CULTURA

Dez patrimônios do Carnaval de Pernambuco que vão te fazer sentir saudade da folia em 2021

O JC preparou uma lista do que há de melhor na folia de momo de Pernambuco, da capital ao interior

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JC

Publicado em 13/02/2021 às 7:00
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O Homem da Meia Noite já teria tido seu apogeu. Na manhã deste sábado (13), seria a hora de separar as fantasias, as serpentinas e escolher o sapato mais confortável para o Galo da Madrugada. A folia só acabaria com a solidão da Quarta-feira de cinzas, que leva embora o período mais esperado pelos pernambucanos. Em 2021, entretanto, com a pandemia da covid-19 trazendo risco às vidas ao redor de todo o mundo, as festas foram suspensas e vão ter que esperar pelo momento mais seguro.

Mas o Carnaval está no sangue de Pernambuco. Não importa se você prefere shows privados, as ladeiras de Olinda ou assistir tudo através da telinha, no sofá de casa. Os majestosos blocos, cores e a música característica do período encantam os corações. Para matar a saudade das multidões, o JC preparou uma lista do que há de melhor na folia de momo de Pernambuco, da capital ao interior. Confira:

O Frevo

Parafraseando Lourenço da Fonseca Barbosa, o mestre Capiba, Pernambuco tem uma maravilha que nenhuma outra terra tem. É frevo, meu bem. É frevo, meu bem. Oficialmente, ele veio ao mundo em 9 de fevereiro de 1907, mas já era dançado bem antes dessa data. Sim, dançado, porque a música e a dança nasceram juntas, mas gêmeos bivitelinos. A gestação começou nas primeiras décadas do século 19. O padre Lopes Gama, árbitro dos costumes pernambucanos, não se cansava de recriminar uma nova dança surgida em meados dos anos 30 do século 19, o galope: “Em certa cidade do nosso Brasil, o galope já passa a furor. Em qualquer companhia, em guinchando a rabequinha, e ferindo o tom, já ninguém se pode ter: toca tudo a galopar, moças, velhas, rapazes e velhos, tudo entra a dar coices que, parece, vem as casas abaixo, cada um trava de seu par, e a salas, o corredor, os quartos, tudo é pequeno âmbito para o santo galope. Dizem-me já ter acontecido (valha a verdade), que um desses pares galopadores, começando na sala, foi calcorreando, espinoteando pelo corredor, e daí eclipsarão-se ambos (ele e ela), pelas escadas abaixo e ninguém mais lhes pôs o olho". Leia mais sobre o frevo.

O folião

Por Valentine Herold

Mesmo longe do centro da folia, a vontade de se entregar ao passo e de se preparar para o Carnaval é a mesma entre os alunos das aulas abertas dos Guerreiros do Passo, que se encontram todas as quartas e os sábados das semanas que antecedem os dias de Momo. O grupo, idealizado em 2005 pelo passista Eduardo Araújo, dá continuidade ao legado de Mestre Nascimento do Passo, de quem ele e alguns outros professores foram alunos, seguindo sua metodologia e filosofia de ensino. Tesoura, pontilhado, ponta de pé e calcanhar, chutando de frente, metrô, trocadilho.... Os passos se sucedem e os passistas seguem o ritmo da música. Leia mais sobre o folião.

O Galo da Madrugada

Por Ciara Carvalho

Esqueça a lógica matemática. Se cabem, ou não, 1, 2 ou 3 milhões de pessoas naquelas ruas estreitas. O Galo da Madrugada é grande de dentro para fora. Pelo que se conta, mas, sobretudo, pelo que é intangível. Tudo nele é superlativo. De dimensões irreversíveis. É como se, diante do espelho, aquela massa, explodindo de calor, refletisse a síntese da natureza gigante que é ser pernambucano. É coisa nossa ter o maior bloco de Carnaval de rua do mundo, com atestado e de papel passado. O Galo somos nós, mascarados ou não. É o folião, sozinho, fantasiado de sonho. É a multidão, mergulhada no devaneio coletivo de Momo. Nem precisa gostar de Carnaval para estufar o peito de orgulho ao ver o bloco, majestoso, rasgando a Avenida Guararapes sob o sol escaldante do meio-dia. Quem vai jura: a emoção é indescritível. “Tem que vir e sentir.” Para quem assiste, é de tirar o fôlego. No chão, no camarote, nas redes sociais, na tela da TV ou só de ouvir falar. É impossível ficar indiferente a essa imensidão chamada Galo da Madrugada. Leia mais sobre o Galo da Madrugada.

O Homem da Meia Noite

Por Cleide Alves

Não é toda criatura do sexo masculino que tem a proeza de chegar aos 88 anos de idade arrancando suspiros da mulherada. E antes que vocês me acusem de preconceito, ou de estar puxando a brasa para minha sardinha, vou logo revelar a identidade do sujeito: O Homem da Meia Noite. Sim, ele mesmo, o famoso calunga do Carnaval de Olinda. Quem já viu um desfile do gigante sabe exatamente do que estou falando. Elegante em seus quase quatro metros de altura, ele tem um encantamento que nenhum outro tem. Leia mais sobre o Homem da Meia Noite.

Cidade Alta de Olinda

Por Cleide Alves

Por seis ou sete meses, a Cidade Alta de Olinda é um pacato vilarejo colonial com 6.583 habitantes abrigados em 2.405 domicílios e entrecortado por 16 igrejas antigas. A vida mansa, perfumada pelo cheiro de jasmim e regulada pelo repique dos sinos, começa a se transformar em setembro. Não em um dia qualquer, mas precisamente no dia 7. Em Olinda, 7 de setembro não simboliza apenas o feriado nacional pela Independência do Brasil, nem a chegada do verão, que aliás chegou com fé. É a abertura da temporada das prévias carnavalescas. E aí, por cinco ou seis meses, para o bem e para o mal, o Sítio Histórico de Olinda não é o mesmo. Nem adianta dizer que o Carnaval tem data e é só em fevereiro ou março. “Tudo muda a partir de setembro”, afirma a fotógrafa, fundadora da empresa Proa Cultural e morada do Bonfim, Maria Chaves, 41 anos. Leia mais sobre as ladeiras de Olinda, a quinta maravilha

O Recife Antigo

Por Amanda Rainheri

Se é verdade que o mundo começou no Recife, como disse o pintor Cícero Dias, é da paisagem mais charmosa da capital pernambucana que vêm todas as coisas. Oficialmente, ele se chama Bairro do Recife, mas recifense que é recifense só chama Recife Antigo. Se tiver mais intimidade, aí basta Antigo mesmo. Em forma de ilha, o bairro é, sem dúvida alguma, um mundo à parte. As ruas de paralelepípedo e pedras portuguesas, ladeadas pelo casario colorido de arquitetura europeia não deixam mentir. O Antigo respira a história da cidade, mas também é polo tecnológico e oferece algumas das melhores opções de lazer e cultura do Recife. Achou pouco? O bairro, parada obrigatória para qualquer turista, ainda é a estrela do Carnaval recifense. Leia mais sobre o Recife Antigo.

O Caboclo de lança

Por Adriana Guarda

Ele se veste para a guerra. Pesado surrão nas costas, cabeleira de tiras reluzentes, gola de lantejoulas coloridas e uma lança com mais de dois metros de comprimento. Há três décadas, o caboclo de lança foi alçado a uma das figuras de maior destaque do Carnaval de Pernambuco. Mergulhado em simbologias, o guerreiro do maracatu de baque solto desperta fascínio e medo. Quem é esse ser cheio de força, mas que também tem a habilidade de enfeitiçar as pessoas? No meio da folia, eles atraem e afugentam. Há quem suba a calçada quando eles passam com seus ruidosos chocalhos e quem peça para fazer selfie com eles. Nas peças de turismo e do período momesco do Estado é improvável não ver o caboclo de lança. Hoje são 106 em atividade em Pernambuco, com destaque para a cidade de Nazaré da Mata, considerada a Terra do Maracatu com 22 grupos. Leia mais sobre o cabocolo de lança.

Papangus de Bezerros

Por Leonardo Vasconcelos

Carnaval de Bezerros, papangu. A associação é quase instantânea tamanha a identificação entre a folia da cidade, no Agreste, a 107 quilômetros do Recife, e o seu famoso personagem mascarado. Não há como pensar em um, sem imaginar o outro. Para a alegria de ambos e dos milhares de foliões que vão até lá se divertir no Carnaval que é considerado o terceiro mais procurado de Pernambuco. Leia mais sobre os papangus de Bezerros.

Os caretas de Triunfo

Por Leonardo Vasconcelos

Não se deixe enganar pelos traços mal-humorados das máscaras. Os caretas são os responsáveis pela alegria do carnaval de Triunfo, no Sertão do Estado, a 400 quilômetros do Recife. Os personagens existem há mais de um século e são o símbolo da folia da cidade. Abusando da irreverência e sátira, eles tomam conta das ladeiras do município estalando o relho, uma espécie de chicote. As referências à figura do careta podem ser vistas em vários pontos da cidade. Inclusive, no ponto mais alto dela, o Pico do Papagaio a quase 1.300 metros, onde se encontra uma escultura em homenagem ao mascarado. Leia mais sobre os caretas de Triunfo.

Os caiporas de Pesqueira

Por Leonardo Vasconcelos

Pesqueira é conhecida quando o assunto é Carnaval. Muito da fama da cidade que fica no Agreste, a 214 quilômetros do Recife, deve-se ao tradicional Bloco Lira da Tarde, considerado o maior do interior de Pernambuco. O também chamado de Galo da Madrugada do Agreste completa este ano 80 anos de folia. Aniversário à parte, os parabéns também vão para os pequenos seres igualmente responsáveis pela grandeza da folia do município: os caiporas. Eles foram considerados em 2017 Patrimônio Imaterial de Pernambuco pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC). Leia mais sobre os caiporas de Pesqueira.

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