Após terem casas alagadas, moradores de bairro de Camaragibe denunciam falta de assistência da prefeitura

Com informações de Leonardo Vasconcelos, da TV Jornal

Um dia após fortes chuvas que bateram o índice pluviométrico de 89 milímetros caírem em Camaragibe, no Grande Recife, e causarem alagamentos em casas da vizinhança, os estragos ainda são vistos por todas as partes do bairro Alberto Maia. Nesta terça-feira (16), a lama ainda está impregnada nos cômodos das residências. Os moradores contabilizam o prejuízo e denunciam falta de assistência por parte da prefeitura da cidade, que afirma estar realizando uma série de medidas para amenizar os danos.

É o caso da dona de casa Cristina Carneiro, que diz ter recebido ajuda de amigos e familiares, mas que não chegaram mantimentos da Prefeitura de Camaragibe. "A prefeitura mandou ontem a Defesa Civil para vir aqui; ela tomou nota e foi embora. As doações que chegaram não foram da prefeitura, ninguém me procurou ou procurou os vizinhos. O Ministério Público também não nos procurou", disse.

A lama cobriu metade da sua casa e quase todos os móveis foram perdidos. "Ainda não arrumei. Ontem só achei a chave às 16h, quando abri a casa, vi que praticamente perdi tudo; minha feira, material de trabalho, móveis. Até a cacimba que a gente guarda água potável perdemos. Está cheia de lama, até em cima", disse.

Giucélia Ferreira relata ter visto a Defesa Civil na área, mas afirma que ninguém foi até sua casa. "Vi um carro estacionado, mas ninguém da prefeitura, nem da Defesa Civil, nem um vereador, sequer, apareceram para perguntar se eu precisava de um balde ou de uma vassoura, imagine de uma assistência. Ninguém se preocupou se meus pais tinham assistência médica, ou de qualquer outro tipo de ajuda. A gente tem condições de ter um médico, mas será que todas essas famílias têm?", questiona.

Por causa dos estragos, os pais idosos de Giucélia precisaram sair da casa onde moravam. "Meu irmão teve que tirar meus pais daqui, porque a casa deles não tem mais condições de moradia. É muito desgosto, tudo o que eles tinham molhou: sofá, cama, colchão, geladeira, fogão. Eles já têm 80 e 82 anos, é muita tristeza para eles ficarem vendo", contou. "Eu acho que em um momento desse tinha que vir um representante de casa em casa, porque do jeito que estou sofrendo, meus vizinhos também estão. Não é só dar assistência a uma casa e nem se preocupar se a gente precisa de alguma coisa."

Já a dona de casa Rosiana Severina relata ter recebido ajuda da gestão municipal na manhã desta terça. "Graças a Deus vieram, estão fazendo a parte deles; demoraram, mas chegaram. A gente teve que fazer protesto, um monte de coisa, para acontecer isso. É obrigação deles fazer. Faço um apelo porque perdi fogão, cama, prato, copo. Quem puder me ajudar, estou precisando muito", pediu.

A secretária de Infraestrutura e Serviços Públicos de Camaragibe, Érica Luna, alega que os alagamentos foram causados pela junção de três fatores: chuva forte, acúmulo de lixo nos canais e erosão. Nesta manhã, a prefeitura realiza a limpeza do trecho, para que a água escoe em maior vazão.

"Temos homens tentando conduzir a água até lá, tentando desobstruir as caixas de drenagens que recebem a água, temos um carro pipa com gente da prefeitura ajudando na limpeza dessas casas, trouxemos alimentação, roupa de cama, colchões, cesta básica, para fazer com que a população neste primeiro momento seja acolhida. Temos equipes distribuídas e começamos, dentro de uma região, pelo mais grave. A partir do momento que resolvermos aqui, iremos atuar em outros lugares", garante.

Esclarecimentos

Por nota, a Prefeitura de Camaragibe afirma que visitou os moradores da localidade afetada no bairro de Alberto Maia e viabilizou atendimentos para 25 famílias. Dentre as ações, foram realizados cadastros sociais de todos os afetados; além de cadastro material com os utensílios que os moradores perderam, orientação jurídica, cadastramento para inserção em programas sociais, entrega de refeições prontas e de colchão e lençol. Nesta terça, a gestão promete entregar cestas básicas.

Além do serviço de capinação e de limpeza da área alagada, e o escoamento da água acumulada, equipes da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos ajudam moradores na retirada de móveis e na limpeza das casas.

Em caso de emergência, a prefeitura pede que os munícipes acionem a Defesa Civil no telefone 2129-9564. O número também funciona como WhatsApp e está disponível das 7h as 19h. Caso seja necessário atendimento após esse horário, está disponível o canal *199.