Polícia conclui investigação sobre morte de manicure jogada no Rio Tejipió, no Recife
A instituição ainda aguarda o laudo do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML) para saber se a mulher foi jogada no rio com ou sem vida
O inquérito que investigava o assassinato da manicure Dione Gomes da Silva, de 40 anos, esfaqueada e jogada no Rio Tejipió, no Recife, foi concluído pela Polícia Civil e remetido à Justiça nesta segunda-feira (18). A instituição ainda aguarda o laudo do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML) para saber se a mulher foi jogada no rio com ou sem vida, mas a certidão de óbito indica que a morte foi em consequência das facadas..
Maurício Alves Andrade, namorado de Dione e suspeito de ter praticado o crime, teve a prisão preventiva decretada no dia 6 de janeiro. Ele foi indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver. Agora, o Ministério Público vai decidir se denuncia o suspeito ou se pede novas diligências.
A investigação da Polícia Civil entendeu ainda que o homem que dirigia o veículo, quando Maurício Alves teria a jogado no rio, só estava prestando socorro porque achava que ela tinha sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Segundo familiares e amigos de Dione, ela foi vista pela última vez às 22h do dia 2 de janeiro, quando saiu da casa onde morava, no bairro de Monte Verde, em Jaboatão dos Guararapes, em direção à casa do namorado. A informação recebida por eles foi de que o namorado da mulher teria ligado para um parente pedindo para socorrer Dione, que estaria ensanguentada. Ao chegar na Ponte Motocolombó, que liga Imbiribeira, na Zona Sul e Afogados, na Zona Oeste da cidade, ele teria solicitado a parada do carro e em seguida teria jogado a vítima no rio.
"Ele chegou aqui, bateu na janela e disse que a esposa estava passando mal. Eu imediatamente acordei, peguei o carro, coloquei na beira do portão. Ela estava deitada, com as costas pro chão, um pano branco coberto. Porque ele disse que ela teve um derrame, caiu, bateu a cabeça e ficou sangrando. Aí eu pensei que estava desmaiada", explicou um parente do suspeito, que não terá a identidade revelada.
Ainda segundo o homem, após colocarem Dione no carro, o suspeito foi até a casa e pegou um balde com alguns lençóis sujos de sangue, e então os dois saíram em direção à Policlínica de Afogados. "Quando chegou ali na ponte ele falou 'para o carro aí, pô', eu questionei o porquê e ele disse que era para jogar os panos com sangue. Aí eu parei, mas com medo dele estar com alguma arma ali, alguma coisa. Ele realmente jogou o balde, mas depois abriu a porta de trás do carro e pediu ajuda para pegar ela", conta a testemunha. "Eu falei que o hospital estava bem pertinho, falei 'vamos levar para o hospital, por favor', aí ele mesmo pegou ela e jogou dentro da maré. Eu fiquei totalmente paralisado", revelou a testemunha, bastante abalada, em entrevista à Rádio Jornal.
A perícia apontou que Dione sofreu quatro perfurações de faca, no entanto, de acordo com o inquérito, o objeto não foi localizado.
Relacionamento marcado por ciúmes
Segundo a filha da vítima, que também não terá o nome divulgado, a mãe tinha um relacionamento com o suspeito há apenas nove meses, marcado por ciúmes. "Ele não deixava ela fazer nada. Até um riso que ela desse incomodava ele, chegou ao ponto até de ela terminar com ele, mas como ela tinha o coração mole, ela voltou com ele", contou a filha.
Agora, o que restam são as lembranças dos planos que mãe e filha fizeram para 2021. "Me lembro que a última vez que a gente conversou, ela estava lá em casa deitada na minha cama, e disse que ia construir uma casa atrás da minha para que a gente pudesse viver mais perto uma da outra", contou a filha da vítima.
Confira fotos da busca pelo corpo da manicure:
Enterro sob forte comoção
O corpo da manicure foi sepultado às 14h do dia 6 de janeiro, no Cemitério de Camaragibe, no Grande Recife. Bastante emocionados, os amigos e familiares de Dione se reuniram no local para dar o último adeus à manicure.
Previsto para ter início às 14h, o sepultamento só aconteceu cerca de 2h depois. O atraso foi causado pela demora para que o corpo fosse liberado do Instituto de Medicina Legal (IML), onde as impressões digitais da manicure foram reconhecidas. Por estar em avançado estado de decomposição, o corpo de Dione só foi velado de caixão fechado por apenas 20 minutos antes de ser enterrado.
As filhas de Dione, a mãe, o padrasto da manicure compareceram ao enterro. Muito abalada, a irmã da manicure chegou a passar mal durante o velório. Ela relatou as dificuldades que a família vem passando desde o desaparecimento da vítima. "Está sendo difícil para toda família. Eu estou dopada desde o dia que recebi a notícia. Deus tem me sustentado, porque ela não merecia ser tratada brutalmente. Ele é um monstro. Ele estragou a nossa vida mas também estragou a vida dele. Eu quero justiça", afirmou.
Veja fotos do velório da manicure: