve.
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"Eu sempre acredito na negociação. Sempre temos que sentar e resolver as questões conversando. Não vejo momento algum para o sindicato dos rodoviários estar querendo fazer uma greve. O que a justiça está mandando fazer estamos fazendo", disse.
Uma greve de rodoviários está prevista para começar a partir da 0h da terça-feira (24), aprovada por unanimidade, em duas votações distintas, em assembleia da categoria realizada na semana passada. No entanto, uma audiência de conciliação entre rodoviários e empresários, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT), tentará evitar esta paralisação. A audiência, provocada pelo Sindicato da Urbana-PE, será remota e começará às 15h.
A principal exigência dos rodoviários é o cumprimento da Lei Municipal do Recife 18.761/2020, que proíbe motoristas de acumularem a função de cobrador nos ônibus da capital pernambucana, aprovada e sancionada pelo prefeito Geraldo Júlio no dia 31 de outubro. A categoria pede a oficialização para que não aconteçam, segundo eles, mais descumprimentos de promessas. A lei prevê um período de 30 dias, a contar da sanção, para adaptação das empresas de ônibus
Sobre este ponto, Bandeira garantiu que, a partir do momento que a nova legislação entrar em vigor, algumas medidas serão tomadas. "A lei da dupla função não diz que o ônibus tem que ter cobrador, diz que é proibido o motorista cobrar. Vamos procurar fazer integrações nas paradas para que as pessoas sejam atendidas, mas a lei nem entrou em vigor ainda, como vai ser cumprida?", questiona.
Além disso, os rodoviários fazem outras exigências - como estabilidade de emprego por um ano, a recolocação dos cobradores demitidos e a suspensão das demissões, que segundo os rodoviários segue acontecendo, mesmo com as ajudas do governo federal.
Segundo Fernando Bandeira, o setor de transportes vive a maior crise da história, contando ainda com apenas 70% dos passageiros, o que torna complicado atender aos pedidos dos rodoviários.
“Até hoje não estamos com passageiros que tivemos em março, ainda estamos com 70%. Não temos como atender a muitas das reivindicações dos rodoviários devido à pandemia. É o caso de aumento salarial de 29%, do tíquete de 79% e pagamento de 70% do plano de saúde. É preciso lembrar que estamos no meio de uma pandemia e o setor de transporte foi o que, junto com o setor turístico, teve as maiores perdas. O mesmo vale para a readmissão de cobradores, que só será discutido na Justiça”, afirmou.
A proposta dos empresários, de acordo com Fernando, é conversar novamente com a categoria em julho de 2021. "Qual é nossa proposta? Conversar em julho de 21. Todo mundo no brasil fez isso, faço apelo ao sindicato dos rodoviários. O que eles estão pedindo é complicado. [...] Não temos condições de aumento", finalizou.
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